Estados Unidos e Cuba iniciarão conversações em 21 de janeiro
Encontro para normalizar as relações será em Havana
Os Estados Unidos e Cuba começarão a discutir o processo de normalização das relações diplomáticas em 21 e 22 de janeiro em Havana, confirmou na quinta-feira o Departamento de Estado norte-americano.
Essa é a data marcada para o início das conversações migratórias – um encontro semestral mantido nos últimos anos – que servirão de marco para as negociações mais profundas e complexas que procuram pôr fim a mais de meio século de tensão bilateral, tal como anunciou o presidente Barack Obama em 17 de dezembro.
Serão aproveitadas “as conversações migratórias previamente planejadas para lançar uma discussão com o Governo cubano sobre a normalização das relações diplomáticas”, explicou a porta-voz do Departamento de Estado, Jennifer Psaki.
A delegação norte-americana será chefiada pela secretária de Estado adjunta para Assuntos Hemisféricos, Roberta Jacobson, que se tornará na mais alta funcionária do Departamento de Estado a viajar à ilha nos últimos anos.
De fato, ela foi a última funcionária de alto escalão a viajar para Havana, em 2011, mas naquela altura era apenas a número dois no escritório que agora chefia, a principal responsável pelas políticas para a América Latina da diplomacia americana.
Psaki insistiu que o encontro do final de janeiro em Havana é só o começo de um processo “contínuo” para a normalização das relações, algo que levará tempo e que até o momento não tem um calendário definido, conforme ressaltou.
Cuba e Estados Unidos iniciaram as conversações migratórias, um encontro semestral realizado de forma alternada em Havana e Washington, em 1995. O estopim foi a “crise dos balseros” de 1994, quando 37.000 cubanos se lançaram ao mar para tentar chegar ao território americano fugindo do “período especial”, a grave crise econômica que vivia a ilha desde a desintegração do bloco soviético, e depois do maior protesto contra Fidel Castro.
Com a chegada de George W. Bush ao poder, esse diálogo, no qual eram negociados, entre outros assuntos, o número de vistos anuais e questões relativas a uma migração “ordenada e segura”, ficou suspenso a partir de 2003.
Obama deu carta branca a sua retomada em julho de 2009. Mas a detenção, em dezembro daquele ano, do norte-americano Alan Gross em Cuba e sua condenação, em março de 2011, a 15 anos de prisão provocou outra suspensão das conversações depois da reunião semestral celebrada em Havana em janeiro de 2011, precisamente a que foi chefiada por Jacobson quando ainda era sub-secretária adjunta.
Após um impasse de dois anos e meio, as partes retomaram os encontros regulares em julho de 2013. O último aconteceu em Washington em julho do ano passado.
O anúncio da data de início das conversações para normalizar as relações bilaterais coincide com a notícia da libertação, em Cuba, de outros cinco presos políticos. São membros da União Patriótica de Cuba, (Unpacu), segundo confirmou a própria organização oposicionista em um comunicado.
Os libertados formariam parte da lista de 53 presos políticos cuja libertação teria sido proposta por Washington e consentida por Cuba no acordo com os Estados Unidos. Mas o Governo Obama insiste que se trata de um passo que Havana decidiu dar por conta própria, assim como Washington decidiu de forma unilateral aliviar algumas das restrições à ilha.
Nos últimos dias aumentaram as exigências da imprensa americana e de organizações oposicionistas em Cuba para que sejam divulgados os nomes dos 53 prisioneiros beneficiados pela medida, algo a que os Estados Unidos se opõem por considerar que o melhor é não fazer o Governo cubano se sentir pressionado.
“Chegamos à conclusão de que a melhor maneira de garantir a libertação desses indivíduos é não divulgar seus nomes”, reiterou Psaki na quinta-feira. “Nós sabemos quem está na lista. O Governo cubano assegurou-nos que vai libertar esses indivíduos. Nós o encorajamos a fazê-lo rapidamente e estamos confiantes de que o fará”, arrematou.
Tu suscripción se está usando en otro dispositivo
¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?
Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.
FlechaTu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.
Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.
En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.
Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.