Os Estados Unidos autorizam comercializar os exoesqueletos
O dispositivo ‘ReWalk’ permite caminhar e sentar com a ajuda de muletas
A Administração reguladora de medicamentos dos Estados Unidos (FDA, na sigla em inglês) autorizou a comercialização do primeiro exoesqueleto (esqueleto externo) que permite aos paraplégicos andar, conforme informou a agência em comunicado. O ReWalk é um aparelho motorizado colocado nas pernas e no torso e que possibilita uma pessoa com lesão de medula espinhal sentar, ficar de pé de caminhar com a ajuda de muletas e a assistência de outra pessoa.
Por volta de 200.000 pessoas nos Estados Unidos têm lesão na medula espinhal, muitos dos quais tem paraplegia completa ou parcial.
“Os dispositivos inovadores como o ReWalk permitem percorrer um longo caminho com a ajuda de muletas para que as pessoas com lesões de medula espinhal ganhem mobilidade”, assegurou Christy Foreman, diretor do Escritório de Avaliação de Dispositivos da FDA. “Junto com a terapia física, a capacitação e assistência de um cuidador, estas pessoas podem utilizar estes dispositivos para caminhar de novo”, acrescentou.
O ReWalk é um aparelho de metal ajustável apoiado nas pernas e no torso, possui motores que permitem o movimento dos quadris, joelhos e tornozelo, um sensor de inclinação e uma mochila que contém o equipamento e a fonte de alimentação. Muletas proporcionam ao usuário maior estabilidade ao caminhar, ficar de pé e levantar de uma cadeira. Com o uso de um controle sem fio colocado no pulso, o usuário mando o ReWalk colocar-se de pé, sentar ou caminhar. O dispositivo não foi projetado para esportes ou para subir escadas.
Os pacientes e seus cuidadores devem receber um treinamento desenvolvido pelo fabricante para aprender o uso apropriado do dispositivo.
A FDA realizou um estudo com 30 pacientes sobre o dispositivo. O relatório detectou alguns riscos associados ao aparelho, como cortes por conta da pressão, manchas roxas ou abrasões, quedas e lesões associadas e hipertensão diastólica durante o uso. A FDA pediu ao fabricante, Argo Medical Technologies, Inc., para completar o estudo clínico após a comercialização, com um registro no qual compile dados sobre os efeitos secundários com o uso do dispositivo.
A FDA, ligada ao Departamento de Saúde do Governo dos EUA, protege a saúde pública assegurando a segurança e a eficácia dos medicamentos para humanos e animais, das vacinas e outros produtos biológicos para uso humano, além de dispositivos médicos.
Um porta-voz do Hospital de Paraplégicos de Toledo, que é um centro de referência mundial pra o tratamento destas lesões, explica que neste campo há “numerosas iniciativas”, e assinala que o primeiro problema é o fato dos aparelhos “serem extremamente caros”. Tampouco servem para todos os pacientes. Mas o fato da agência norte-americana ter emitido nota sobre sua comercialização indica que se trata de um avanço importante.
“Os primeiros modelos davam um modo de caminhar muito robotizado”, disse o porta-voz do hospital de Toledo. Os primeiros aparelhos tinham pequenos motores ativados por comandos (como se fosse um guindaste, por exemplo). Era o caso do famoso projeto europeu ‘Levanta e Anda’, que conseguiu espetaculares – e não muito práticos – resultados em pessoas com paraplegia já que o sistema de comandos que se deveria usar e o peso do equipamento o deixavam pouco operacional.
“Agora se trabalha nos chamados exoesqueletos bio-inspirados”, disse o porta-voz do hospital de Toledo. O dispositivo aprovado nos Estados Unidos pertence ao mais simples do grupo: detecta a intenção do movimento mediante bio-sensores que a capta da parte superior do corpo do usuário, e a transmite aos mini motores que movem as pernas. Isto é utilizado também, por exemplo, para próteses de extremidades amputadas, e era o tipo utilizado por Juliano Pinto, um homem de 29 anos que deu o chute inicial do Copa do Mundo do Brasil, também usando um tipo de exoesqueleto experimental (e que recebeu tão pouca atenção por parte do organizador da cerimônia que lhe custou o emprego depois da transmissão). Em Toledo se está trabalhando em outro modelo com estas características dentro do Projeto Hynter.
Mas o futuro destes dispositivos vai mais além: trata-se de detectar mediante microchips no cérebro ou nos nervos a intenção de mover-se, e, com estas emissões, fazer com que o exoesqueleto atue. É uma ciência relativamente nova (a neuro-protésica ou neuro-robótica) que já conseguiu sucessos como mover um rato e mãos artificiais com a mente.
Tu suscripción se está usando en otro dispositivo
¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?
Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.
FlechaTu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.
Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.
En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.
Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.