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A crise da Ucrânia dispara a tensão entre a Rússia e o Ocidente

Moscou critica a Europa pela tentativa de impor uma decisão a Kiev. Kerry prevê se reunir neste domingo com os opositores ucranianos na Conferência de Segurança de Munique

Andrea Rizzi (enviado especial)
Ban Ki-moon, John Kerry, Sergei Lavrov e Lakhdar Brahimi, em Munique.
Ban Ki-moon, John Kerry, Sergei Lavrov e Lakhdar Brahimi, em Munique.Brendan Smialowski (AP)

A crise ucraniana e o conflito sírio estão disparando a tensão entre a Rússia e o Ocidente. A Conferência de Segurança de Munique foi palco esta manhã de um intercâmbio extraordinariamente explícito de censuras e recriminações entre representantes da Otan, a União Europeia (UE) e Moscou. O ministro de Relações Exteriores russo, Serguei Lavrav, respondeu com veemência a um discurso do presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, no qual esse afirmou que “o futuro da Ucrânia pertence à Europa” e que Kiev deve poder decidir livremente seu caminho, em referência às supostas pressões russas. Lavrov, em contraposição, disse que a Europa é que está “impondo uma decisão” a Kiev e que depois do suposto apoio ao desenvolvimento democrático do país, a UE de fato mantém protestos violentos e antidemocráticos.

O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, colocou sal na ferida internacional lançando um ataque à “preocupante dinâmica que se desenvolve em vários países do Leste europeu”, pela qual as “aspirações dos povos são colocadas em segundo plano, atrás dos interesses oligárquicos e corruptos que utilizam dinheiro para manipular os meios e debilitar a independência judicial”, disse. “Os EUA estão do lado do povo da Ucrânia”, acrescentou.

Kerry tem previsto se reunir aqui em Munique com vários representantes da oposição da Ucrânia, reunião que foi definida por um diplomata russo como “um circo”. Não está claro se também o fará com o ministro de Relações Exteriores em exercício de Kiev.

O líder da diplomacia russa também contestou muito secamente as preocupações expressas pelo secretário geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, que manifestou sua inquietude por supostos desenvolvimentos de capacidades militares “ofensivas, não defensivas” por parte da Rússia. Rasmussen se referiu explicitamente ao envio de aviões de combate à Bielorrússia e à implantação de novos recursos militares em Kaliningrado e no Ártico.

“Esses assuntos não deveriam ser debatidos em um fórum público, deveriam se resolver cara a cara”, criticou Lacrov, que disse que em Munique só havia “ouvido monólogos, mas nenhum diálogo”.

Lavrov também rejeitou a pressão sofrida pela Rússia para que faça mais na Síria. “Sozinhos não podemos fazer nada”, defendeu-se. Kerry reuniu-se à noite com seu homólogo russo, aparentemente com pouco sucesso, para tentar que a Rússia aumente a pressão sobre Bashar al-Assad para que ele entregue suas armas químicas, processo que se encontra paralisado.

Os EUA dizem que Damasco só entregou 4% do total.

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