Putin visita a Crimeia anexada
O presidente da Rússia visitará a sede principal da base da Frota do mar Negro
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, começa nesta quarta-feira uma visita de dois dias à Crimeia, anexada pelo governo russo em março passado, embora a maioria dos países –entre eles Estados Unidos e as nações da União Europeia–continue considerando a península território ucraniano. A agenda de Putin –que já visitou a Crimeia em 9 de maio em comemoração à vitória russa sobre a Alemanha nazista– é bem apertada e prevê reuniões tanto em Sebastopol como em Yalta.
Putin chega à Crimeia enquanto persiste o conflito aberto entre as tropas da Ucrânia e os separatistas pró-russos no leste do país, confronto armado no qual já morreram cerca de 1.500 pessoas nos últimos meses, incluídos os passageiros de um avião comercial derrubado no mês passado. As relações entre o Ocidente e a Rússia estão em seu momento mais tenso desde a Guerra Fria.
O líder russo –que graças à reincorporação da Crimeia à Federação Russa viu sua popularidade alcançar o nível mais alto, com mais de 80% de apoio– participará de uma “reunião operacional” em Sebastopol, sede principal da base da Frota do mar Negro. No dia seguinte, se encontrará com os grupos parlamentares dos partidos representados na Duma Estatal. São consultas realizadas pelo presidente nas vésperas do início do ano político na Rússia e que também terão a participação do primeiro-ministro Dmitri Medvedev, do presidente da Duma, Serguei Narishkin, dos líderes dos grupos parlamentares e ministros federais.
Alguns legisladores aproveitaram este calendário para chegar antes e fazer proselitismo. Assim, os deputados da Rússia Unida desembarcaram na terça-feira para realizar durante dois dias “encontros com os habitantes e grupos de trabalhadores da Crimeia e Sebastopol” e “ouvir as inquietudes dos cidadãos”, como afirmado pelo partido do governo. Os líderes dos grupos parlamentares dos outros partidos também decidiram dedicar algumas horas para escutar as queixas e propostas de seus eleitores.
O Kremlin está investindo grandes somas de dinheiro para acelerar a integração da península e contribuir para seu desenvolvimento econômico. O rublo já substituiu completamente a grívnia ucraniana e os salários e pensões estão sendo gradualmente elevados com o objetivo de equipará-los com os da Rússia, que são mais altos do que os da península. As operadoras de telefonia móvel e os bancos também estão sendo substituídos.
O Governo federal aprovou na segunda-feira o programa de desenvolvimento socioeconômico da Crimeia até 2020, que prevê a injeção de 681 bilhões de rublos (cerca de 42,6 bilhões de reais) na península. Um dos principais projetos é a construção de uma ponte dupla (automobilística e ferroviária) que atravessa o estreito de Kerch, e deverá complementar as balsas que unem a península com a região de Krasnodar.
Putin se reunirá, além disso, com representantes da cultura local para discutir os problemas da “integração da República da Crimeia no espaço cultural da Rússia”. Neste campo, Medvedev acaba de assinar uma resolução para criar a Universidade Federal da Crimeia.
Não está claro se Putin se encontrará com representantes dos tártaros da Crimeia, embora uma das primeiras medidas do presidente russo tenha sido assinar um decreto no qual reabilitava este grupo que, junto com outros da península, foram deportados de suas terras na época de Stalin.
O problema dos tártaros é delicado, já que a comunidade se encontra dividida entre os partidários e os contrários à anexação da Crimeia pela Rússia. Os líderes dos opositores estão proibidos de entrar em território russo e as autoridades locais ameaçam classificar a Mezhlis (assembleia) tártara como organização terrorista caso adote uma oposição que considerem intransigente.
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