Os implicados
Quem são os acusados por Janot, entre eles os presidentes da Câmara e do Senado
“Quem tiver de pagar, vai pagar”, disse o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao entregar a ‘lista maldita’ com os nomes de políticos envolvidos na Lava Jato ao Supremo Tribunal Federal (STF). São 28 denúncias contra 54 pessoas. A grande maioria dos citados até o momento é ligada ao PMDB, e ao PP, partidos da base do Governo de Dilma Rousseff. Veja abaixo alguns dos nomes da lista dos denunciados no STF. Procurados antes da divulgação oficial da lista, alguns dos implicados se manifestaram negando as acusações.
Eduardo Cunha (PMDB-RJ)
O deputado federal e presidente da Câmara dos Deputados se fortaleceu este ano ao derrotar o candidato do Governo, Arlindo Chinaglia, na disputa pelo comando da Casa. Assumiu o cargo dizendo que uma de suas bandeiras será garantir a “independência” do Legislativo frente ao Executivo. Evangélico e fiel da igreja neopentecostal Sara Nossa Terra, Cunha foi presidente da Telecomunicações do Estado do Rio de Janeiro (Telerj) durante o Governo de Fernando Collor de Mello (1990-1992), quando era filiado ao PRN. Nesta época, Eduardo Cunha chegou a ter seu nome citado nas investigações dos esquemas de corrupção de PC Farias, além de ter sido acusado de superfaturar um aditivo de 92 milhões de dólares em contratos da Telerj. Nesta semana, Cunha confirmou que contratou o ex-procurador-geral da República Antonio Fernando Souza para atuar como seu advogado. "Se todos os jornais estão publicando, declarando que eu estou com algum pedido de investigação, é natural que eu busque um advogado que possa buscar saber informações", disse ele.
Renan Calheiros (PMDB-AL)
Atual presidente do Senado – já é seu quarto mandato à frente da Casa -, Calheiros foi reeleito para mais dois anos no cargo no início do ano,com o apoio da presidenta Dilma Rousseff (PT). Esta semana, no entanto, o parlamentar confrontou o Governo ao devolver uma Medida Provisória editada pelo Executivo que reduzia a desoneração da folha de pagamento. Em 2007 ele deixou a presidência do Senado após denúncias de que teria usado dinheiro de lobistas para pagar a pensão de uma filha fora do casamento. À época, Calheiros chegou a sofrer processo de cassação, mas foi absolvido pelo plenário do Senado. Em 2013 ele voltou a presidir a Casa. Ele se queixa do processo. Em nota, diz que a Procuradoria "atropelou a legislação" e que "essa grave e deliberada omissão subtraiu do Presidente do Congresso Nacional, contra a lei, a oportunidade de contestar as inverdades levantadas contra a sua pessoa".
Fernando Collor (PTB-AL)
Segundo a Polícia Federal, o senador - e ex-presidente da República - recebeu três milhões de reais do doleiro Alberto Youssef. Hoje um aliado do Governo, tendo apoiado a reeleição de Rousseff em 2014, Collor foi eleito para a chefia do Executivo em 1989, após vitória sobre o petista Luís Inácio Lula da Silva. Chamado pela imprensa de “o caçador de marajás”, foi responsável por abrir o mercado brasileiro para as indústrias estrangeiras. Em 1992 a Câmara votou pelo impeachment do presidente, envolvido em denúncias de favorecimento de parentes e desvio de dinheiro. Ele renunciou antes de ser cassado. A assessoria do ex-presidente e atual senador Fernando Collor (PTB) reafirmou que as “informações padecem de absoluta falta de veracidade e credibilidade, ainda mais quando recolhidas e vazadas de depoimentos tomados em circunstâncias que beiram a tortura de um notório contraventor da lei, agravados por suas condições físicas e psicológicas.”
Edison Lobão (PMDB-MA)
Ex-ministro de Minas e Energia dos Governos de Lula e Rousseff, o senador Lobão já foi deputado federal pelo partido ARENA, que dava sustentação à ditadura militar no país. Antes de deixar o ministério, Lobão defendeu a ex-presidente da Pertrobras, Graça Foster, e afirmou que a crise na estatal era “circunstancial”e “não tem origem sólida”. Em 2010 ele foi acusado de ter montado suposto esquema para se apropriar do ouro do garimpo de Serra Pelada, no Pará, o que o peemedebista sempre negou. A assessoria do ex-ministro não respondeu ao contato da reportagem.
Gleisi Hoffmann (PT-PR)
Ex-ministra da Casa Civil de Rousseff, a senadora foi citada pelo doleiro Alberto Youssef e pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa em depoimentos prestados à Polícia Federal durante a operação Lava Jato. Segundo eles, Hoffmann teria recebido doações irregulares pagas por investigados no escândalo de corrupção na Petrobras durante sua campanha em 2010, o que ela nega. Nesta semana, a senadora Gleisi Hoffmann (PT) afirmou por meio de sua assessoria que reitera seu posicionamento dado anteriormente, em que negou qualquer envolvimento com o esquema de corrupção.
Antonio Anastasia (PSDB-MG)
O ex-governador de Minas Gerais e senador por Minas Gerais foi a grande surpresa da lista de investigados da procuradoria-geral da República. Afilhado político do senador Aécio Neves (PSDB), ele é o único tucano na relação de nomes entregue ao Supremo Tribunal Federal. Ele foi citado por Jayme Alves de Oliveira Filho, o Careca, que disse ter entregado um milhão de reais ao candidato a governador Anastasia a mando do doleiro Alberto Youssef em 2010.
Nelson Meurer (PP-PR)
De acordo com as investigações da Lava Jato, o deputado federal teria recebido 159.000 reais do doleiro Carlos Habib Chate a pedido de Alberto Youssef. Chate está preso acusado de envolvimento no escândalo de corrupção da Petrobras. O parlamentar nega participação no caso. Além disso, o nome do pepista apareceu na agenda apreendida na casa do ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa. Meurer é membro do Conselho de Ética da Câmara Federal.
Valdir Raupp (PMDB-RO)
O senador já teve seu nome envolvido em diversos escândalos no Congresso: em 2012 Raupp e sua esposa, a deputada deputada Marinha Raupp (PMDB-RO), foram acusados de terem feito três viagens internacionais pagas com dinheiro publico. No mesmo ano, o Ministério Público denunciou o senador por ter desviado dinheiro de Rondônia para dar a empresas de comunicação, na época em que Raupp era o governador do Estado (1994-1998). O processo ainda tramita no STF.
Mário Negromonte (PP-BA)
O ex-ministro das cidades do governo Rousseff deixou o cargo em 2012 após acusações de ter pago 30.000 reais a deputados de seu partido em troca de apoio dentro do PP. Atualmente Negromonte é conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios da Bahia, logo o processo sobre seu envolvimento na Lava Jato deveria correr no Supremo Tribunal de Justiça. No entanto, fontes apontam que Janot teria pedido para que o inquérito fosse julgado pelo STF
Lindberg Farias (PT-RJ)
O senador petista ganhou notoriedade na política brasileira em 1992. À época Farias era presidente da União Nacional dos Estudantes e foi uma das principais lideranças do movimento dos jovens caras-pintadas que pediam o impeachment do então presidente da República Fernando Collor de Melo. Ao jornal Folha de S. Paulo o parlamentar afirmou que se reuniu com Paulo Roberto Costa em três ocasiões em 2014, para discutir “meu programa de governo na área de petróleo e gás” e doações para a campanha – Farias disputou o Governo do Rio de Janeiro no ano passado. Ele já foi prefeito de Nova Iguaçu, e chegou a ser condenado por improbidade administrativa pelo Tribunal de Justiça do Rio, mas recorreu e conseguiu reverter a sentença.
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