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A MEMÓRIA DO SABOR
Coluna
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Restaurante Celler de Can Roca cozinha em Buenos Aires

Considerado por muitos o melhor restaurante do mundo, ele volta a colocar o pé na estrada

Josep, Joan e Jordi Rocha.
Josep, Joan e Jordi Rocha.NOTIMEX

O Celler de Can Roca chega à Argentina na primeira semana de agosto. Aquele que é considerado por muitos o melhor restaurante do mundo volta a fazer as malas, repetindo a experiência de um ano atrás, quando fechou as portas por quase dois meses e mudou, com toda sua equipe, para o continente americano. Naquela ocasião, cozinharam em Houston, Monterrey, Cidade do México, Bogotá e Lima. Agora, começando em 4 de agosto em Buenos Aires, oferecerão cinco jantares para noventa pessoas. Irão depois para Miami (12 e 13 de agosto), Birmingham (Alabama, EUA, 18 e 19 de agosto) e Houston (EUA, 24, 25 e 26 de agosto), antes de ir para a Europa e finalizar sua turnê em Istambul entre 31 de agosto e 3 de setembro.

A nova turnê dos irmãos Roca repete a experiência de 2014: a cozinha do Celler de Can Roca se adapta aos produtos locais em cada sede. Por isso, Josep Roca fez uma viagem de aclimatação à realidade das cozinhas locais em março de 2015. No caso de Buenos Aires, a conclusão define um cenário de futuro para a gastronomia do país. “Eu pude ver”, me disse, “um país em revolução; talvez melhor do que isso, encontrei uma cozinha preparada por uma geração que está mudando o habitual e que tem levado a Argentina ao mundo”.

Depois irão a Miami, Birmingham (Alabama) e Houston e finalizam sua turnê em Istambul em 3 de setembro

Em seu primeiro contato com o país encontrou produtos que chamaram sua atenção como a lúcia-lima, a quinoa, o amaranto, que já havia conhecido em Ayacucho como kiwicha, o ají locoto (espécie de pimenta) e os pimentões em cacho (“é possível utilizá-los, são deliciosos”), a abóbora-chila, as batatas andinas e as frutas desidratadas

Em sua viagem, esteve em lugares que o surpreenderam, como Jujuy. “É uma despensa extraordinária, vestida de austeridade, dura e seca, que oferece condimentos muito especiais e proporciona a sensação de estar em outro país. Vi uma diferença muito surpreendente entre os argentinos de descendência europeia e os argentinos originais, cuja cultura permanece ancorada na força de uma raiz potente, inalterável, impassível, bela e autêntica”. “Fui embora do Norte com a sensação que é ingênuo, virgem, com contato com a terra e com uma energia diferente”.

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A voz se alegra quando fala de sua experiência com os vinhos. “O vale do Uco, em Mendoza, se transformou no éden dos novos vinhos”, afirma. “Principalmente os terroirs de Altamira e Gualtayarí, onde é possível saborear vinhos absolutamente imprescindíveis no futuro imediato do vinho no mundo. Existem pessoas que não corrigem a acidez, que não buscam obsessivamente a contundência e a gordura”.

Em seu primeiro contato com o país encontrou produtos que chamaram sua atenção como a lúcia-lima, a quinoa e o amaranto

Os irmãos Michelini, Ale Vigil, Eddy del Poppolo, Roberto de la Mota, Sebas Zuccardi, Mausbach são alguns de seus destaques. “Agora”, conclui, “são vinhos de solo, não de sol, mais longos do que largos. Mudaram a base gordurosa da uva amadurecida e o torrado da madeira por fibra e a rigidez asséptica do cimento. Hoje oferecem um perfil fechado, mais suave, construído a base de acidez natural e leveduras indígenas. Uma alegria dentro de um mar que foi monocromático durante anos”. A estadia dos irmãos Roca em Buenos Aires inclui um programa de atividades para profissionais da hotelaria, entusiastas de alto nível e estudantes de hotelaria. Entre elas, uma degustação de vinhos liderada por Josep Roca.

Os cinco jantares do Celler de Can Roca em Buenos Aires ocorrerão nas instalações da La Rural, centro de feiras, exposições e eventos da capital argentina, e contarão com a participação, como ajudantes de cozinha e salão, dos alunos da Fundação Caminho Aberto. Dois deles receberão uma bolsa de quatro meses para estagiar na cozinha do Celler de Can Roca em Girona, em 2016. O mesmo acontecerá quando chegarem em Miami, onde receberão a ajuda dos estudantes da Escola Culinária de Miami. Quando a estadia terminar, os irmãos Roca escolherão entre os estudantes dois bolsistas que trabalharão no restaurante no começo da nova temporada, em janeiro de 2016.

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