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O Brasil foi herói antes da hora

Campeões dizem que vitória massacrante sobre a Espanha na Copa das Confederações pode ser prejudicial para a seleção

Jogadores comemoram o título na Copa das Confederações 2013.
Jogadores comemoram o título na Copa das Confederações 2013.Rafael Ribeiro (CBF)

Campeões mundiais pela seleção brasileira temem que a esmagadora vitória contra a Espanha na Copa das Confederações (3x0) no ano passado possa interferir no desempenho durante o Mundial  deste ano. Dois defensores dessa tese são Tostão, campeão em 1970, e Mauro Silva, que venceu em 1994.

“O Brasil foi herói antes da hora. Se tivéssemos tido um jogo igual, mais parelho, contra a Espanha, a euforia seria menor”, alertou Tostão. Para ele, o Brasil terá de tomar um cuidado extremado para não ser prepotente diante das outras equipes.

“Quem vinha jogando o melhor futebol nos últimos tempos era a Espanha. Depois daquela vitória o que pode ficar na cabeça dos atletas é a seguinte mensagem: ‘se fizemos isso com a Espanha, podemos fazer com qualquer um’. O Felipão vai ter de saber trabalhar isso na cabeça dos atletas”, disse Tostão.

Para Mauro Silva os momentos de euforia são os piores para os jogadores. “É o momento em que você baixa a guarda e está sujeito a apanhar”, afirmou fazendo uma alusão ao boxe.

Segundo ele, às vezes é melhor jogar com a desconfiança do torcedor, como foi na Copa de 1994 e na Copa das Confederações do ano passado, do que com o excesso de confiança. “Estou otimista, mas estaria mais se a Copa do Mundo fosse um mês depois da Copa das Confederações. Em um ano, muita coisa muda no futebol. Todo mundo sabe como o Brasil joga e vai querer mais do que nunca derrotá-lo”, avaliou.

O Brasil foi herói antes da hora. Se tivéssemos tido um jogo igual, mais parelho, contra a Espanha, a euforia seria menor Tostão, ex-meia, campeão em 1970

Além do possível salto alto, o fator superstição também pode influenciar na decisão da Copa no Maracanã, em 13 de julho. Duas superstições jogam contra a seleção canarinha. A primeira é o Maracanazo, que foi quando o Brasil perdeu a final da Copa, em casa, para o Uruguai. A outra é que nunca um campeão da Copa das Confederações levantou a taça do Mundial seguinte. O próprio Brasil venceu em 1997, mas perdeu a final da Copa da França para o país anfitrião em 1998. Em 2005 e 2009 outras duas vitórias, mas os campeões em 2006 e 2010, foram Itália e Espanha.

Outros favoritos

Como nenhum time é imbatível, os campeões ouvidos por este periódico apontaram quem são os outros favoritos para levantar o caneco. Nesse quesito, eles não discordam. Pepe, Tostão e Mauro Silva traçaram dois escalões de favoritos. O primeiro com quem tem jogado bom futebol: Espanha, Argentina e Alemanha. E o segundo com quem pode surpreender ou pela tradição ou por que tem um ou outro jogador que desequilibra: Holanda, Itália, Bélgica, Inglaterra, Colômbia e Portugal.

O que pesa a favor dos espanhóis na opinião deles é o trabalho em conjunto e o meio campo, onde a maioria dos jogadores tem qualidade na saída de bola e chegam bem ao ataque.

Estou otimista, mas estaria mais se a Copa do Mundo fosse um mês depois da Copa das Confederações Mauro Silva, ex-volante, campeão em 1994

“Esse meio da Espanha é mortal. Controla o jogo e não deixa o adversário mostrar a garra. O que eles precisam melhorar é o ataque. Se o [Vicente] Del Bosque continuar insistindo em Fernando Torres e David Villa não chegará a lugar nenhum”, ponderou Tostão. Aliás, para ele o futebol está passando por um período em que está difícil encontrar um bom centroavante . O melhor da atualidade, na opinião do ex-jogador, não estará na Copa do Brasil, o sueco Ibrahimovic.

O ponto favorável para a Alemanha é a jovialidade da equipe e o entrosamento. “Eles se conhecem bem e são bastante ofensivos. É um time muito rápido e perigoso”, declarou Mauro Silva.

Já a Argentina, conta com a estrela soberana do Barça, Lionel Messi. “Ele desequilibra. Se marcar individual ele tira fácil. Se for por zona, dá muito espaço. É um craque que qualquer equipe precisa ter atenção”, ponderou Pepe. Sem contar os bons atacantes Dí María e Higuaín. “Esse trio e o Aguero é muito rápido e perigoso. Só falta um bom zagueiro, apesar de o treinador ter conseguido arrumar o setor defensivo”, afirmou Tostão.

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