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EUA decidem rever suspensão de sanções ao Irã como parte do acordo nuclear

Washington afirma que Teerã cumpre o pacto, mas se mantém como um patrocinador do terrorismo

O secretário de Estado Rex Tillerson, na semana passada.
O secretário de Estado Rex Tillerson, na semana passada.Ivan Sekretarev (AP)

O Governo de Donald Trump declarou na noite de terça-feira que o Irã está cumprindo o acordo nuclear de 2015, mas que o submeterá a uma revisão interna – o que inclui a possibilidade de restaurar as sanções ao país asiático. A hipotética revogação da suspensão representaria um golpe quase mortal ao acordo entre Washington, Teerã e outras cinco potências, que está em vigor desde janeiro de 2016 e se baseou no fim das asfixiantes sanções sobre setores iranianos como os de finanças e energia, em troca de a República Islâmica limitar seu programa atômico.

Trump ordenou ao Conselho de Segurança Nacional que lidere uma revisão do acordo nuclear envolvendo vários órgãos governamentais, para “avaliar se a suspensão das sanções relacionadas ao Irã conforme prevê o JCPOA [sigla do tratado em inglês] é vital aos interesses de segurança nacional dos Estados Unidos”, segundo o secretário de Estado Rex Tillerson.

O chefe da diplomacia norte-americana advertiu que o Irã “se mantém como um Estado líder no patrocínio ao terror, mediante muitas plataformas e métodos”.

Tillerson revelou a revisão em uma carta enviada ao presidente da Câmara de Representantes (deputados), Paul Ryan, em que confirmou que o Irã está respeitando as condições do acordo. A certificação do cumprimento iraniano deve ser comunicada ao Congresso a cada 90 dias, e o prazo terminava na terça-feira. É a primeira comunicação desse tipo sob a presidência de Trump, que criticou duramente o pacto com Teerã – chamou-o de “o pior acordo já negociado” –, mas não revelou se Washington pretende respeitá-lo, alterá-lo ou retirar-se dele.

Trump prometeu elevar o tom contra o regime dos aiatolás. A revisão do acordo nuclear é a prova mais cabal.

O Irã integra a lista do Departamento de Estado de países patrocinadores de terrorismo. Teerã apoia o Hezbollah no Líbano e os rebeldes houthis no Iêmen, e também sofre penalizações norte-americanas por violações de direitos humanos e de outros tipos.

Em fevereiro, os EUA impuseram novas sanções ao Irã em resposta ao seu último teste com um míssil balístico, desvinculado do pacto nuclear. Dias antes, o presidente republicano havia alertado que Teerã estava “brincando com fogo” e que ele não seria tão “amável” como seu antecessor, o democrata Barack Obama, que fez da assinatura do pacto nuclear uma parte central do seu legado na política externa.

Os defensores do pacto argumentam que ele torna o mundo mais seguro e distancia o Irã de desenvolver uma arma atômica, ao passo que seus críticos, como o Partido Republicano e Israel, alegam que ele simplesmente adia a corrida nuclear e carece de mecanismos adequados de supervisão.

A revisão norte-americana do pacto vem à luz a poucos dias de uma reunião em Viena dos sete países signatários – Irã, EUA, Reino Unido, França, Alemanha, Rússia e China – para uma análise semestral do acordo.

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