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Hillary Clinton pediu para que Obama alivie ou encerre o embargo a Cuba

Ela diz que a medida serve como “desculpa” a Castro e “atrapalha” as relações com outros países

Silvia Ayuso
Hillary Clinton, contrária ao embargo a Cuba.
Hillary Clinton, contrária ao embargo a Cuba.Ben Margot (AP)

Hillary Clinton está convencida de que o embargo que os Estados Unidos mantêm a Cuba não traz nenhum benefício para Washington e serve apenas como desculpa ao governo dos irmãos Fidel e Raúl Castro para justificar tudo o que não funciona na ilha.

Ela já falou isso quando era secretária de Estado para seu chefe, o presidente Barack Obama, de acordo com novo trecho de suas memórias Hard Choice (Decisões Difíceis) revelado nesta sexta pela imprensa norte-americana.

O embargo “não serve mais aos interesses norte-americanos e nem para promover mudanças na ilha comunista”, disse Clinton para Obama quando lhe pediu para encerrá-lo ou ao menos aliviar o embargo econômico e comercial da ilha.

Ela deu também outro argumento defendido amplamente pelos que há anos pedem uma mudança de atitude de Washington para Havana: está “atrapalhando” o resto da agenda norte-americana com a América Latina.

“Deveríamos mandar para Castro a responsabilidade de explicar o porquê seguem sendo antidemocráticos e abusivos”, agrega em suas memórias a chefa da diplomacia norte-americana e esposa de outro presidente norte-americano que teve seus problemas com Cuba, Bill Clinton.

A opinião de Hillary Clinton encontrou um amplo retorno nos Estados Unidos, em um momento no qual crescem as pressões para que a Casa Branca repense sua política para a ilha.

No mês passado, diversas personalidades, entre as quais importantes ex-políticos e militares tanto democratas como republicanos, assim como destacados membros da comunidade cubano-americana assinaram uma carta aberta pedindo para que Obama utilize seu poder executivo para ditar unilateralmente novas medidas de apoio aos empreendedores e a sociedade civil na ilha comunista.

Pouco depois, o influente presidente da Câmara de Comércio norte-americana, Thomas Donohue, liderou uma visita a Cuba – a primeira em 15 anos – para informar-se em primeira mão das reformas econômicas empreendidas por Raúl Castro. Em um discurso na Universidade de Havana, Donohue afirmou que “é hora de abrir novo capítulo nas relações entre EUA e Cuba”.

Para Ric Herrero, diretor executivo de Cuba Now, a opinião de Clinton supõe um antes e um depois.

“Demonstra que até no mais alto escalão de nosso governo se reconhece que as políticas de linha dura com Cuba fracassaram”, declarou. Herrero recordou que as tímidas medidas de abertura que Obama decretou em seu primeiro mandato, flexibilizando as viagens e envios de remessas de cubano-americanos para a ilha, “tiveram um maior impacto em Cuba nos últimos cinco anos do que a política de isolamento dos 50 anteriores. A pergunta agora é: O que nosso presidente está esperando?”.

O próprio Obama reconheceu no final do ano passado que os Estados Unidos necessitam de uma política mais “criativa” para a ilha. Mas uma amostra do quão difícil é entrar em consenso para uma estratégia sobre a ilha é a irada reação do senador republicano – e cubano-americano – Marco Rubio sobre a revelação de Clinton.

“Agora vemos até onde foi Clinton para minar os defensores da democracia em Cuba ao tentar ajudar o regime de Castro com mais dólares do que continuar com sua repressão”, condenou Rubio.

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