_
_
_
_
a busca do mh370

Malásia confirma que o avião foi desviado de sua rota de forma deliberada

O primeiro-ministro malasiano assegura que alguém desligou os sistemas de comunicação A aeronave pode ter seguido por dois corredores aéreos, um que leva ao Cazaquistão e outro ao Oceano Índico sul Ganha peso a tese de um sequestro

Coletiva de imprensa do primeiro-ministro da Malásia.
Coletiva de imprensa do primeiro-ministro da Malásia.DAMIR SAGOLJ (REUTERS)

O primeiro-ministro da Malásia, Najib Razak, assegurou neste sábado que o avião do voo MH370 da Malaysia Airlines que desapareceu há exatamente uma semana com 227 passageiros (153 deles, chineses) e 12 tripulantes menos de uma hora após decolar de Kuala Lumpur com destino a Pequim foi desviado de sua rota de forma deliberada, que alguém desligou os sistemas de comunicação de propósito e que o último sinal detectado da aeronave foi registrado sete horas e meia após o início da viagem. Najib Razak afirmou que os dados dos quais dispõe indicam que o avião pode ter seguido por dois corredores aéreos e ter acabado na fronteira com o Cazaquistão ou no oceano Índico. Ele disse ainda que os movimentos “são consistentes com uma ação deliberada de alguém de dentro do avião”.

O anúncio, que já era adiantado em parte pela agência Reuters na última sexta-feira, supõe uma guinada significativa no desenvolvimento da investigação sobre um dos maiores mistérios da história do transporte aéreo, e teve como consequência a suspensão dos trabalhos de busca no mar do Sul de China –região onde os radares perderam o contato com o Boeing 777 menos de uma hora depois da decolagem-, segundo Najib.

A fala do chefe de Governo da Malásia confirma as especulações surgidas nos últimos dias sobre o desaparecimento da aeronave, e tem chamado a atenção dos pesquisadores para a tripulação e as passagens. “Em vista dos últimos acontecimentos, as autoridades da Malásia dirigiram sua investigação para a tripulação e os passageiros a bordo”, afirmou Najib, que se recusou a confirmar se o avião foi sequestrado e insistiu que se seguem analisando todas as possibilidades sobre os motivos do desvio tão radical de sua rota original, informa Associated Press.

A polícia seguiu neste sábado para a casa do piloto do MH370, Zaharie Ahmad Shah, de 53 anos, para buscar indícios que possam explicar o desaparecimento do avião. Alguns especialistas sugeriram como causa o possível suicídio do piloto, como se suspeita que ocorreu com voos da SilkAir e EgyptAir em 1997 e 1999, respectivamente.

As autoridades também pesquisam as informações sobre uma mulher sul-africana que assegura que o copiloto do avião, Fariq Abdul Hamid, de 27 anos, convidou ela e uma amiga para entrar e sentar na cabine durante um voo entre Phuket (Tailândia) e Kuala Lumpur em dezembro de 2011, algo que está totalmente proibido desde os atentados de 11 de setembro nos Estados Unidos. A mulher, Jonti Roos, falou sobre o episódio em uma entrevista na televisão australiana Channel Nine. A emissora mostrou fotos e vídeos das duas mulheres com Fariq e o piloto do voo no que parece ser a cabine de um avião.

O Boeing do MH370 saiu de Kuala Lumpur 00h40 de 8 de março, mas as comunicações com os controladores aéreos civis foram cortadas à 1h20. Najib disse que os pesquisadores acham “com um alto grau de certeza” que o ACARS (Aircraft and Communications Addressing and Reporting System) foi desativado antes de que o avião alcançasse a costa leste da Malásia, e que pouco depois alguém a bordo apagou o transponder, que faz a comunicação com o controle aéreo civil. Em seguida, a aeronave deu a volta e foi na direção oeste, acima da península da Malásia, antes de girar para o noroeste.

O primeiro-ministro afirmou que os radares das forças aéreas da Malásia detectaram sinais de que a aeronave desviou de sua rota original e entrou no estreito de Malaca, entre a costa oeste da Malásia e a ilha indonésia de Sumatra. Depois, ele acrescentou que o último sinal confirmado entre o avião e os satélites foi às 8h11, sete horas e 31 minutos após a decolagem. O Boeing tinha combustível para voar oito horas. O trajeto de Kuala Lumpur até Pequim dura seis horas e meia.

“As equipes de investigação estão fazendo cálculos adicionais, que indicarão até onde o avião pôde voar após o último local de contato”, assinalou Najib. Mas assegurou que as autoridades determinaram que o último sinal detectado por um satélite se produziu em um de dois possíveis corredores aéreos; um no norte, que vai do norte da Tailândia à fronteira do Cazaquistão e Turcomenistão, e outro no sul, que vai da Indonésia ao sul do oceano Índico. Como consequência, foram suspensas as operações de busca no mar do Sul da China e está sendo analisando onde a frota de resgate será dispersada, segundo o primeiro-ministro. Nos trabalhos participam 14 países, com 43 barcos e 58 aeronaves.

Embora Najib não tenha confirmado se o avião foi sequestrado, os pesquisadores concluíram que uma ou mais pessoas com experiência em pilotar aviões interromperam as comunicações, e sequestraram a aeronave, segundo a Associated Press. As mesmas fontes asseguram que não se comprovou ainda o motivo, e que não houve reivindicação nem exigências por parte de supostos responsáveis pela sabotagem. Também não está claro onde foi parar o avião. Mas eles acrescentaram que estão descartadas as hipóteses de uma falha mecânica ou de um erro do piloto. Os especialistas malasianos acham que só alguém experiente pôde navegar o avião da forma que foi feita após o desaparecimento sobre o mar do Sul da China.

Horas depois que Najib Razak confirmou que o avião foi desviado deliberadamente o Governo da China (que tem 153 de seus cidadãos desaparecidos com o avião) pediu que a Malásia desse informações mais "completas e exatas" sobre o caso. Em um comunicado, o porta-voz do Ministério de Assuntos Exteriores chinês, Qin Gang, também assinalou que técnicos da China viajam para a Malásia para colaborar com a investigação, e que os navios e aviões chineses que participam na busca modificarão seu rumo para se adaptar às novas descobertas.

"Além disso, continuamos em contato com outros países e organizações internacionais para conduzir nossas investigações e chegar a conclusões próprias", acrescentou o porta-voz, entre crescentes críticas na China ao gerenciamento da crise por parte da Malásia.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_