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TRAGÉDIA AÉREA EM DONETSK

Obama pede para que Putin pressione os rebeldes a colaborar na investigação

O presidente norte-americano exige “acesso total e imediato” dos especialistas ao local

Marc Bassets
O presidente Barack Obama, em pronunciamento nesta segunda-feira.
O presidente Barack Obama, em pronunciamento nesta segunda-feira.LARRY DOWNING (Reuters)

O presidente Barack Obama pediu nesta segunda-feira a seu homólogo russo, Vladimir Putin, que ele use sua influência com os insurgentes para que estes permitam o acesso “imediato, completo, sem restrições e transparente” dos investigadores ao local no qual caiu na quinta-feira o avião comercial da Malaysia Airlines.

Obama denunciou os separatistas pró-russos por bloquear a entrada dos especialistas internacionais no terreno disparando suas armas para cima. Também os acusou de remover provas. “Tudo isto convida a fazer a pergunta, o que tentam esconder?” disse em uma declaração fechada para perguntas no jardim da Casa Branca.

O presidente colocou Putin como responsável pela segurança dos investigadores e da preservação das provas da derrubada do avião, que os EUA e a Europa atribuem aos rebeldes pró-russos e seus financiadores na Rússia.

Nos últimos dias, vários membros da Administração Obama expuseram uma série de indícios que apontam a origem russa do armamento utilizado para derrubar o avião e o treinamento dos insurgentes por parte de militares russos.

“Devemos nos assegurar que a verdade seja conhecida e que se prestem contas”, disse o presidente dos EUA. “Dada sua influência direta sobre os separatistas, a Rússia e o presidente Putin em particular têm a responsabilidade direta de os obrigar a cooperar com a investigação. É o mínimo que podem fazer”.

Obama disse que prefere resolver o conflito na Ucrânia pela via diplomática, iniciado em fevereiro após a mudança de governo em Kiev e a secessão da Crimeia. Mas ameaçou com novas medidas para isolar a Rússia se este país continuar “violando a soberania da Ucrânia e apoiando os separatistas”.

A Casa Branca descartou participar militarmente no conflito. Os mais otimistas em Washington acreditam que a tragédia da Malaysia Airlines pode forçar Putin a reconsiderar seu apoio aos rebeldes e permitir um acordo para estabilizar o país.

“Agora é o momento, para o presidente Putin, de deixar para trás a estratégia que tem adotado e dedicar-se seriamente a resolver as hostilidades na Ucrânia de maneira que se respeite a soberania da Ucrânia e o direito do povo ucraniano de tomar as próprias decisões sobre suas vidas”, disse o presidente.

Obama lamentou que os rebeldes estejam removendo os cadáveres “sem o cuidado que se espera em uma tragédia como essa”. “É um insulto a quem perdeu seus entes queridos. É o tipo de comportamento que não cabe na comunidade de nações”, disse.

Ao contrário das declarações do próprio Obama na sexta-feira passada ou de outros responsáveis norte-americanos, desta vez o presidente evitou responsabilizar diretamente a Rússia como cúmplice da derrubada do voo 17 da Malaysia Airlines, na qual morreram 298 pessoas. Tampouco anunciou mais sanções.

A prioridade, disse, “é recuperar os que perdemos, investigar o que aconteceu e mostrar os fatos”. Para ele, a cooperação de Putin é imprescindível, porque a Rússia, segundo Obama, “tem uma influência extraordinária sobre os separatistas”.

“Ninguém nega: a Rússia os treinou, sabemos que os armou com equipamento militar e com armas, incluindo armas antiaéreas, e líderes separatistas importantes são cidadãos russos”, acrescentou.

Esta declaração de Obama ocorre no mesmo dia em que um trem que transporta cadáveres das vítimas do avião abatido partiu de Torez, cidade dominada pelos separatistas pró-Rússia, para Járkov, que é ligada ao Governo de Kiev, onde um grupo de especialistas internacionais se encarregará dos trabalhos forenses e da repatriação dos corpos.

Enquanto isso, nesta segunda-feira continuam os confrontos em Donetsk, onde os separatistas pró-russos acusam Kiev de estar bombardeando a cidade. O Governo ucraniano nega, embora reconheça que grupos a favor da Ucrânia se organizaram e estão lutando contra os rebeldes.

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