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Os estudantes opositores venezuelanos não abandonam a rua

O diálogo entre o Governo e a oposição não acalma o protesto dos universitários

Manifestação em Caracas dia 11 de abril.
Manifestação em Caracas dia 11 de abril.Miguel Gutierrez (EFE)

Os estudantes opositores puseram quatro condições para se somar ao diálogo proposto pelo governo da Venezuela. Que exista um convite formal do Executivo, que a reunião seja transmitida pela televisão e rádio em todo o país, que o embaixador do Vaticano na Venezuela e um representante da Conferência Episcopal Venezuelana sejam os observadores, e que compareçam os representantes universitários eleitos. Foi uma resposta ao presidente Nicolás Maduro, que criticou sua suposta pouca disposição de unir-se à iniciativa oficial.

Também quiseram deixar claro que não abandonarão os protestos caso se reúnam com Maduro. Nesta quarta-feira, feriado pela Semana Santa, Caracas assistia a uma missa na Basílica de Santa Teresa, no centro da capital venezuelana, enquanto os estudantes se preparavam para participar de uma atividade que chamaram a Marcha dos pés descalços. O presidente da Federação de Centros Universitários da Universidade Central da Venezuela, Juan Requesens, afirmou em sua conta de Twitter: “No contexto da tradição destas datas nas quais se pagam promessas caminharemos descalços pelos problemas e o sofrimento do país”.

Foi, sem dúvida, uma iniciativa que contrasta com a atitude assumida pela liderança estudantil em crises passadas. O Governo apostava pelo desgaste dos protestos universitários ao entender que o tempo e os dias de feriados, que na Venezuela abundam, especialmente no primeiro semestre do ano, acabariam com o entusiasmo. Desta vez foi diferente. Os líderes não tomaram o descanso de costume na Ilha de Margarita, a meca dos jovens universitários nestes dias de Páscoa. Nesta quinta-feira representarão a via sacra venezuelana, no qual representarão os 12 problemas mais comuns. Na sexta-feira entregarão panfletos nas ruas de Caracas com as palavras de São Paulo. No domingo se reunião em um ato muito tradicional no país: a queima de Judas. A tradição define que nesse dia ardem os bonecos que simbolizam o problema do momento ou o político responsável de provocá-los.

Na homilia da missa do Nazareno, o cardeal Jorge Urosa Savino comemorou o diálogo entre Governo e oposição e pediu pela paz do país. “Respeitosamente, chamamos o Executivo a respeitar os direitos dos cidadãos de se manifestar em paz, lhe pedimos que atenda as exigências de quem protesta e resolva os problemas que estão na raiz das mesmas”, declarou.

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