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Khalid Masood é identificado como o autor do atentado em Londres, reivindicado pelo Estado Islâmico

Autor do atentado de Londres nasceu no Reino Unido e já foi investigado por extremismo

Um policial carrega floresna ponte de Westminster, reaberta nesta quinta.
Um policial carrega floresna ponte de Westminster, reaberta nesta quinta.ADRIAN DENNIS (AFP)
Pablo Guimón

O grupo terrorista autodenominado Estado Islâmico (ISIS, na sigla em inglês) reivindicou, nesta quinta-feira, a autoria do atentado em Londres, que deixou mais de 40 pessoas feridas e cinco mortos na quarta-feira, entre eles o autor do ataque nas redondezas do Parlamento britânico e da ponte de Westminster.

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Khalid Masood é o homem que matou nesta quarta-feira três pessoas (inicialmente, chegou a ser divulgado que eram quatro mortos) no atentado de Westminster. Ele nasceu no Reino Unido e foi monitorado por algum tempo pelos serviços de inteligência britânicos, informou nesta quinta-feira a primeira-ministra Theresa May no Parlamento. A mandatária britânica não revelou a identidade do agressor que desencadeou o pânico em pleno centro político e turístico de Londres antes de ser abatido a tiros pela polícia, mas afirmou que ele havia sido investigado por possuir relações “extremistas”.

Embora May não tenha se estendido sobre isso, a principal hipótese dos investigadores é de que o atacante se “inspirou no terrorismo internacional islamista”, como confirmou nesta quinta-feira o ministro da Segurança do país. O agressor, segundo especialistas em luta contra o terrorismo ouvidos pela rádio estatal, seria uma das 3.000 pessoas que se encontram sob monitoramento da Scotland Yard ou do MI6, que, no entanto, não têm condições materiais de segui-las diariamente. A prioridade imediata é descartar a possibilidade de que o ataque fizesse parte de um plano mais amplo. A polícia investiga o círculo de pessoas próximas ao atacante, suas viagens recentes, suas comunicações e sua atividade na Internet.

Nesta madrugada, a polícia britânica realizou uma operação na cidade de Birmingham, no centro da Inglaterra, onde o terrorista alugou o automóvel que usou como arma, um 4X4 da marca Hyundai. Mark Howley, diretor da Scotland Yard, confirmou que oito pessoas foram detidas depois da realização de buscas em seis casas de Birmingham, Londres e outros pontos do país. A polícia não dispõe de nenhuma informação que leve a se pensar em uma ameaça iminente enquanto se realiza a investigação.

Das 40 pessoas feridas no ataque, 29 continuam hospitalizadas na capital, sete delas em estado grave. Os quatro mortos, segundo a Scotland Yard –que anunciou inicialmente cinco mortes--, são o policial Keith Palmer, um pai de família de 48 anos que fazia a vigilância do Parlamento; a britânica originária da Galicia Aysha Frade, de 43 anos, professora de espanhol em Londres; e um homem de cerca de 50 anos, cuja identidade não foi revelada pela polícia; além do próprio terrorista.

Depois de lançar o veículo contra as pessoas e sair dele, o atacante conseguiu penetrar nos jardins do Old Palace Yard, adjacentes à Câmara, antes de ser abordado por policiais, um dos quais (Keith Palmer) foi atingido com uma faca entre 12 e 15 centímetros. Em seguida, um colega do agente atirou várias vezes no terrorista. Acredita-se que este agia sozinho, embora não se descarte que pudesse ter algum cúmplice.

No momento do atentado, Theresa May estava no Parlamento, onde se realizava a sessão semanal de perguntas feitas por parlamentares à primeira-ministra. A mandatária foi escoltada para fora do local sem maiores consequências. May convocou em seguida uma reunião do comitê de emergências Cobra, que inclui seus principais ministros, além de altos funcionários da Defesa e da Segurança, para avaliar a situação.

Um ferido é ajudado por várias pessoas na ponte de Westminster, Londres.Vídeo: TOBY MELVILLE (REUTERS) / EPV

No final da tarde, diante do número 10 da Downing Street, a primeira-ministra leu uma nota em que qualificou o atentado de “um ataque terrorista nauseabundo e depravado”. Ela confirmou que o nível de alerta oficial no Reino Unido continua sendo “severo”, o segundo mais alto de uma escala de cinco, o mesmo que já vem sendo mantido, há algum tempo, no país.

“O local do ataque não foi acidental”, disse May. “Os terroristas escolheram para atacar o coração da nossa capital, onde pessoas de todas as nacionalidades, religiões e culturas se reúnem para celebrar os valores da liberdade, da democracia e da liberdade de expressão. As ruas de Westminster, que abrigam o Parlamento mais antigo do mundo, estão imbuídas de um espírito de liberdade que ressoa em alguns dos lugares mais distantes do planeta. E os valores que o nosso Parlamento representa –a democracia, a liberdade, os direitos humanos e o império da lei— merecem a admiração e o respeito das pessoas livres. Por isso se torna um alvo para aqueles que rechaçam esses valores”.

A primeira-ministra anunciou que o Parlamento retomaria nesta manhã de quinta-feira o seu funcionamento normal, assim como toda a cidade. “Avançaremos todos unidos. Jamais nos renderemos ao terror. E nunca permitiremos que as vozes do ódio e o mal nos dividam”, concluiu. As redes sociais, durante toda a tarde desta quarta-feira, ficaram repletas de mensagens de solidariedade com o hashtag #WeAreNotAfraid (“Não temos medo”).

O primeiro-ministro da França, Bernard Cazeneuve, confirmou que entre os feridos se encontram três estudantes franceses, entre 15 e 16 anos de idade, que faziam uma visita escolar a Londres. Dois deles estão em estado grave. O Ministério das Relações Exteriores da Romênia confirmou que há dois de seu país.

Nesta quarta-feira, completou-se um ano desde os atentados em Bruxelas, que deixaram 32 mortos e mais de 300 feridos. O ataque reacendeu na memória de muitos britânicos os atentados jihadistas de julho de 2005 em Londres, que deixaram meia centena de mortos.

Líderes de vários países prestaram solidariedade e apoio à população britânica. O Governo do presidente dos EUA, Donald Trump, condenou o atentado e ofereceu total apoio ao Reino Unido para capturar os responsáveis. O primeiro-ministro da Espanha, Mariano Rajoy, escreveu no Twitter que “a Espanha está com o povo britânico”. O ministro do Interior da Itália, Marco Minniti, convocou para esta quinta-feira as forças de segurança e os serviços de inteligência do país com vistas à reunião de cúpula europeia que se realiza neste sábado em Roma.

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