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Entenda a difusa divisão das minorias no Iraque

Cerca de 5% dos 35 milhões de iraquianos pertence às minorias como os turcomanos e yazidis

A. E.
Yazidis refugiados pela violência do Estado Islâmico.
Yazidis refugiados pela violência do Estado Islâmico.YOUSSEF BOUDLAL (REUTERS)

Na falta de um censo atualizado, estima-se que 60% dos 35 milhões de iraquianos são árabes de religião xiita, pouco menos de 20% são árabes sunitas, outra cifra similar de curdos (a maioria sunita, mas são também xiitas) e os 5% restantes, outras minorias como os turcomanos, os armênios ou os shabak, mas também dentro dessas comunidades existem grupos religiosos minoritários como os yazidis ou os kakais (ambos curdos). Frequentemente, as linhas étnico-religiosas são difusas, como no caso dos cristãos. Somente na região atualmente em conflito pela presença do Estado Islâmico se encontram os seguintes:

Turcomanos. Terceiro grupo étnico do Iraque, cujas cifras variam entre meio milhão e três milhões, segundo as fontes. São descendentes das sucessivas migrações turcas para a Mesopotâmia desde o século VII até o império otomano. Se concentram em Kirkuk, Erbil, Mosul e Tell Afar. Três quintos deles seguem o islã sunita, e o resto, o xiita.

Cristãos. São uma verdadeira sopa de letras de ritos e procedências. Os mais numerosos são os caldeus (que seguem o rito católico oriental). Existem também os assírios (ou nestorianos), siríacos (ortodoxos orientais) e, mais recentemente, até protestantes. Chegaram a somar 5% da população, mas já desde as sanções internacionais dos anos noventa emigraram em uma proporção mais alta que o resto. Hoje não alcançam 2%. Além dos armênios (entro os quais existem católicos romanos e ortodoxos orientais), os cristãos podem ser árabes ou curdos (nas montanhas do Curdistão existem igrejas escavadas na rocha que datam do século III).

Yazidis. Grupo étnico-religioso de cultura e fala curda, cujas crenças remontam ao zoroastrismo, mas foram então influenciados por outros credos, sobretudo o sufismo. Foram vítimas do preconceito popular que os considera adoradores do diabo por sua veneração ao anjo caído que outros credos chamam de Lúcifer ou Satã. Estima-se que meio milhão de pessoas segue esse credo em todo o mundo. Mais da metade deles vive no Iraque, sobretudo nos arredores de Mosul, ainda que agora seus líderes elevem essa cifra. Também existem comunidades menores na Armênia, Geórgia, Irã, Rússia, Síria e Turquia.

Kakais. Denominação que se dão os yarsan do Iraque. Yarsan é uma religião sincrética fundada no século XIV no principado de Ardalan (no oeste do atual Irã) e muito vinculada ao dialeto curdo gorani falado nessa região. A maioria de seus seguidores são curdos do Irã e do Iraque, ainda que existam também pequenos grupos de persas, árabes, loris e azeris. Também conhecidos como Ahl-e Haqq (Povo do Espírito) por sua veneração aos anjos que faz com que alguns autores os relacionem com os credos yazidi e alevi.

Shabaks. Grupo étnico-religioso que conta com seu próprio idioma, o shabaki, muito próximo ao curdo gorani do noroeste do Irã, de onde se acredita que imigraram no século XVII. Seu número é estimado em 60.000, a maioria na comarca de Sinjar, na província de Nínive. 70% é xiita e o resto, sunita, ainda que alguns elementos de sua cultura deem um toque peculiar aos seus ritos.

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