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Macri obtém de empresários argentinos promessa de não demitir por três meses

Presidente busca alternativa para conter a lei contra demissões proposta pela oposição

Carlos E. Cué

“Muitos analistas dizem, fazendo política ou não, sempre estamos fazendo política. O que é fazer política?”, perguntou Mauricio Macri aos principais empresários argentinos reunidos na Casa Rosada. O presidente obteve um golpe de efeito inesperado em um de seus momentos mais difíceis desde que chegou ao poder, com os sindicatos mobilizados nas ruas e a oposição prestes a aprovar uma lei contra demissões.

Macri com seu ministro de Economia, Alfonso Prat- Gay.
Macri com seu ministro de Economia, Alfonso Prat- Gay.ENRIQUE MARCARIAN (REUTERS)
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Macri conseguiu fazer com que os principais empresários do país assinassem um compromisso formal, apresentado na Casa Rosada, em, que se comprometem a não reduzir seus quadros de funcionários durante 90 dias. O Governo afirma que a Argentina está passando pelo pior momento da crise, com uma inflação descontrolada beirando os 40% ao ano, mas está convencido de que a situação mudará totalmente em um prazo de três meses.

Macri parecia ter contido os sindicatos e a oposição nos primeiros três meses, mas acaba de perder esse controle com uma manifestação maciça dos principais sindicatos peronistas na semana passada e a mobilização da oposição no Parlamento, que está prestes a aprovar uma lei contra demissões que as torna quase impossíveis durante 180 dias, o dobro do que foi acordado com os principais empresários do país.

Macri é radicalmente contrário a essa proposta e está disposto a vetá-la caso seja aprovada, o que implicaria um alto custo político para o presidente. Justamente por isso, o presidente se mobilizou e obteve o apoio dos principais empresários por meio desse compromisso formal, uma espécie de trégua nas demissões. Pouco depois, ele se reuniu também com os principais sindicalistas com o objetivo de obter uma trégua também nos protestos. Não parece ser fácil, para o presidente, conseguir evitar a lei contra demissões, mas Macri acaba de realizar um movimento importante que pode dificultar bastante o seu avanço e recorre ao político cujos votos são essenciais na Câmara dos Deputados: Sergio Massa, peronista dissidente, que oscila sempre entre o apoio a algumas reformas quando vê que Macri está fortalecido e a sua rejeição quando o considera fragilizado.

O presidente brincou com essa ideia daqueles que o criticam por não fazer política e rejeitou integralmente essa lei contra demissões. “O que é fazer política? Criar instrumentos para poder crescer, e não se reunir para erguer obstáculos, isso é retroceder à experiência crioula mal compreendida. Isso não é boa política, é distorcer a política”, insistiu. Com base nisso, estimulou todos os empresários a se unirem em torno daquele compromisso. “Esperemos que muitos outros o assinem, vamos gerar milhões de postos de trabalho”, afirmou, esperançoso.

O texto assinado, negociado reservadamente durante o fim de semana pelo ministro Francisco Cabrera com os grandes empresários, expõe um apoio claro à política do Governo e faz um apelo aos sindicatos peronistas para que lhe concedam um pouco mais de respiro. “Diante do momento positivo de mudanças por que passa a Argentina e de transição econômica que gera dificuldades no curto prazo, nós, como empresários, nos comprometemos a: não diminuir nossos quadros de funcionários durante pelo menos os próximos 90 dias; criar planos de investimentos para gerar mais postos de trabalho. Trabalhar em conjunto com o Governo federal e os sindicatos em uma pauta de desenvolvimento e de melhoria da qualidade do emprego no país”.

O texto vai ainda mais longe no apoio ao Executivo: “Acreditamos que as medidas que estão sendo tomadas pelo Governo são as mais apropriadas para estimular a criação de novos postos de trabalho”. O apoio dos empresários é evidente. Faltam se pronunciar, agora, os sindicatos e a oposição, que não facilitarão as coisas para o presidente, embora tudo na Argentina mude em poucas horas e dependa dessa espécie de negociação permanente e mutável em que vive o país.

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