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Peru decreta estado de emergência após conflito deixar quatro mortos

Vítimas participavam de protesto contra mudança ambiental na lei de mineração

Manifestantes contrários ao projeto Las Bambas.
Manifestantes contrários ao projeto Las Bambas.EFE

O governo peruano decretou ontem estado de emergência em quatro províncias do departamento de Apurímac, na serra ao sul do Peru, e outras duas de Cuzco, depois de protestos contra o projeto de mineração de cobre Las Bambas terem deixado quatro mortos e 22 feridos em um confronto com a polícia, na última segunda-feira. A medida, que suspende “os direitos constitucionais relacionados com segurança e liberdade pessoal, inviolabilidade do domicílio, e a liberdade de reunião e de trânsito”, estará vigente por 30 dias nas províncias de Cotabambas, Grau, Andahuaylas, Chincheros, Espinar e Chumbivilcas.

O Comitê Central de Luta das províncias de Cotabambas e Grau (Apurímac) começou na sexta-feira passada uma greve por tempo indeterminado contra a MMG – empresa chinesa responsável pelo projeto Las Bambas, o maior do país, que deve produzir 400.000 toneladas de cobre a partir de 2016 –, para protestar contra uma mudança no estudo de impacto ambiental da extração. A polícia reprimiu as manifestações na segunda-feira passada e o confronto resultou na morte de quatro manifestantes e 22 feridos: 16 civis e oito policiais.

Na segunda-feira foi registrado um novo episódio de violência, quando a polícia tentou prender cerca de 300 manifestantes, que estavam perto do acampamento mineiro, com gás lacrimogêneo e tiros. O governador regional do departamento de Apurímac, Wilber Saavedra também pediu que uma comissão de alto nível do Governo viaje ao lugar.

Quando a empresa MMG comprou Las Bambas da companhia suíça Xstrata, modificou o estudo de impacto ambiental

As organizações locais dizem que tentaram falar com os representantes da MMG e do Ministério de Minas e Energia para que explicassem as alterações, mas sem sucesso. No entanto, um comunicado divulgado pela empresa na noite de segunda-feira disse ter agido “em conformidade com a lei e apela ao restabelecimento da paz na região”. De acordo com essas organizações, a empresa mudou os parâmetros ambientais “sem respeitar os procedimentos de participação dos cidadãos e do direito à informação”.

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A mudança, realizada pela MMG para comprar o projeto da empresa suíça Xstrata, anula a construção de um mineroduto subterrâneo para transportar o material extraído. E também introduz a construção de um armazém de concentrados de alto potencial contaminante, e o transporte das substâncias por caminhão. A concessão mineira, de 35.000 hectares, está localizada na cabeceira de uma bacia, o que tornaria ainda mais perigoso um possível derramamento tóxico.

A polícia disparou gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes. Em seguida, um grupo de jovens subiu uma colina ao lado do campo de mineração.

Henry Chávez, trabalhador em Apurímac do Observatório de Conflitos Mineiros (um projeto de uma ONG ambiental), disse que os manifestantes não queriam tomar as instalações, mas horas depois o ministro do Interior, José Luis Pérez Guadalupe, informou que 22 pessoas foram presas por entrar na concessão mineira.

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