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Guerrero derruba a Bolívia e leva o Peru para semifinal com o Chile

O ‘Predador’ marca 3 gols e coroa o bom trabalho coletivo do Peru (3 x 1)

Paolo Guerreiro celebra seu terceiro gol contra a Bolívia.
Paolo Guerreiro celebra seu terceiro gol contra a Bolívia.Natacha Pisarenko (AP)

Ninguém esperava uma partida muito boa entre o Peru e a Bolívia na fria noite de Temuco, mas o jogo menos atraente das quartas de final da Copa América acabou proporcionando um esplêndido primeiro tempo por parte do Peru, que praticamente liquidou a partida com dois gols do Paolo Guerrero em três minutos (aos 19 e 22), no prenúncio de uma semifinal mais interessante do que qualquer um imaginava. Depois de passar em branco nas duas primeiras partidas, o centroavante do Flamengo já divide a artilharia do torneio com Arturo Vidal e se coloca em posição de repetir o feito da Copa América de 2011, quando foi o máximo goleador, com cinco tentos.

O Peru poderia ter marcado mais, tanto com Guerrero como com outros: o ofensivo esquadrão montado por Gareca, com Jefferson Farfán na companhia de Guerrero e Claudio Pizarro, atropelou completamente a Verde (que ontem jogou de branco) na primeira etapa, e nos 20 minutos finais teve a chance de selar uma goleada antológica.

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Os grupinhos que as equipes formavam antes do jogo prenunciavam um confronto feroz entre as duas equipes andinas, as que menos chutaram a gol na primeira fase, e que estavam absolutamente ausentes dos bolões como candidatas a chegarem à semifinal. Mas o Peru superou amplamente o time de Marcelo Soria em 30 minutos admiráveis quanto a intensidade, pressão, circulação e posicionamento tático. A dupla Farfán-Advíncula criava perigo constante na lateral direita, e os inspirados Vargas e Cueva entravam à vontade pela esquerda, nutrindo o faminto Guerrero, que poderia ter aberto o placar já antes dos 19 minutos, quando uma jogada de manual, tramada por essa mesma lateral, terminou num primoroso cruzamento de Vargas cabeceado pelo Predador para a rede. Só dois minutos depois, finalizando um contragolpe letal, o atacante peruano marcou o segundo, numa saída ruim do jovem arqueiro Quiñónez, nervoso do início do confronto – em nada semelhante ao seu promissor início no torneio.

Naquele momento, aos 22 minutos, os comentaristas da TV chilena já tratavam a equipe de Gareca como adversária do país-sede na semifinal, e não escondiam sua preocupação.

No lado da Bolívia, só a rapidez nos cruzamentos do zagueiro Christian Coimbra e o esforço permanente de Moreno Martins como atacante isolado (ganhava todas as bolas altas) mantinham a Bolívia no jogo. O Peru chegava com cinco ou seis jogadores às imediações da área rival e roubava a bola rapidamente. A equipe de Soria apostava todas as suas fichas nos parcos cruzamentos de Smedberg e nas cabeçadas do seu incansável centroavante, que veria seu trabalho recompensado com um gol de pênalti nos últimos minutos. A profundidade de Farfán, o talento de Cueva, a inteligência de Pizarro e a potência de Guerrero eram demais para uma zaga tão porosa. O Peru nem sequer sentia falta da sua dupla titular de armadores, Lobatón e Ballón, suspensos por acúmulo de cartões amarelos. Só sofria na defesa com os cruzamentos na cabeça de Martins: num deles, aos 29 minutos, uma impressionante mão esticada de Gallese salvou o Peru de levar um gol. A equipe não se decompôs. A trave evitou um gol num chute de falta de Farfán logo antes do intervalo. Os peruanos igualavam assim o recorde de arremates numa só etapa (13), estabelecido precisamente pelo Chile em seu duelo contra Bolívia, a equipe com menos posse de bola no torneio.

A entrada dos inspirados Lizio e Escobar no intervalo melhorou a Bolívia, que passou a ter mais posse de bola e encontrou caminhos até Martins e a área rival. Mas faltava o último passe, e o gol não chegava. Os espaços deixados nesse afã ofensivo podiam ser aproveitados em qualquer infiltração pelo rapidíssimo Farfán. O domínio boliviano durou só 15 minutos. O Peru começou a impor sua condição física, substituiu Pizarro pelo jovem Carrillo, com boa atuação, e continuou roçando a goleada em chegadas coletivas. Aos 29 do segundo tempo, um presente de Bejarano a Guerrero foi aproveitado pelo flamenguista para marcar 3 x 0. Os bolivianos não cruzaram os braços e conseguiram o gol da honra num pênalti cometido por Advíncula, que com isso levou o segundo amarelo da competição e está suspenso na semifinal. Pouco depois Guerrero fez uma firula desnecessária num contra-ataque, o que ofendeu os bolivianos: o gesto poderia terminar em outra briga campal – como a da véspera, em Chile x Uruguai –, mas felizmente não foi assim.

A seleção peruana, terceira colocada na edição de 2011, sai muito reforçada, mas também como um azarão numa semifinal em que não tem nada a perder. Gareca parece ter encontrado o bloco com o qual tentará levar o Peru à sua primeira Copa do Mundo desde 1982. Ao final da partida, o discurso no Chile já era outro: o Peru é “uma equipe complicada” para o anfitrião na semifinal.

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