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Polícia cubana impediu dissidentes de cumprimentar o Papa

Agentes detiveram ativistas convidadas pela nunciatura a saudar o papa Francisco

<b><a href= "http://brasil.elpais.com/brasil/2015/09/20/internacional/1442769457_123747.html">O PAPA E CASTRO REÚNEM-SE EM HAVANA.</a></b> O ex-líder e o pontífice mantiveram um encontro "familiar e informal", segundo o VaticanoFoto: reuters-live

Os dissidentes cubanos novamente viram um Papa passar por Havana em brancas nuvens. Francisco não os mencionou nos seus discursos e não tentou se reunir com eles, e nem sequer prosperou a tímida iniciativa do núncio do Vaticano em Cuba, Giorgio Lingua, para que duas veteranas opositoras ao regime, a economista Martha Beatriz Torre e a jornalista Miriam Leiva, pudessem cumprimentar rapidamente Jorge Mario Bergoglio na Catedral. Em duas ocasiões, no sábado e domingo, a polícia cubana deteve as ativistas quando elas tentavam se aproximar da comitiva papal. Da mesma forma, um jovem dissidente que conseguiu chegar perto do papamóvel e dirigir algumas palavras a Bergoglio, na praça da Revolução, foi afastado com contundência por agentes da guarda vaticana e da polícia cubana.

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Pela tarde, o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, admitiu que Bergoglio não havia buscado manter uma reunião formal com os grupos dissidentes, mas que houve de fato uma iniciativa da nunciatura (embaixada do Vaticano) para que Bergoglio pudesse cumprimentar “de passagem” alguns opositores. Os contatos informais precisariam ter ocorrido no sábado na sede da nunciatura, onde Francisco se hospedou em Havana, ou no domingo, durante um ato do Pontífice na Catedral. A polícia, no entanto, bloqueou ambas as tentativas. No sábado, agiu detendo as ativistas em suas casas, e no domingo interceptando-as quando, por diferentes caminhos, Martha Beatriz Torre e Miriam Leiva tentavam chegar à Catedral. “Os agentes me deixaram claro que não iriam permitir que eu me aproximasse do Papa”, disse Torre.

A determinação do regime castrista de impedir por bem ou por mal qualquer contato dos dissidentes com Bergoglio ficou clara na manhã de domingo, quando agentes à paisana prenderam um grupo de jovens que lançavam panfletos e gritavam contra o regime. O canal de televisão Univisión conseguiu registrar o momento em que um ativista consegue se aproximar do papamóvel. Após um primeiro momento em que o papa Francisco escuta o jovem e põe uma mão sobre sua cabeça, o chefe da guarda do Vaticano o agarra pelo pescoço com contundência, separa-o do papamóvel e o entrega aos agentes cubanos.

Um jovem dissidente que conseguiu se aproximar do papamóvel e dirigir algumas palavras a Bergoglio foi afastado com contundência

A atitude de Bergoglio com relação aos dissidentes é, no mínimo, chocante. Ninguém ignora o trabalho de intermediário que o Papa assumiu pessoalmente no diálogo entre Raúl Castro e Barack Obama, e a diplomacia vaticana tem um cuidado todo especial em não molestar o Governo cubano numa questão tão sensível como a dissidência. Mas estranha que um Papa que prega a proximidade com os que sofrem passe por Havana sem citar os dissidentes ou fazer alguma ressalva ao regime de Fidel e Raúl Castro.

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