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Dilma: “Querem a renúncia para evitar o constrangimento de me tirar de forma ilegal”

Presidenta diz que impeachment tem base frágil e por isso é "golpe" à democracia Leia a edição completa da entrevista, publicada nesta sexta, em brasil.elpais.com

Dilma Rousseff, no encontro com correspondentes em Brasília.
Dilma Rousseff, no encontro com correspondentes em Brasília.Roberto Stuckert Filho
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ENTREVISTA | Leia a edição completa da entrevista publicada nesta sexta
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Cinco jornalistas da mídia do exterior, incluindo do EL PAÍS, se sentam em torno a uma mesa no enorme gabinete da presidenta do Brasil, Dilma Rousseff, em Brasília. Colocam os gravadores em operação. Mas antes de alguém perguntar algo, Rousseff, que chegou à entrevista munida de um grande maço de papéis e documentos, começa a falar sobre o impeachment, o processo que o Congresso brasileiro já pôs em andamento e que ameaça destituí-la em menos de um mês se antes não conseguir os parlamentares aliados necessários. “Esse processo está baseado em algo bastante frágil”. E acrescenta: “Como ele surge? O presidente da Câmara, para evitar o processo de cassação, tenta maioria dentro do Conselho de Ética e ameaça o Governo. O governo não lhe dá os votos e abre-se o processo de impeachment. Eduardo Cunha foi denunciado. A Procuradoria Geral da República o associou a cinco contas no exterior dizendo ser ilegais. Não sou eu que estou dizendo, é a Procuradoria Geral da República". Leia a edição completa da entrevista, publicada nesta sexta, aqui.

Para a presidenta do Brasil, este processo de destituição é antidemocrático: "Nós tivemos golpes militares por toda América Latina. Em um sistema democrático de Governo implica que os golpes mudam de característica. Não se trata de golpes nos termos do passado. O pacto entre nós é a Constituição de 1988. Ela assegura que não se pode tirar um presidente da República legalmente eleito a não ser que haja prova de crime de responsabilidade. Não tendo, é golpe contra a democracia. As consequências disso nós não sabemos, porque não temos a capacidade de prever o futuro."

À pergunta sobre se vai renunciar, dada a crise crescente em que vive o país, responde: "Por que eles pedem que eu renuncie? Porque eu sou mulher frágil? Não sou frágil. Não foi isso a minha vida. Sabe por que pedem que eu renuncie? Para evitar o imenso constrangimento de tirar uma presidenta eleita de forma indevida, de forma ilegal, de forma criminosa. (Sugerem:) 'Ela deve estar completamente afetada, desestruturada, pressionada'. Não estou assim nem sou assim. Tive uma vida muito complicada para que eu não seja capaz de lutar pela democracia no Brasil. Eu tinha 19 anos e fiquei três anos presa, e aqui a prisão não era leve, a barra era pesada. Eu lutei naquela época em condições muito mais difíceis, vou lutar agora em condições favoráveis, é a democracia do meu país, é ela que me dá força. Eu não renuncio. Para me tirar daqui vão ter de provar que eu tenho que sair."

Em relação à polêmica nomeação de Lula como ministro –que ao menos um ministro do Supremo considera uma manobra para ele escapar do juiz da Operação Lava Jato –, Rousseff afirma: “Vamos supor que seja verdade que ele tenha vindo se proteger. Mas que proteção estranha, porque um ministro não está protegido de investigação. Pelo contrário, ele é investigado pela Suprema Corte, e os onze juízes da Suprema Corte não são piores ou melhores, dependendo de como você quer colocar a questão, do que um juiz de primeira instância. Então que história é essa? A de tentar impedir que Lula venha. Ora, ele vem como ministro ou ele vem como meu assessor. Ou ele vem de um jeito ou ele vem do outro. Nós traremos o presidente Lula para nos ajudar o Governo. Não há como impedi-lo de ajudar o Governo."

Leia a edição completa da entrevista http://ow.ly/ZVwYH.

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