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Prandelli pede demissão

O treinador da Itália anuncia que deixa o comando da Azzurra após quatro anos no banco

Ramon Besa
Prandelli, durante a partida contra o Uruguai.
Prandelli, durante a partida contra o Uruguai.Getty

Cesare Prandelli, de contrato renovado até 2016, colocou-se nesta terça como o principal responsável pela eliminação da Itália no Brasil depois de perder para o Uruguai: “Em nível técnico cabe a mim assumir a derrota”, assegurou o treinador, depois de apresentar sua demissão ao presidente da federação, Giancarlo Abete, que também se demitiu, e pediu autocritica antes de se começar a discutir a atuação do árbitro mexicano Marco Rodríguez.

O árbitro expulsou Marchisio (14 minutos do segundo tempo) e, ao contrário, ignorou mordida de Luis Suárez em Chiellini. Aparentemente não julgou a ação apesar de marcar falta a favor do Uruguai. O relatório da partida será decisivo para saber se o comitê disciplinar da FIFA fará algo contra a ação do atacante uruguaio. “Me mordeu, estou com a marca no ombro esquerdo”, afirmou o zagueiro italiano, contrariado com o árbitro: “Merecia o cartão vermelho, a expulsão, e ainda tinha muito tempo de partida”. Eram 25 minutos do segundo tempo.

Luis Suárez já havia sido protagonista de casos parecidos em sua carreira profissional. Assim, em 2010, foi apelidado de ‘O Canibal do Ajax’ depois de morder Bakkal, jogador do PSV Eindhoven. O centroavante foi punido então com sete partidas na Holanda... Há duas temporadas voltou a morder um jogador, Ivanovic, zagueiro do Chelsea, em uma partida do campeonato inglês, e recebeu sanção de 10 jogos.

O capitão italiano, o goleiro Gianluigi Buffon, seguiu a mesma linha de seu treinador: “A derrota causa uma grande tristeza para toda a equipe e o país”, afirmou depois de ser eleito como o melhor da partida. “Foi um fracasso”, prosseguiu. “É necessário refletir sobre o futuro a partir das coisas que não foram bem feitas”.

Buffon foi espetacular com duas defesas em finalizações de Luis Suárez, o terceiro protagonista do encontro, depois do autor do gol Godín, o único que conseguiu bater o goleiro da Itália. “Novamente estamos fazendo história no Brasil”, disse o zagueiro central do Uruguai. “Nossa atuação contra a Itália foi descomunal”, acrescentou. “Mantivemos sempre a fé na vitória, um suplemento necessário para resolver a partida no segundo tempo. Merecemos a vitória”.

Godín, autor do gol do título do campeonato espanhol no Camp Nou e também do tento do Atlético na final da Liga dos Campeões em Lisboa, foi felicitado efusivamente por seu técnico, El Maestro Tabárez. “Todos nos esforçamos muito e o gol de Diego foi a recompensa do trabalho. Mudamos a maneira de nos posicionar no campo para combater melhor a Itália, sobretudo procurando tirar Pirlo do jogo. Amanhã será o momento de pensar nas oitavas de final e seguramente na Colômbia”.

“Os jogadores do Uruguai são sempre muito passionais”, insistiu Tabárez, “e o gol nos encheu de orgulho”. O treinador uruguaio quis tirar a gravidade, por outro lado, da mordida de Luis Suárez: “Gostaria de rever as imagens porque não vi a ação. Não sei o que aconteceu. O árbitro não viu nada. Não vou fazer mais comentários. Existem muitas coisas significativas em uma partida. E eu não vou permitir que alguém fale no meu lugar, um dos assuntos preferidos de certa imprensa. Foi gerada faz tempo uma atmosfera sobre o jogador. Já foi solucionado e se comprometeu a da outra imagem”. E enfatizou: “Estamos jogando a Copa do Mundo de futebol e não a Copa do Mundo da moralidade barata. Para nós Luis é um jogador muito importante, uma pessoa muito importante no grupo e se ele é atacado, como ocorreu nas últimas coletivas de imprensa, precisamos defendê-lo”.

Tabárez finalmente afirmou que se a FIFA suspender Luis Suárez ele o substituirá por outro, “como já aconteceu outras vezes”. O atacante, que foi operado um mês atrás, não jogou contra a Costa Rica, a partida que o Uruguai perdeu, e voltou contra a Inglaterra, vencida com dois gols do atacante que pertence ao Liverpool e é disputado por vários clubes da Europa.

Buffon critica os jovens

A eliminação da Itália acabou com o ciclo de Prandelli e agitou um vestiário desconsolado. O mais duro foi o goleiro Buffon, que, em declarações para a Sky Itália, criticou os mais jovens após a derrota para o Uruguai: “Com frequência, dizem que faltam mudanças, que Buffon, Pirlo, De Rossi e Chiellini são velhos. Mas a verdade é que quando é necessário dar a cara para bater estes sempre estão na primeira fila. É preciso respeitá-los mais. Não tanto pelo que foram e mais pelos que eles ainda representam”. E acrescentou: “No campo é preciso fazer, não basta ‘poderia ter feito’ ou ‘fará’. Dentro de campo se vê quem é. E quem não é”. “É triste”, praguejou o goleiro. “Falhamos e obviamente existe uma grande insatisfação”.

Daniele de Rossi, meio campo da Roma, também foi duro: “As figuras e os personagens não servem na equipe nacional”. Palavras que, como as de Buffon, rodeiam a figura de Balotelli. “As análises devem ser feitas com calma. É importante não arrumar desculpas”.

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