Juiz ordena a prisão dos três envolvidos no caso Fifa na Argentina
Justiça dos EUA solicitou detenção do CEO da maior produtora do futebol latino-americano
A Argentina se colocou no centro do escândalo de corrupção da FIFA. Um juiz ordenou a prisão de três pessoas de grande importância no mundo do futebol argentino: Alejandro Burzaco, CEO e chefe da Torneios e Competições, empresa que é a maior produtora do futebol latino-americano, e Hugo e Mariano Jinkis, donos da empresa Full Play Group, que controla os direitos da maioria das seleções da América, sócios de Burzaco. O juiz Marcelo Martínez de Giorgi ordenou a prisão dos três a pedido da justiça dos EUA.
O juiz explicou em uma entrevista ao canal TN que recebeu na noite de quarta-feira o pedido dos EUA e agora se inicia o processo de extradição. Os advogados dos três empresários pediram que eles sejam “eximidos da prisão”, ou seja, que o processo de extradição possa transcorrer sem a necessidade de que eles estejam atrás das grades. O juiz, explicou de Giorgi, tem 24 horas para tomar uma decisão. “Pelo pedido de seus advogados, suspeito que estão na Argentina”, afirma o juiz. “Pediram para que o trâmite seja resolvido sem serem presos, é isso o que significa eximi-los da prisão, é isso que precisa ser resolvido”.
O juiz também explica que não recebeu nenhum pedido para outros dirigentes do futebol argentino, no coração da polêmica pela participação nos supostos subornos de Julio Grondona, histórico dono do futebol argentino, falecido em 2014. “Não tenho nenhum pedido para dirigentes da AFA, somente para estas três pessoas”, afirma o juiz, que explica os próximos passos para uma extradição aos EUA que deve apresentar dificuldades pois a última palavra é do Governo argentino. “Conseguida a captura, é feita uma audiência e notifica-se o pedido que está sendo formulado. Depois devem dizer se concordam em viajar aos EUA. Se não concordarem, é feito o pedido de extradição aos EUA, que deve mandar todos os antecedentes. Sobre esse pedido, a defesa pode oferecer provas, são feitos os trâmites e a realização da audiência de debate, um trâmite curto onde decide-se se a extradição irá ocorrer. A Corte confirma ou revoga e finalmente os antecedentes são enviados ao poder executivo” explica.
Burzaco, o mais conhecido dos três envolvidos, é um personagem muito importante no mundo do negócio do futebol latino-americano. Sofreu um revés importante em 2009 quando o Governo de Cristina Kirchner decidiu retirar-lhe os direitos do futebol argentino, que sua empresa geria em emissão por cabo (transmissões pagas) para começar a transmiti-lo gratuitamente na televisão pública. O programa se chama “futebol para todos” e é muito polêmico por conta de seu custo para o Estado, mas foi uma grande vitória política, já que todos os argentinos agradecem por assistir futebol grátis e, além disso, nos intervalos o Governo veicula publicidade oficial dos projetos de Kirchner.
Burzaco, entretanto, soube reinventar-se e se transformou no principal sócio do Governo, que o encarrega da transmissão das partidas já que sua empresa é a única que possui a tecnologia para fazê-la. Mas sua empresa é também a dona dos direitos da Copa Libertadores, e por isso nas imagens do último clássico entre Boca e River, que foi suspenso na metade do jogo, Burzaco aparece no centro do campo discutindo com o delegado da Conmebol.
A Torneios e Competições é a mais importante produtora de futebol da América Latina, e se encarregará da Copa América. O Governo argentino oferece futebol gratuitamente, mas compra de Burzaco os direitos dos torneios que ele adquiriu previamente, por exemplo a Copa América, que será disputada em junho no Chile e desperta muito interesse na Argentina. Comprou também os direitos da Copa do Mundo do Brasil em 2014, na qual a Argentina foi finalista.
O Executivo paga à empresa de Burzaco aproximadamente 554,8 milhões de reais por ano por diversos direitos de emissão das partidas, segundo fontes do setor. A empresa de Burzaco produz 15.000 horas de programas esportivos em toda a América Latina, e é proprietária de metade do Canal TyC Sports, a outra metade pertence ao Grupo Clarín, inimigo figadal do Governo de Cristina Kirchner.
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