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Caso de Eduardo Cunha já é o mais longo da história do Conselho de Ética

Nesta terça, delator repetiu ter repassado a Cunha 4 milhões em propina. Deputado nega

Eduardo Cunha, em sessão na Câmara no dia 16 de abril.
Eduardo Cunha, em sessão na Câmara no dia 16 de abril.UESLEI MARCELINO (REUTERS)
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O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ostenta uma nova marca: o processo que o investiga por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética já é o mais demorado da história da instância. Já se passaram 173 dias desde a abertura da representação e ainda falta mais de um mês até que o trâmite seja concluído. A novela teve mais um capítulo nesta terça-feira, quando o lobista Fernando Soares, conhecido como Baiano, confirmou no conselho o teor do depoimento que deu na Operação Lava Jato no qual detalha como pagava propina ao Cunha. Segundo ele, um emissário de Cunha recebeu 4 milhões de reais em espécie como pagamento da intermediação de um negócio com outro lobista, Julio Camargo, da empreiteira Toyo Setal. O parlamentar nega que tenha recebido propina dentro do esquema que desviou bilhões de reais da Petrobras.

Para os opositores, as declarações de Baiano comprovam a quebra de decoro do deputado, enquanto seus defensores afirmam que as palavras não têm valor, pois não há provas documentais dos pagamentos ilícitos.

A previsão é que o processo de Cunha seja encerrado até 2 de junho. Ainda faltam ser ouvidas seis testemunhas (duas da acusação e quatro da defesa), o que deve ocorrer até 19 de maio. Entre a tropa de choque de Cunha, porém, há um entendimento que esse prazo possa se alongar. Uma série de novos recursos deve ser apresentada até meados de maio. Pelos cálculos feitos até agora, com as mudanças de composição no conselho, o deputado, que responde a processo no Supremo Tribunal Federal pela Lava Jato, teria maioria para negociar um relatório final mais brando que a cassação de seu mandato.

Veja como o EL PAÍS acompanhou a sessão desta terça minuto a minuto.

O Conselho de Ética tinha agendado para esta quarta-feira o depoimento do lobista João Henriques. Mas os advogados dele disseram que ele não estava disposto a colaborar.
O deputado Eduardo Cunha informou por meio de sua assessoria que Baiano não tem provas de suas acusações e desmente com veemência a afirmação que recebera propinas no escândalo da Petrobras.
O saldo do conselho de Ética. Para opositores, Baiano comprovou por meio de seu testemunho que Cunha quebrou o decoro ao receber propina de 4 milhões de reais. Já tropa de choque dele, diz que são palavras que não tem valor.
Sessão do Conselho de Ética se encaminha para conclusão porque o plenário da Câmara iniciou processo de votação. Soares deve retornar hoje à noite para Curitiba, onde está preso a mando da Justiça Federal.
Fernando Soares diz que pagou 11 milhões de dólares em propinas para agentes públicos (que eram os dirigentes da Petrobras) e políticos (parlamentares).
“A atividade de intermediação de negócios, o lobby é uma coisa legal, inclusive regulamentada em vários países do mundo. O ilegal é o pagamento de propina”, defende-se Baiano, que responde pelos crimes de lavagem de dinheiro e corrupção passiva.
Morador do Rio de Janeiro, Fernando Soares disse: “Quando estava em Brasília eu vinha visitar o deputado [Cunha] ou outros deputados”. Não quis nominar quem eram os outros parlamentares.
A dúvida de Alessando Molon (REDE-RJ): “Cunha tinha consciência da ilicitude dos valores repassados a ele?” A resposta de Baiano: “Sim”.
"Os empresários estão sendo execrados por tudo", reclama Fernando Soares. Ele diz, porém, que são os políticos que pedem propina para os empresários, que acabam se corrompendo.
Resumo do depoimento. O lobista Fernando Soares disse que pagou 4 milhões de reais para Eduardo Cunha. O pagamento foi feito em espécie para um assessor de Cunha, identificado como Altair Alves Pinto. Baiano disse também que desconhece que Cunha tenha contas no exterior.
Subtenente Gonzaga (PDT-MG) pergunta se o valor entregue por Fernando Soares para Altair tinha como destino final o deputado Eduardo Cunha. A resposta é afirmativa.
Apontado como um dos lobistas do PMDB dentro da Lava Jato, Baiano diz aos deputados que nunca operou para partido nenhum.
Carlos Marun (PMDB-MS) pergunta: “O senhor tem alguma prova de que Eduardo Cunha tem conta no exterior?". E Baiano responde, pela enésima vez: "Não".
"Eduardo Cunha me ajudou no sentido de cobrar uma dívida que Julio Camargo [da Toyo Setal] tinha comigo. Por isso, tinha feito um acerto com ele para ele receber parte do valor recebido. Inicialmente, 20% e depois 50%", diz Fernando Soares.
Betinho Gomes (PSDB-PE) é o 12º deputado a perguntar para Baiano. Inicia contestando a informação de que não se pode trazer novos elementos para o debate.
Os que defendem Cunha são sucintos e se limitam a perguntar se o dinheiro foi entregue diretamente por Baiano a Cunha. Os que são contrários a ele, tentam detalhar algo além do que o delator já contou à Polícia Federal.
Até o momento, onze deputados fizeram questionamentos para Fernando Soares. A essa altura do depoimento, os questionamentos se repetem.
As dúvidas de Manoel são apenas no sentido de saber se Baiano tinha conhecimento de que Cunha teria contas no exterior. A resposta foi negativa.
O primeiro membro da tropa de choque de Cunha, Manoel Junior (PMDB-PB), inicia seus questionamentos.
Após o início da Lava Jato, Baiano diz que se encontrou uma ou duas vezes com Cunha. "Ninguém imaginava a dimensão que isso tomaria", diz Soares.

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