Ataque afeta quase cem países, de Renault na França a bancos russos
Segundo a Europol, o ataque cibernético tem um nível de alcance inédito
O ciberataque global de ransomware, um tipo de programa malicioso que codifica os arquivos de computador, tornando-os reféns para pedir resgate financeiro, já atinge quase uma centena de países, 99, segundo a empresa de segurança computacional Avast. O vírus infectou desde os equipamentos de 16 hospitais e centros de saúde no Reino Unido, sites de tribunais no Brasil, até os da Renault, que foi obrigada a interromper a produção de várias fábricas na França. Também afetou máquinas do Ministério do Interior na Rússia. O serviço europeu de polícia Europol declarou neste sábado que o ataque cibernético tem “nível inédito”. Os especialistas apontam centenas de milhares de ocorrências. Estas são algumas das que foram divulgadas:
Brasil: Tribunais de Justiça e Ministérios
Os portais de internet de várias instituições brasileiras foram desconectados nesta sexta-feira como medida de prevenção ao ciberataque. “Não temos informações de que a segurança de nossa rede tenha sido comprometida”, informou a assessoria do Ministério Público. Mas, alguns Tribunais de Justiça e o Ministério do Trabalho e do Planejamento confirmaram que alguns de seus equipamentos foram afetados. O Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) precisou desligar seus servidores após o ataque e suspendeu o atendimento ao público na tarde da sexta-feira, segundo o jornal O Globo. A empresa de telecomunicações Vivo, do grupo da Telefônica anunciou ter ativado o protocolo de segurança, mesmo não tendo sido atingida. Algumas empresas, como Petrobras, também trabalharam uma política de prevenção para evitar danos do ciberataque.
França: Renault suspende produção em várias fábricas
O fabricante francês de automóveis Renault suspendeu a produção em várias unidades fabris na França devido à onda de ciberataques, informou neste sábado a direção da empresa. A suspensão da produção “integra as medidas de proteção adotadas para evitar a propagação do vírus”, afirmou à agência de notícias France Presse um porta-voz, que não especificou quais foram as fábricas afetadas, tendo somente declarado que entre elas está a de Sandouville, no Noroeste do país. O grupo Renault é a primeira grande empresa ou instituição na França a admitir ter sofrido essas invasões em seus sistemas de computação.
Espanha: Telefonica, a empresa mais afetada
Uma dezena de grandes empresas espanholas de serviços sofreram o ciberataque. A companhia mais atingida foi a Telefonica, com a infecção de várias centenas de computadores de sua sede central, no Distrito C de Madri. O Governo admitiu nesta sexta-feira o ataque e entrou em contato com as empresas afetadas para analisar seu impacto. O Executivo informou que a Espanha não está entre os países mais afetados pelo vírus. Tanto as empresas quanto a Administração emitiram uma mensagem tranquilizadora assegurando que o vírus afetou somente equipamentos corporativos, não atingindo os serviços de telecomunicações, bancários, de energia e seguros dos milhões de clientes das empresas atacadas. O responsável por Big Data e Inovação da Telefonica, Chema Alonso, publicou em seu blog que os equipamentos infectados “estão controlados e sendo restaurados”.
O mesmo vírus teria afetado os equipamentos dos funcionários de outras empresas, como KPMG, BBVA, Santander, Iberdrola e Vodafone, segundo informações em várias contas de Twitter de usuários que afirmam trabalhar nessas companhias. Alguns declararam inclusive ter recebido pedidos de resgate em bitcoins de seus dados. Apesar disso, nenhuma dessas empresas admitiu ter sido atacada.
Estados Unidos: Fedex
A gigante de logística norte-americana Fedex admitiu estar sofrendo “interferências” em alguns de seus equipamentos que usam o sistema operacional Windows devido a “um malware”. Um usuário da rede social Reddit que se identificou como funcionário da companhia escreveu: “Todos os sistemas foram afetados no servidor principal de Memphis, pararam várias esteiras transportadoras importantes que usamos para movimentar a carga entre os centros pequenos e os aviões, e nesta manhã precisaremos ir para o trabalho quatro horas mais cedo para processar as remessas que se atrasaram... ui.”
As autoridades norte-americanas aconselharam as pessoas, empresas e organizações afetadas a não pagar aos piratas cibernéticos, que demandam um resgate para desbloquear os computadores infectados. “Recebemos diversos informes de contaminação pelo vírus ransomware”, declarou em comunicado o departamento norte-americano de Segurança Interna. “Pessoas e organizações são alertadas a não pagar o resgate, porque isso não garante que seja restaurado o acesso aos dados.”.
Rússia: Ministério do Interior e entidades financeiras
Segundo a empresa de segurança de informática Kaspersky, a Rússia foi o país mais afetado pelos ataques. O Ministério do Interior admitiu nesta sexta-feira que seus computadores foram afetados, segundo a porta-voz Irina Volk, que afirmou que o vírus infectou cerca de 1.000 computadores, menos de 1% dos equipamentos do ministério, segundo a agência de notícias Interfax. A empresa ferroviária estatal também foi afetada, mas declarou que o transporte de passageiros e de carga está sendo feito “como de costume”.
O Banco Central da Rússia indicou neste sábado que várias entidades financeiras sofreram ataque. O departamento de acompanhamento e resposta a ciberataques da instituição registrou “mensagens em massa com software malicioso”, sem que aparentemente tivessem sido “comprometidos” os sistemas das entidades atacadas, segundo a agência de notícias oficial Sputnik. O principal banco do país, Sberbank, também reconheceu na sexta-feira ter sido vítima do ataque, numa nota em que declarou que a detecção foi feita “a tempo” e que “o vírus não pôs em risco o sistema”.
A operadora russa de telefonia MegaFon admitiu que foi vítima do ciberataque, que interrompeu as operações de seus centros de teleatendimento. “Tivemos que desligar parcialmente as redes internas para que o vírus não se propagasse”, disse Pyotr Lidov, diretor de relações públicas da empresa, segundo a agência de notícias RIA Novosti.
Alemanha: a companhia ferroviária
O ciberataque afetou o sistema informático da empresa ferroviária alemã Deutsche Bahn (DB), mas não alterou o tráfego dos trens, informaram neste sábado fontes da empresa. A companhia destacou num comunicado que houve “problemas no sistema” em diferentes níveis devido a um “ataque com cavalos-de-troia” à rede da DB. Isso provocou alterações técnicas nos painéis de informações digitais em estações e outros sistemas de aviso aos passageiros, sem provocar “restrições ao tráfego ferroviário”. A empresa admite que até a tarde deste sábado pode haver novas alterações. A Polícia Federal Criminal, encarregada da investigação sobre o ciberataque no país, informou que o vírus não afetou as redes do Governo.
Tu suscripción se está usando en otro dispositivo
¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?
Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.
FlechaTu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.
Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.
En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.
Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.