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Centenas de famosos pedem à imprensa britânica que aceite se regular

O código de autorregulação foi proposto após o escândalo de escutas ilegais feitas pelo já desaparecido tabloide 'News of The World'

São mais de 200 e têm duas coisas em comum: são (quase todos) famosos e querem que a imprensa britânica aceite um código de autorregulação que seja controlado de forma independente e não só pela própria indústria. Por isso assinaram um manifesto a favor desse código, que segue pendente quase 16 meses depois de o ex-juiz Brian Leveson defender sua criação ao investigar por mais de um ano os abusos da imprensa britânica que se iniciou com o escândalo das escuta ilegais do já desaparecido tabloide News of The World.

A declaração foi coordenada por Hacked Off, a campanha, liderada pelo ator Hugh Grant para pôr fim à interferência dos meios na vida de famosos como ele e na de gente menos famosa que se viu também afetada por problemas de intrusão dos meios. “Achamos que a liberdade de imprensa é uma pedra fundamental da democracia. Deveria ser valente ao denunciar a corrução, ao obrigar os poderosos a prestar contas e ao lutar pelos indefesos”, começa a declaração. “A imprensa não tem nada a perder, e só pode ser melhorada, pelo reconhecimento das práticas não éticas e atuando de maneira firme para assegurar de que não se repitam”, acrescenta o texto.

“Também achamos que os diretores e jornalistas aumentarão o apreço que têm do público se aceitam algum tipo de autoregulação que seja auditada de forma independente online com as recomendações do juiz lord Leveson e estabelecidas na Cédula Real de 30 de outubro de 2013”, continua a declaração. E conclui: “Em nossa opinião essa cédula salvaguarda à imprensa de interferências políticas ao mesmo tempo que oferece uma proteção vital aos vulneráveis”.

A declaração foi coordenada por Hacked Off, a campanha liderada pelo ator Hugh Grant

A declaração tem o apoio de uma multidão de famosos. São muitas as pessoas do espetáculo, como o próprio Grant, John Cleese, Alfonso Cuarón, Stephen Fry, Bob Geldof, David Gilmour, Stephen Frears, Dawn French, Miranda Hart, Terry Jones, Joanna Lumley, Emma Thompson, Mike Leigh, Maggie Smith, David Tennant, Sam Mendes, Ian McKellan ou Michael Palin. Há também sacerdotes, como o anterior arcebispo de Canterbury, Rowan Williams. Autores, como A.C. Grayling, J.K. Rowling, Anthony Seldom, Kazuo Ishiguro ou Salman Rushdie. Ativistas como Peter Tatchell ou o advogado Michael Mansfield. Ex-jogadores como Gary Lineker. Jornalistas como Will Hutton, Polly Toynbee, Jemima Khan. Desenhistas como Terence Conran. Ou gente que simplesmente assina como “vítima dos abusos da imprensa”, como John Tulloch, Jane Winter, Kate e Jerry McCann, Mo George, Paul Dadge, James e Margaret Watson ou uma pessoa que assina com as iniciais HJK.

Os três grandes partidos políticos britânicos e o grupo Hacked Off pactuaram a Cédula Real de outubro de 2013, que contempla a introdução de um sistema de autorregulação que pode ser modificado pelo parlamento e que foi recusado pela indústria por entender que isso abre as portas para que possam ser introduzidas medidas de controle com caráter político. O Governo, por sua vez, recusou a proposta alternativa apresentada pela imprensa.

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