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UEFA decide não boicotar o congresso da FIFA

O organismo, dirigido por Michel Platini, declara apoio a Bin Hussein para presidir a FIFA

Luis Doncel
Michel Platini, durante um ato da UEFA
Michel Platini, durante um ato da UEFACLAUDIO ÁLVAREZ

O escândalo de subornos, corrupção e lavagem de dinheiro em torno da FIFA já se converteu em guerra declarada na organização que dirige o futebol mundial. Na manhã de quinta-feira, poucas horas antes da abertura do congresso da FIFA, a tensão era nítida no hotel Kameha Grand, de Zurique, onde os dirigentes da UEFA estão reunidos. Depois de mais de duas horas de deliberação, a confederação europeia decidiu retirar sua ameaça de boicote do congresso que começa em poucas horas e que, na sexta-feira, vai decidir se Joseph Blatter será eleito presidente da FIFA pela quinta vez consecutiva. “Se não formos ao congresso, é certeza que Blatter será eleito. Seu rival vai ganhando apoio”, comentou na saída da reunião o holandês Michael van Praag. A UEFA explicitou seu apoio ao rival de Blatter, o príncipe jordaniano Ali bin Hussein.

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Depois da prisão no dia anterior de sete altos dirigentes da FIFA, entre os quais dois vice-presidentes da organização, a confederação europeia de futebol agora pede “uma reforma verdadeira”. O organismo dirigido por Michel Platini já tinha solicitado no dia anterior que fosse adiada a votação de Blatter.

Crescem as pressões sobre Blatter. Não é apenas a UEFA que quer sua cabeça. A Visa ameaçou cancelar seu patrocínio se a FIFA não empreender reformas “imediatas”, disse a empresa em comunicado de tom áspero. Outras confederações, como a asiática, demonstraram apoio incondicional ao suíço que comanda o futebol mundial desde 1998. Revelando a gravidade da situação, Blatter organizou na manhã de quinta-feira uma reunião de crise com os representantes das seis confederações. Não puderam participar os presidentes da CONCACAF, Jeffrey Web, e o da Confederação Sul-americana, Eugenio Figueredo, por estarem presos.

Enquanto isso, Blatter não está aparecendo diante da mídia, diferentemente do que era o habitual em congressos anteriores. O presidente da FIFA cancelou seu discurso previsto para a quinta-feira no congresso médico. Esta tarde, ele discursará na inauguração do 65º congresso da FIFA, e ninguém prevê que mude uma vírgula sequer em relação ao que seu porta-voz já disse na quarta-feira: que Blatter não vai abandonar seu cargo, que a votação não será adiada e que a escolha das sedes para as Copas de 2018 na Rússia e 2022 no Qatar, também investigadas por possíveis irregularidades, não serão revistas.

A UEFA, a confederação mais poderosa, se opõe aos planos de Blatter. “O próximo Congresso da FIFA corre o risco de se converter em uma farsa, e por isso as federações europeias precisam analisar cuidadosamente até mesmo se devem comparecer a esse Congresso e advertir sobre um sistema que, se não for impedido, acabará por matar o futebol”, diz o texto preparado pela confederação dirigida por Platini.

“Os membros do Comitê Executivo da UEFA estão convencidos de que há grande necessidade de uma mudança na liderança da FIFA e acreditam firmemente que o congresso da FIFA deveria ser adiado e que as próximas eleições para a presidência da entidade deveriam ser organizadas nos próximos seis meses”, conclui o documento.

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