_
_
_
_

Renovação de cubanos no Mais Médicos provoca incerteza

Primeira leva de profissionais deve voltar a Cuba até novembro, apesar de decreto permitir permanência

Programa Mais Medicos Brasil
Profissional do Mais Médicos faz atendimento em Tarauacá (AC).Arison Jardim

O Governo brasileiro negocia como será reposição de 2.400 médicos cubanos que chegaram ao país a partir de agosto de 2013 para atuar no Programa Mais Médicos, que leva profissionais para áreas remotas onde eles costumam faltar por anos. Cuba decidiu que não renovará a permanência dos profissionais que completam três anos no país, como era esperado pelo Brasil após a publicação de uma Medida Provisória pela então presidenta Dilma Rousseff, que abria essa possibilidade. Havana afirma que enviará novos médicos, mas frisou, em reunião em Brasília na sexta-feira passada, que deseja renegociar o valor das bolsas do programa (10.000 reais, dos quais cerca de 3.000 ficam com os médicos) para compensar a inflação e a desvalorização da moeda local. Atualmente,11.400 das 18.200 vagas do programa (62%), são de cubanos.

Mais informações
A frustração de médicos cubanos por deixar o Brasil: “Muitos vão desertar”
Programa Mais Médicos já tem ‘buraco’ de 1.200 profissionais cubanos
“Aguardei mais de 15 horas em um corredor para ser internada”
Mais médicos para o Brasil, menos para a Venezuela
Os doutores do povo

Da reunião ocorrida na sexta participaram o Ministério da Saúde, representantes do Governo cubano e da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), que organiza o convênio entre as duas nações, além da entidade que representa as secretarias de Saúde dos municípios, a maior interessada na continuidade do Mais Médicos. No encontro, Cuba decidiu estender a permanência desses profissionais até novembro - uma primeira leva, de 400 médicos, completaria três anos em agosto e teria que deixar o país até o final de julho e, até o final de setembro, outros 2.000 profissionais seriam retirados do país. O acordo assegurou a permanência dos cubanos até o final do processo de impeachment de Rousseff, durante a Olimpíada do Rio e as eleições municipais de outubro, mas ainda assim frustrou boa parte dos profissionais que esperava poder ficar mais tempo no Brasil. “Respeitaremos o compromisso firmado entre a OPAS e o Brasil, porém, há uma série de fatores a serem revistos e acordados entre as partes", disse a vice-ministra de Saúde Pública de Cuba, Marcia Cobas Ruiz, de acordo com nota do Conasems (Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde) da própria sexta.  

Durante o convênio entre os dois países, cubanos que deixaram o país, por motivos diversos, têm sido substituídos. Nesta semana, uma leva de 50 médicos chegou ao país e, nas próximas semanas, são esperados outros 500. Mas esses profissionais apenas vão cobrir o espaço dos 1.100 que já deixaram o Brasil. Não há ainda indicativo de quantos médicos serão enviados para substituir os que partem em novembro, após os três anos de programa. A falta de decisões é especialmente preocupante porque os cubanos chegaram ao país em cinco fases, sendo a última na metade de 2014. Isso significa que, pela determinação do Governo de Raul Castro, os 11.400 terão que deixar o país até a metade do ano que vem e precisariam, portanto, ser substituídos em um período de seis meses.

A OPAS afirmou por meio de uma nota que "a troca dos profissionais está em consonância com o acordo de cooperação vigente, que exige o retorno deles após três anos atuando fora do próprio território". A organização diz ainda que eles serão substituídos a partir de novembro, para "garantir que a população seja adequadamente assistida durante eventos que mobilizam uma grande quantidade de pessoas". O Governo brasileiro, entretanto, não tem cronograma dessa substituição. Em nota, diz que "trabalha normalmente junto com a OPAS na reposição dos profissionais".

A chegada dos médicos estrangeiros, especialmente os cubanos, foi alvo de polêmica desde o início no Brasil, especialmente pela dura oposição das entidades médicas. A maior crítica feita por elas era em relação a possibilidade de que os médicos pudessem atuar no país com diploma estrangeiro sem que eles fossem revalidados pelo Governo brasileiro. A Associação Médica Brasileira (AMB) apoiou publicamente o processo de impeachment de Rousseff e publicou no último dia 15, em seu site, uma nota falando sobre uma visita do ministro da Saúde, Ricardo Barros, à entidade. Na carta, a AMB volta a criticar o Mais Médicos e diz que é preciso qualificar o programa. O ministro da Saúde do interino Michel Temer tem defendido o Mais Médicos, mas logo que assumiu o cargo, em maio, disse que o programa poderia passar por mudanças para enfatizar a contratação de profissionais formados no Brasil. O Orçamento original de 2016 destinou ao todo 2,9 bilhões de reais para o Mais Médicos, que atende cerca de 50 milhões de pessoas.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_