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Morre o cantor Belchior aos 70 anos

Anúncio do falecimento foi feito pelos jornais cearenses. Governador do Ceará divulga nota de pesar

O cantor e compositor Belchior, expoente da música popular brasileira por suas letras contestatórias, melancólicas e irônicas, morreu neste sábado aos 70 anos. De acordo com os jornais O Povo e Diário do Nordeste, do Ceará, Estado natal do músico, os familiares não divulgaram a causa do falecimento que ocorreu na cidade de Santa Cruz, no Rio Grande do Sul. O governador cearense, Camilo Santana (PT), disse em nota de pesar que "o povo cearense enaltece sua história, agradece imensamente tudo que fez e pelo legado que deixa".

llustração do designer Marcos Paulo Drumond para comemorar os 70 anos do cantor, no ano passado.
llustração do designer Marcos Paulo Drumond para comemorar os 70 anos do cantor, no ano passado.Instagram @mpdrumond

O Governo do Ceará, que decretou luto oficial de três dias, está preparando o traslado do corpo até o Estado, mas segundo informações da assessoria da Secretaria de Cultura cearense, faltam ainda definições da família para decidir o local do sepultamento, se em Sobral, onde Antonio Carlos Gomes Belchior Fontenelle Fernandes nasceu, ou em Fortaleza. Um velório e homenagem para Belchior estão sendo preparados na capital.

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O compositor, autor de sucessos como Medo de avião, Velha roupa colorida e Apenas um rapaz latino-americano teve o auge da carreira nos anos 70, com discos próprios e gravações de intérpretes como Elis Regina, que transformou Como nosso pais, composta pelo cearense, em hino de uma época. Em 1976 gravaria o disco Alucinação,que o consolidaria no cenário musical nacional, ao lado de outros músicos conhecidos como "pessoal do Ceará". "Belchior trancou a matrícula no curso de medicina e se mandou, cantou na 'barra pesada' e venceu com Hora do almoço um festival universitário de âmbito nacional. Era o começo. Jorge Melo foi um dos primeiros a emigrar. Ednardo e Fagner foram depois. O Ceará invadia, mas logo começaram as dificuldades da luta contra os rótulos. Depois dos baianos, a tendência era classificar a partir da procedência. E foi difícil convencer que não se tratava de um grupo cearense, mas de pessoas que embora tendo nascido no mesmo lugar, e apesar das dificuldades e afinidades, seguiam caminhos diferentes e tinham recados diversos a dar", escreveu, em 1977, no Jornal da Música, do Rio, o escritor, professor e crítico Gilmar de Carvalho.

Reportagem de Gilmar de Carvalho no 'Jornal da Música', em 1977, reproduzida no livro 'Pérolas do Centauro'
Reportagem de Gilmar de Carvalho no 'Jornal da Música', em 1977, reproduzida no livro 'Pérolas do Centauro'

Turbulências e desaparecimento

Belchior enfrentou turbulências nos últimos anos, recluso e fora do palcos. Em 2009, ganhou as manchetes depois que sua ex-mulher contratou um advogado para cobrar supostas dívidas e pensão devidas pelo cantor. “Para a família, Belchior está sumido desde 2007”, calculava o advogado da ex-mulher de Belchior Leonardo Scatolini na TV, naquele ano. Belchior chegou a falar com o programa Fantástico, desde o Uruguaiinformando que trabalhava no país em traduções da suas canções para o espanhol. "Sou um rapaz latino-americano", disse.

Mesmo cultuado, Belchior recusou os convites para voltar aos palcos. Nos últimos anos, se popularizaram no Ceará e em outras partes os dizeres "Volta, Belchior" em muros. No Carnaval deste ano, ele foi homenageado em blocos em São Paulo e em Fortaleza.

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