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Exportações da América Latina crescem pela primeira vez em quatro anos

O aumento dos preços das matérias-primas impulsiona a ampliação das vendas ao exterior na região

Pablo Linde
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As exportações da América Latina e do Caribe subiram depois de quatro anos consecutivos de queda. Cresceram 17% no primeiro trimestre de 2017 graças principalmente ao aumento dos preços das matérias-primas, que são o motor das vendas na região. Os resultados foram apontados por um estudo recém-divulgado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), com dados detalhados de 25 países.

Os números, embora positivos, devem ser tomados com cautela e recomenda-se observar a evolução do mercado para comprovar se é uma tendência estável ou conjuntural. Apesar da melhora, o valor exportado é 10% inferior ao máximo relativo de 2014. “Acreditamos que no final do ano haverá crescimento, mas será preciso ver se teremos um crescimento forte de dois dígitos ou algo mais modesto, de apenas um”, explica Paolo Giordano, coordenador do estudo.

Por trás do crescimento das exportações está a melhora do desempenho da economia internacional, que empurrou os preços para cima depois de terem atingido o mínimo em 2016. Se observarmos o volume das exportações, elas cresceram apenas 2,2% (em comparação com 17% em relação ao valor). “O aumento do volume das exportações está muito concentrado no México e no Peru. Neste último país, se deve à abertura de uma nova mina, daí a questão se é pontual ou se conseguirá ser mantido. No México é possível — embora não existam dados para apoiar essa hipótese — que diante das dúvidas relativas à política externa da administração Trump tenha havido uma exportação massiva de estoques. Portanto, é preciso verificar também se isso é conjuntural”, reflete Giordano que, no entanto, não é pessimista sobre o futuro comercial entre os Estados Unidos e seus vizinhos. “A palavra é incerteza, mas não parece tão preocupante quanto poderia se supor”, relativiza.

Apesar da melhora, o valor exportado é 10% inferior ao máximo relativo de 2014

O petróleo foi o principal responsável por esse aumento das exportações. Seu preço, que terminou 2016 com uma taxa anual negativa de 16%, atingiu no primeiro trimestre de 2017 um nível médio 62% superior. O estudo também aponta que a ampliação do crédito habitacional na China contribuiu para estimular os mercados de ferro e cobre, que experimentaram uma forte recuperação entre o fim de 2016 e início de 2017, com aumentos de 77% e 25%, respectivamente. Em relação aos alimentos também houve aumentos: 9% no caso do café, 16% da soja, 33% do açúcar (sempre medindo os primeiros meses de 2017 em termos interanuais).

O que não se constata no estudo é o aumento das exportações de outro tipo de bens. Giordano, que também é economista-chefe do setor de Integração e Comércio do BID, adverte que a região não poderá continuar baseando seu crescimento em matérias-primas: “A diversificação é um objetivo central. Os formuladores de políticas na América Latina têm isso claro. Mas acredito que seja preciso alertar para que esse novo crescimento não distraia a atenção em relação a essa meta, que é o que aconteceu na última década; como tudo corria bem, parecia que não era preciso se preocupar com outros setores”.

Por países, o que mais cresceu foi a Venezuela, com 75% (principalmente devido ao preço do petróleo), seguida por Peru (39%), Equador (34%), Colômbia (31%) e Brasil (24%). A sub-região mesoamericana (México e América Central) e o Caribe apresentaram aumentos de 11% e 12%, respectivamente.

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