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Dilma: “Não estamos vivendo uma crise das dimensões que dizem”

Presidenta diz que país passa por problemas "estritamente conjunturais"

Marina Rossi
Dilma Rousseff, nesta terça-feira em São Paulo.
Dilma Rousseff, nesta terça-feira em São Paulo.PAULO WHITAKER (REUTERS)

Após ser vaiada na abertura do 21 Salão Internacional da Construção pelas pessoas que trabalhavam nos estandes, a presidenta Dilma Rousseff ainda levou um puxão de orelha do setor. "Presidenta, nos incentive, por favor", pediu Walter Cover, presidente da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco).

Dilma, por sua vez, tentou reagir. Na cerimônia de abertura do evento, em um auditório fechado, fez um discurso de meia hora, assumindo a crise econômica que o Brasil vem passando, mas, ao mesmo tempo, tentando amenizar a situação. "É verdade que o Brasil passa por um momento difícil, mais difícil do que vivemos nos últimos anos recentes", disse a presidenta. "Mas nem de longe nós estamos vivendo uma crise das dimensões que alguns dizem que nós estamos vivendo. Nós passamos por problemas conjunturais, estritamente conjunturais", disse, sem sorrisos, vestida com uma roupa sóbria inteira preta.

Repetindo a palavra 'crise' por sete vezes, Dilma Rousseff disse que "não existe uma crise que paralisa o país". E destacou que os programas sociais do Governo, como o Bolsa Família e o Minha Casa Minha Vida, não serão comprometidos pelas medidas de correção tributária que já começaram a ser tomadas pelo Governo, como o aumento das alíquotas da contribuição previdenciárias sobre o faturamento das empresas e o estabelecimento de limites de gastos para os ministérios. "As dificuldades que existem e as medidas, tanto tributárias, como de correção que nós estamos tomando para superá-las, não vão comprometer as conquistas sociais", disse. "Tampouco vão fazer o país parar ou comprometer o futuro do país".

A presidenta foi categórica ao afirmar que a maior bandeira do PT - o Bolsa Família - não será modificada para que o país ajuste suas contas: "O Minha Casa, Minha Vida permanece intacto; o Bolsa Família permanece intacto", disse para uma plateia que mal chegava a preencher metade do auditório Elis Regina, no Parque Anhembi, que comporta 800 pessoas no total.

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Ao lado do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), do ministro das Cidades Gilberto Kassab (PSD), do vice-governador do Estado de São Paulo Marcio França (PSB), Dilma respondeu a algumas demandas feitas por autoridades do setor, dentre eles, Walter Cover e Cláudio Elias Conz, presidente da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção, Abramat. O segmento pediu pela manutenção dos programas sociais - responsável por 50% do mercado de construção no ano passado, segundo Conz - investimento no crédito imobiliário e a abertura de um novo programa de concessões para a construção de rodovias e aeroportos. Além disso, Conz pediu a revisão dos mecanismos de desoneração da folha de pagamento.

Para responder às demandas, a presidenta destacou os números do setor. Afirmou que o crédito imobiliário passou de 20,5 bilhões de reais em 2003, primeiro ano do Governo Lula, para 498 bilhões de reais no ano passado. Assim como o volume de empregos gerados nesse segmento, de 1 milhão para 2,7 milhões no mesmo período. Disse que o setor alcançou um patamar superior e que "hoje representa um papel estratégico e importante" para o desenvolvimento do país. E mencionou medidas tributárias tomadas no setor, como a isenção do IPI para materiais de construção.

Segundo a presidenta, a expectativa do Governo é que o país comece a se recuperar no final deste ano. "Não deixem que as incertezas conjunturais determinem sua visão de futuro do Brasil. Nossa economia tem fundamentos sólidos e nós temos todas as condições de passar a uma nova etapa", disse. "Nós vamos - e é o nosso objetivo - fazer todo o esforço ao nosso alcance para que até o final deste ano os sinais de recuperação já comecem a aparecer".

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