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Dilma envia carta a mulheres de políticos presos venezuelanos

Esposas de Ledezma e López, que visitaram Brasília, não foram recebidas por presidenta

El País
São Paulo -
Mitzy Capriles conversa com Aécio Neves durante reunião no Senado.
Mitzy Capriles conversa com Aécio Neves durante reunião no Senado.EVARISTO SA (AFP)

Lilian Tintori e Mitzy de Ledezma viajaram para Brasília na quarta-feira na esperança de um encontro com Dilma Rousseff. Casadas respectivamente com o opositor venezuelano Leopoldo López, líder do partido Vontade Popular, e com o prefeito de Caracas Antonio Ledezma – os dois presos pelo regime de Maduro -, elas aterrissaram na capital do país após ter passado por São Paulo, onde tiveram reuniões com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e com o governador Geraldo Alckmin. Não conseguiram se encontrar com a presidenta, mas não saíram com as mãos vazias.

Elas receberam uma carta enviada por Dilma, na qual a presidenta elogia a iniciativa das mulheres, e afirma buscar “incansavelmente uma solução para a crise política da Venezuela, dentro do mais absoluto respeito ao Estado democrático”. No texto, Dilma não explica as razões de não recebê-las. O senador Aécio Neves (PSDB) e integrantes da comissão de Relações Exteriores do Senado também conversaram com as venezuelanas nesta quinta, e a casa aprovou uma moção de repúdio às "prisões arbitrárias"

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Tintori e Mitzy viajam por vários países buscando apoio de líderes para a libertação dos presos políticos venezuelanos. Lopez está preso há um ano e três meses, e Ledezma desde fevereiro. Os dois são acusados de conspirar contra o Governo de Maduro, no entanto seus advogados alegam que nenhuma prova concreta foi apresentada no processo, e que as prisões são arbitrárias. Eles teriam assinado um manifesto contra o presidente, que vem sendo usado pela promotoria como principal evidência dos crimes. Contra López pesa ainda a acusação de ter ajudado a inflamar os violentos protestos contra o Governo em 2014, que terminaram com dezenas de mortos.

É a segunda vez que a presidenta se posiciona de forma mais incisiva com relação à situação política do país vizinho – o Governo insiste que a mediação por meio da Unasul está funcionando para baixar as tensões. A primeira vez que ela criticou a prisão dos opositores foi em abril, durante a Cúpula das Américas: “Não pensamos que a melhor relação com a oposição seja prender quem quer que seja”, afirmou Dilma em entrevista à CNN. Em São Paulo, Tintori fez questão de elogiar as declarações de Dilma com relação às prisões no país: “Agradecemos enormemente as palavras que pronunciou a presidenta [Dilma Rousseff] na Cúpula das Américas. Ela pediu a libertação dos presos políticos na Venezuela". Ela também havia dito esperar ser "recebida por todos que respeitam os Direitos Humanos, a democracia e a liberdade”.

A ONU e vários líderes – como o vice-presidente americano Joe Biden – defendem a libertação dos políticos: de acordo com Tintori, atualmente existem “98 presos políticos” em seu país. FHC se uniu à iniciativa do ex-primeiro-ministro espanhol Felipe González de defender os políticos presos venezuelanos. González prepara viagem para Caracas no dia 17 de maio, e o ex-presidente tucano estuda acompanhá-lo. O PSDB tem condenado abertamente o Governo de Maduro pelas prisões e acusa o Governo Dilma de ser omisso no caso. O PT tem cerrado filas ao lado dos chavistas, enquanto o Itamaraty e o Planalto têm feito críticas veladas.

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