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Aeroporto de Bruxelas levará meses para voltar ao normal

Não existe data para a reabertura do Zaventem, que começará operando com 20% de sua capacidade

María R. Sahuquillo
O aeroporto de Zaventem, em 23 de março, um dia depois dos ataques.
O aeroporto de Zaventem, em 23 de março, um dia depois dos ataques.REUTERS

O aeroporto de Bruxelas-Zaventem, o principal da Bélgica e um dos maiores da União Europeia em voos e conexões, levará meses para voltar ao normal. Ainda não existe data de abertura para o aeroporto, fechado desde os ataques de 22 de março que mataram pelo menos 14 pessoas só neste local, que reabrirá com 20% de sua capacidade. Enquanto isso, as linhas aéreas viram-se obrigadas a cancelar centenas de voos e a desviar outros a aeroportos menores e fora da Bélgica. A empresa gestora de Zaventem e as companhias aéreas reconhecem que as perdas econômicas com o fechamento serão enormes.

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Por ano, aproximadamente 22 milhões de pessoas transitam por Bruxelas-Zaventem, que registra 5.000 passageiros por hora. Quando reabrir, poderá absorver somente 800, como reconheceram fontes da Brussels Airport Company. Mesmo que, segundo os técnicos, a estrutura do edifício não tenha sido danificada pelos atentados, os dois suicidas se explodiram na área de expedição e destruíram um bom número de guichês e instalações de guarda de bagagem. Serviços, que, por enquanto, foram substituídos por uma estrutura pré-fabricada.

Enquanto Zaventem permanece fechado, outro dos aeroportos do país, o de Charleroi, a 46 quilômetros de Bruxelas, está no limite. Lá, dezenas de pessoas se amontoavam na segunda-feira para pegar sua bagagem de uma das quatro esteiras antes da saída. Stéphanie Courone, que chegou de Milão, tenta conseguir um carrinho para levar seus volumes. Não há nenhum, as equipes de segurança retiraram todos. “Viria pela Alitalia a Zaventem, mas o voo foi adiado e decidi comprar outra passagem”, diz a jovem de 25 anos, que estuda em Milão e chega à Bélgica para visitar seus pais. Somente na segunda-feira, mais de 35.000 viajantes passaram por Charleroi, utilizado normalmente por linhas aéreas de baixo custo como a Ryanair e que registrou um recorde de afluência.

Vários dos guichês da Brussels Airlines destruídos pelos atentados contra o aeroporto de Zaventem em foto de 23 de março.
Vários dos guichês da Brussels Airlines destruídos pelos atentados contra o aeroporto de Zaventem em foto de 23 de março.REUTERS

Na saída do pequeno aeroporto, Carlos Álvarez, que veio de Madri, se queixa do descontrole e da falta de informação. Tenta encontrar o guichê para comprar uma passagem de ônibus que o leve a Bruxelas. A fila para os ônibus que a cada 30 minutos conectam a estação de Midi com Charleroi é grande e não se veem táxis. Apesar da aparente saturação, fontes do aeroporto de Charleroi afirmam que o local ainda não opera com 100% de sua capacidade e que pode continuar absorvendo voos.

Medidas de segurança

Na terça-feira, 800 voluntários da equipe do aeroporto realizaram um exercício de simulação para testar as novas instalações temporárias de Zaventem. Mas as autoridades ainda não fixaram uma data concreta para sua abertura. As previsões ocorrem quase diariamente, e a Brussels Airport informou na tarde de terça na Internet que o aeroporto também não abrirá na quarta-feira.

O aeroporto também não anunciou sistemas de controle adicionais que, indicam, deveriam ser aprovados pelo Executivo. Uma reclamação da polícia mobilizada no aeroporto, que dias antes do ataque se queixava da falta de pessoal. A polícia, de fato, ameaça entrar em greve se as medidas de segurança de Zaventem não forem revistas e ampliadas. Exigem que seja instalado um rigoroso sistema de segurança na entrada do aeroporto e que nenhum veículo possa entrar em um raio inferior a 100 metros da área na qual é realizado o embarque.

Apesar do aeroporto e das linhas aéreas ainda não terem analisado o valor das perdas econômicas pelo fechamento, uma porta-voz da Brussels Airlines reconhece que o impacto será “muito grande”. A companhia opera com 40% dos seus voos, desviando-os a outros aeroportos, principalmente Zurique e Frankfurt, mas também a Antuérpia e Liège.

Dragana Mileusnic, por exemplo, chegou a Bruxelas via Amsterdam. A empresa com a qual voou, a Air Serbia, desviou seu voo à Holanda e de lá precisou pegar o trem com uma passagem fornecida pela companhia aérea. A jovem, que trabalha em uma ONG europeia de meio-ambiente, criticou a falta de controle dos passageiros e das medidas de segurança nos trens.

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