A FIFA ameaça o México pelos gritos homofóbicos de sua torcida
A entidade abre uma investigação sobre os insultos proferidos contra os goleiros de Camarões e do Brasil nas partidas da primeira fase da Copa do Mundo
A FIFA abriu uma investigação sobre os gritos proferidos pela torcida mexicana nas duas partidas jogadas até agora no mundial. Trata-se dos insultos homofóbicos “degradantes” entoados contra os goleiros de Camarões e do Brasil, respectivamente, nos dias 13 e 17, segundo vídeos em poder da FIFA, afirmou o diário britânico Daily Telegraph. O costume (comum no México) de gritar puto [viado] ao goleiro da equipe rival cada vez que este bate o tiro de meta pode trazer uma multa financeira a confederação local que, em caso de recorrência, pode levar inclusive penalizações esportivas. A emissora ESPN afirmou que evitará que os insultos possam ser ouvidor pelos espectadores se ocorrerem em futuros jogos.
O hábito em questão originou-se, ao que parece, na cidade de Guadalajara e se popularizou em um jogo disputado lá mesmo entre as seleções de México e dos Estados Unidos durante a eliminatória olímpica para os Jogos de 2004. Na última década o costume cresceu nos estádios mexicanos, até o ponto de, na última terça-feira, em Fortaleza, os torcedores brasileiros dedicaram o mesmo trato ao goleiro asteca, Guillermo Ochoa. A rede europeia Fare (Football Against Racism in Europe), que supervisiona o comportamento dos torcedores nos estádios do continente, enviou também provas à FIFA sobre cartazes com mensagens de ideologia ultradireitas empunhados supostamente por adeptos de Croácia e da Rússia. Se a FIFA abrir um expediente disciplinar, a seleção russa pode sofrer com a perda de pontos por ser um caso reincidente.
Na Eurocopa de 2012, a Rússia foi penalizada em 6 pontos na fase de classificação
Na Eurocopa de 2012, a seleção russa foi penalizada em 6 pontos na fase de classificação à Eurocopa 2016 após alguns de seus torcedores empunharem cartazes ofensivos e chamarem jogadores negros de “engraçados”. Segundo Fare, os cartazes mostrados por alguns torcedores russos no jogo da terça-feira contra a Coreia do Sul mostram a cruz celta, um símbolo associado com suprematistas brancos e neonazistas. O endurecimento das normas antidiscriminação por parte da entidade máxima do futebol mundial em 2013 estabelece que infrações recorrentes desta classe podem acarretar inclusive a expulsão do campeonato. O presidente da FIFA, Joseph Blatter, referiu-se várias vezes a que “as multas esportivas são a única multa efetiva”. Já Piara Powar, diretora executiva de Fare, afirmou que “há que reagir com urgência a essas imagens. Os níveis de abuso homofóbico em algumas partidas são totalmente inaceitáveis.”
A presidenta brasileira, Dilma Rousseff, convidou líderes religiosos de todo mundo a se manifestarem contra o racismo e a discriminação nos meses anteriores à Copa, depois de alguns incidentes racistas ocorrem em seu próprio país. Suas mensagens são lidas durante o que a mandatária batizou como o Mundial dos Mundiais, “que será também o Mundial da Paz e o Mundial contra o Racismo”, segundo escreveu na rede social Twitter. Também a FIFA prometeu utilizar o Mundial como veículo para combater o racismo e a discriminação. Até o momento não há notícias sobre possíveis expedientes contra Rússia, Croácia ou o próprio Brasil.
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