Aloysio Nunes será o vice de Aécio Neves nas eleições presidenciais
Escolha é vista como tentativa de angariar mais votos em São Paulo, onde o senador é uma das principais figuras do PSDB
Depois de um longo período de suspense, Aécio Neves, candidato do PSDB às eleições presidenciais brasileiras, finalmente anunciou nesta segunda-feira quem será seu vice-presidente na disputa de outubro, que tem como principais oponentes Dilma Rousseff (PT) e Eduardo Campos (PSB): Aloysio Nunes, líder do PSDB no Senado. A opção do presidenciável mineiro pelo senador paulista é vista como uma tentativa de conquistar mais eleitores do PSDB em São Paulo, o maior colégio eleitoral do país e a base mais importante do partido.
O anúncio, feito na data-limite estipulada pelo Supremo Tribunal Eleitoral, incluiu a confirmação da aliança do PSDB com DEM, PTB, Solidariedade, PMN, PT do B e PTC. "Hoje tenho a alegria enorme de poder anunciar como meu companheiro de chapa o senador Aloysio Nunes Ferreira", disse Aécio Neves durante a coletiva de imprensa. Segundo o candidato, “a indicação é uma homenagem à coerência, matéria essencial na vida pública" e não uma “conveniência de campanha”.
Muitos aspectos da vida política de Aloysio Nunes, sobretudo os mais recentes, reforçam seu alinhamento com os ideais de centro-direita do PSDB. Advogado nascido em São José do Rio Preto, uma das maiores cidades do interior paulista e reconhecido ‘ninho tucano’, Aloysio, de 69 anos, se filiou ao partido em 1997. Atuou como deputado federal antes de chefiar dois ministérios durante a presidência de Fernando Henrique Cardoso (Secretaria Geral e Ministério da Justiça). Ocupou postos no governo estadual de José Serra e na prefeitura de Gilberto Kassab e, em 2010, foi eleito senador do PSDB com votação histórica – mais de 11,1 milhões de votos.
No entanto, Aloysio já esteve politicamente muito mais à esquerda. Começou a militar em 1963, quando ainda era estudante de Direito da Faculdade São Francisco, e um ano mais tarde se filiou ao Partido Comunista brasileiro, que à época operava na ilegalidade. Foi membro da Aliança Libertadora Nacional (ALN), organização guerrilheira liderada por Carlos Marighella – de quem foi motorista e guarda-costas – e se exiliou em Paris de 1968 a 1979, quando teve sua prisão decretada pela ditadura militar (1964-1985). Voltou ao Brasil em 1979, graças à Lei de Anistia, e filiou-se ao PMDB, partido através do qual se elegeu deputado estadual e vice-governador de São Paulo durante o mandato de Luiz Antônio Fleury Filho. A filiação ao PSDB acontece quando já era deputado federal.
Orgulhoso por ter alguém do porte, da envergadura, do carisma de Aécio Neves na nossa liderança. Serei um militante político
No site oficial do político, ao final de sua biografia, um link leva o leitor ao seu perfil no site Wikipedia, onde consta inclusive que ele cogitou fazer em Cuba um treinamento para guerrilheiros. Mas sobre seu passado na luta armada da esquerda Aloysio deu até hoje poucas declarações. Uma delas fez parte de um depoimento gravado para a conclusão de um capítulo da a telenovela “Amor e Revolução”, exibida no SBT em 2011 e 2012, no qual ele relatou experiências durante a ditadura militar e disse que o caminho da luta armada foi um erro político. “Fiz aquilo que achava que era o meu dever na época”, justificou na ocasião.
Cascas de banana
Recentemente, Aloysio criticou Dilma Rousseff, não pelo seu passado também de militante, mas pela política de alianças da presidenta para disputar a reeleição neste ano. Em uma nota oficial, ele a definiu como "faxineira" e "falsa moralista" ao rebater as críticas de Dilma ao PTB – que recuou na última hora do apoio à petista para aliar-se a Aécio Neves. "A fama de gestora foi desmentida pela mediocridade do seu governo. Que faxineira é essa que traz de volta ao seu regaço os que haviam sido dele excluído com estardalhaço?", questionou.
Além disso, no primeiro discurso que fez depois de ser escolhido vice-presidente de Aécio, ele reforçou que o “ódio” é o único discurso do PT. "Tenho o couro duro. Mas o ódio é contraproducente para quem se utiliza dele como arma política. Parece que não sobra ao PT, não sobra à presidente Dilma nenhum outro argumento a oferecer a não ser este, uma vez que ela não tem mais nada de novo e de relevante para oferecer ao Brasil", afirmou o tucano.
Outra polêmica recente é a briga em que se envolveu com Rodrigo Grassi, conhecido na internet como Rodrigo Pilha. Ao entrevistá-lo, o blogueiro filiado ao PT o questionou sobre seu suposto envolvimento em casos de corrupção e cartel nas obras do metrô de São Paulo – descartado, por falta de provas, pela justiça. Grassi foi xingado de “vagabundo” e mandado “à puta que te pariu” pelo senador, que se referiu ao fato no pronunciante de hoje dizendo que “pisou numa casca de banana”.
No mesmo discurso, ele se disse “emocionado”. Afirmou que não mudou de lado desde os 18 anos de idade e fez questão de frisar que será “um vice muito dedicado, muito legal, muito correto”. “Orgulhoso por ter alguém do porte, da envergadura, do carisma de Aécio Neves na nossa liderança. Serei um militante político”, declarou.
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