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Contagem regressiva para o ‘caso Neymar’

A Audiência Nacional dá cinco dias a Sandro Rosell, presidente do Barça, para entregar os contratos do brasileiro, os comprovantes de pagamentos e as contas do clube desde 2011

Ramon Besa
Rosell e Neymar, no dia da apresentação do brasileiro.
Rosell e Neymar, no dia da apresentação do brasileiro.albert gea (reuters)

O Barça tem cinco dias para cumprir o contrato que assinou no dia 3 de junho com Neymar. Não é um prazo qualquer, já que foi fixado por Pablo Ruz, chefe da Audiência Nacional, antes de assumir se declara admissível a queixa apresentada por Jordi Cases, sócio do clube, contra o presidente Sandro Rosell, por um crime de apropriação indébita. A ordem emitida ontem anuncia que o titular do Juizado Central de Instrução Número 5 se declara competente para pesquisar os fatos acima de um tribunal ordinário por se tratar de supostos crimes cometidos por espanhóis no exterior — os contratos “teriam sido celebrados no Brasil em 2011 e em 27 de maio de 2013”— e admite a personificação do queixoso, Jordi Cases, que na época se opôs ao contrato de patrocínio assinado pelo clube com o Qatar Airways e impulsionou um voto de censura frustrado contra Rosell.

A pedido do Ministério Público, Ruz solicita ao Barça os comprovantes de pagamentos pelo contrato de Neymar bem como os relatórios financeiros de 2011, 2012 e 2013 nos quais o conselho diretivo informou à assembleia de sócios sobre os contratos do atacante assinado pelo Santos neste ano. O juiz pretende descobrir “se as alegações da parte reclamante são verdadeiras” e se, como sustenta Cases, o Barcelona não facilitou à junta e aos sócios a informação sobre o contrato de Neymar apesar de ter sido solicitada formalmente. Case sustenta que o Barça contratou Neymar por 57,1 milhões de euros (182,9 milhões de reais), dos quais 17,1 milhões seriam pagos em forma de direitos federativos e 40 milhões corresponderiam à sociedade Neymar&Neymar (N&N), de propriedade do pai do jogador. O Barça pagaria, além disso, 7,9 milhões pelos direitos sobre três jogadores do Santos e outros 9 milhões por uma partida amistosa.

O juiz Ruz quer saber se a diretoria não informou aos sócios sobre o acordo

O juiz assume também os argumentos do Ministério Público quando se lembra que o crime de apropriação indevida supõe “o gerenciamento desleal de um patrimônio cometido pelo administrador quando prejudica a sociedade, desviando o dinheiro cuja disposição tem a seu alcance”. Case, que solicita a declaração de Rosell como réu e do jogador como testemunha, aspira que Rosell, “embora não tenha se apropriado” do dinheiro, explique “por que pagou tal quantidade” — 40 milhões — ao pai do jogador. “Queremos saber o conceito”, reiterou o denunciante. “Nos Prometeram transparência”

Os porta-vozes da diretoria manifestaram a disposição em colaborar e atender aos requisitos, por entender que não cometeram nenhuma irregularidade, a não ser que simplesmente asseguraram o contrato do jogador quando ele era cotado por diferentes clubes como o Manchester City, o Bayern Múnich e o Real Madrid, clube com o qual Neymar chegou a fazer exame médico no Brasil. Rosell convenceria, há dois anos, o pai do jogador mediante o pagamento de 10 milhões, em vistas a sua incorporação, realizada em 2013 e não quando terminaria seu contrato com o Santos, em 2014.

O presidente do Barça garantiu o pagamento de grandes indenizações caso Neymar não fique no Barça. Os diretores não compreendem os requisitos propostos e consideram que, em último caso, só poderia lhes pedir explicações tributárias por meio do ministério da Fazenda. O único deslize que admitem para entender o contencioso é a cláusula de confidencialidade à que apelaram para não explicar uma operação na qual intervieram o Santos —proprietário de 55% dos direitos do atacante—; a empresa DIS —  40%— e um grupo de investidores liderado pelo pai de Neymar.

“O presidente usou bem seus contatos para o contrato. Sem mais”, dizem no Barça

As diferentes partes estão na expectativa da resolução do caso para revisar as quantidades recebidas enquanto o modelo barcelonista suspeita que parte da quantidade paga pelo Barça passou a fazer parte da ficha de Neymar, uns sete milhões, circunstância que tem encarecido as renovações ou melhorias de contrato previstas como a de Messi. “O contrato de Neymar não seria possível sem Rosell”, argumentam o Barça. “Ele utilizou muito bem seus contatos no Brasil”, insistem, “e poderia ganhar as equipes que apresentavam melhores ofertas sem cometer nenhuma irregularidade. Sem mais". A pergunta é se Cases —líder do coletivo Go Barça— atua por iniciativa própria ou por encarrego”. Rosell, que já anunciou sua intenção de apresentar a reeleição em 2016, não tem nenhuma oposição salvo a alternativa de Agustí Benedito, segundo nas eleições de 2010. O contencioso não preocupa a Neymar, de 21 anos, que, a partir de hoje, desfruta das férias de Natal, por decisão de Tata Martino. O atacante, cujo perfil será publicado em um caderno especial do El País no dia 25 de dezembro, não poderá jogar, sob risco de multa, no domingo em Getafe.

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