_
_
_
_
_

Peña Nieto dá uma grande cartada ao anunciar um novo aeroporto na capital

O presidente do México pretende tirar a economia do país do estado de letargia com um forte investimento em obras públicas

Jan Martínez Ahrens
Peña Nieto ao acabar seu segundo relatório de Governo.
Peña Nieto ao acabar seu segundo relatório de Governo.EFE

O presidente do México, Enrique Peña Nieto, iniciou na última segunda-feira a segunda etapa de seu mandato com uma decidida aposta no investimento em obras públicas como motor da reativação econômica. Terminado o período de reformas legislativas, Peña Nieto aproveitou a apresentação do segundo balanço presidencial, uma detalhada prestação anual de contas, para marcar o novo rumo de seu governo e impor uma sonora jogada de efeito com o anúncio da construção de um novo aeroporto para a capital, com seis pistas.

A gigantesca obra, que tem orçamento próximo dos 9 bilhões de dólares (20 bilhões de reais) e quadruplicará a capacidade do atual, é o ponto alto de um plano de infraestrutura que iria requerer nos próximos anos uma injeção de 590 bilhões de dólares (63% procederia dos cofres públicos), um dos maiores programas de investimento da América Latina. Grande parte desse capital se destinará à melhoria das comunicações e transportes, principalmente estradas, ferrovias e portos.

“Quando tomei posse em 1 de dezembro de 2012, era urgente dar um grande passo, era o momento de romper com mitos e limitações. Para isso conseguimos o Pacto pelo México, um acordo nacional com as principais forças políticas. A pluralidade permitiu as reformas. Em 11 de agosto, com a promulgação das últimas leis se encerrou uma etapa. E o que vem agora? Implementá-las”, afirmou Peña Nieto.

A previsão de crescimento para 2014 foi rebaixada, em sucessivos cortes, até um insatisfatório 2,7%, muito distante dos 5% almejados pelo presidente

No pronunciamento, de uma hora e meia, o presidente enumerou os êxitos obtidos nesses 21 meses de governo e se deteve especialmente na luta contra a criminalidade e a fome, e nas conquistas em educação e política externa. Fez também uma defesa firme da reforma energética, com a qual o México, nas palavras do presidente, “se atreveu a mudar seu futuro”. Mas o momento culminante foi o dedicado ao programa de infraestrutura. Um plano que, segundo reconhecem membros do Governo, tem um objetivo claro: tirar da letargia a economia mexicana, cuja previsão de crescimento para 2014 foi rebaixada em sucessivos cortes até um insatisfatório 2,7%, muito distante dos 5% almejados pelo presidente. “A economia vai na direção correta, mas ainda não chegamos àquilo de que necessitamos. O desafio do crescimento acelerado, duradouro e sustentável só poderíamos encarar se realizássemos mudanças de fundo. E reformar implica tomar decisões”, disse Peña Nieto.

Ao contrário das receitas quase imediatas que serão geradas pelo potente aumento do investimento em infraestrutura, o histórico pacote legislativo aprovado em agosto, e cuja gestação absorveu os primeiros 18 meses de presidência, levará anos para surtir efeito e produzir retornos tangíveis. Outra vantagem do plano de choque é que, em um momento de erosão nas pesquisas, permite recuperar a iniciativa em um terreno tão próximo do cidadão, o da infraestrutura e dos transportes. E poucas obras são tão simbólicas como a construção de um novo aeroporto para a capital, o “maior projeto dos últimos anos e um dos mais importantes do mundo”, nas palavras de Peña Nieto. A atual instalação, além disso, chegou a um ponto avançado de saturação. Sua capacidade é de 32 milhões de passageiros por ano e em 2013 alcançou 31,5 milhões. Sofre constantes atrasos. Seu novo terminal, inaugurado em 2007, tem uma vida prevista de 12 anos.

Embora as incertezas não tenham sido eliminadas de todo, o segundo aeroporto estaria situado em Texcoco, no Estado do México, a cerca de 10 quilômetros do atual, localizado no Distrito Federal. Ali o Governo dispõe de uma área reservada de 5.500 hectares, onde em etapas anteriores já se tentou abrir pistas. Mas a oposição dos moradores e os próprios custos de uma obra de tal magnitude levaram a ideia a ser descartada.

Agora, o curso das coisas mudou. A aposta pública de Peña Nieto e a solenidade de sua apresentação tornam difícil voltar atrás. O projeto, de fato, já é fruta madura: o Governo tem sobre a mesa sete projetos aeroportuários, entre os quais um de Norman Foster e Fernando Romero, o genro do magnata das telecomunicações Carlos Slim. “A construção de um novo aeroporto é um ato de responsabilidade. Não só beneficia à zona metropolitana, mas todo o país, porque é a porta do México para o mundo”, enfatizou Peña Nieto.

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_