_
_
_
_

“Dilma é sensível para questões de direitos humanos e prisão injusta”

No Brasil, mulheres de políticos venezuelanos presos se reúnem com FHC e irão a Brasília

Gil Alessi
Tintori e Mitzy com Fernando Henrique.
Tintori e Mitzy com Fernando Henrique.Reprodução/Twitter

“Sabemos que a presidenta [Dilma Rousseff] é sensível para a questão dos direitos humanos, das torturas e da prisão injusta... [Temas] Que ela conhece tão bem”. As palavras de Lilian Tintori, mulher do opositor venezuelano Leopoldo López, líder do partido Vontade Popular e preso há um ano e três meses acusado de tentativa de golpe por Nicolás Maduro, remetem ao passado da petista, detida e torturada durante a ditadura militar. Tintori e Mitzy de Ledezma, mulher do prefeito de Caracas Antonio Ledezma, preso em fevereiro deste ano, estão no Brasil para chamar atenção para o caso. Para isso, contam com o apoio de políticos do PSDB, entre eles o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o governador paulista, Geraldo Alckmin, com quem se encontraram nesta terça-feira, e com os holofotes que esperam atrair em Brasília. Na quinta, falarão na Comissão de Relações Exteriores do Senado,  em audiência pública quinta. É lá que esperam que deputados da oposição as ajudem a constranger o Governo Dilma, a quem julgam estar fazendo menos do que pode para libertar seus maridos.

Mais informações
Promotora diz que González não pode defender venezuelanos
Mudança eleitoral deve complicar a vitória da oposição venezuelana
Venezuela declara Felipe González uma ‘persona non grata’ no país
ONG calcula em 89 o número de presos políticos na Venezuela
O opositor Leopoldo López: “Hoje estou preso, mas livre de espírito”

Os dois políticos presos são acusados de conspirar contra o Governo de Maduro, no entanto seus advogados alegam que nenhuma prova concreta foi apresentada no processo, e que as prisões são arbitrárias. Eles teriam assinado um manifesto contra o presidente, que vem sendo usado pela promotoria como principal evidência dos crimes. Contra López pesa ainda a acusação de ter ajudado a inflamar os violentos protestos contra o Governo em 2014, que terminaram com dezenas de mortos. A ONU e vários líderes – como o vice-presidente americano Joe Biden – defendem a libertação dos políticos: de acordo com Tintori, atualmente existem “98 presos políticos” em seu país. “Eles estão detidos por pensar diferente do regime de Maduro. Querem eliminar a oposição. Não podemos ter democracia sem oposição”, afirmou após encontro com o governador Alckmin, que as chamou de “guerreiras”. Mais cedo, as duas se reuniram com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

FHC se uniu à iniciativa do ex-primeiro-ministro espanhol Felipe González de defender os políticos presos venezuelanos. González prepara viagem para Caracas em 17 de maio, e o ex-presidente tucano estuda acompanhá-lo. O PSDB tem condenado abertamente o Governo de Maduro pelas prisões e acusa o Governo Dilma de ser omisso no caso. O PT tem cerrado filas ao lado dos chavistas, enquanto o Itamaraty e o Planalto têm feito críticas veladas, mas insistem que a mediação por meio da Unasul está funcionando para baixar as tensões. A declaração do Governo brasileiro mais comemorada pelos críticos de Maduro veio da própria presidenta, durante a Cúpula das Américas, em abril: “Não pensamos que a melhor relação com a oposição seja prender quem quer que seja”, afirmou Dilma em entrevista à CNN.

Esperamos ser recebidas por todos que respeitam os direitos humanos, a democracia e a liberdade”

As duas seguem amanhã para Brasília, onde devem ser recebidas pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), além de participar da audiência na Comissão de Relações Exteriores. Elas esperam ainda conseguir uma audiência com Dilma. “Esperamos ser recebidas por todos que respeitam os Direitos Humanos, a democracia e a liberdade”, afirmou Tintori. A mulher de López, no entanto, fez questão de elogiar a postura de Dilma com relação às prisões no país: “Agradecemos enormemente as palavras que pronunciou a presidenta [Dilma Rousseff] na Cúpula das Américas. Ela pediu a libertação dos presos políticos na Venezuela".

Em seu discurso após o encontro, Alckmin afirmou que “a democracia é um compromisso de todos nós, aliás no Mercosul há uma cláusula que é a cláusula democrática. Para integrar o Mercosul há que ter o compromisso com o exercício da democracia, e não há democracia sem contraditório”. A Venezuela ingressou no bloco econômico apenas em 2012. No Senado brasileiro, que teve que ratificar a inclusão do novo país-membro, o PSDB votou contra.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_