O Governo da África do Sul, à caça do falso intérprete de língua de sinais
A Federação de Surdos denuncia que o tradutor da homenagem a Mandela era falso O alarme disparou durante o ofício religioso, através de usuários das redes sociais A polícia procura o suposto intérprete, mas seu paradeiro e sua identidade são desconhecidos
A Federação de Surdos da África do Sul denunciou que o intérprete da língua de sinais, que traduziu as intervenções dos chefes de Estado durante o serviço religioso oficial celebrado na terça-feira em memória de Nelson Mandela, era "falso". Ao que parece, os sinais que utilizou não faziam sentido algum e também não empregou nenhum gesto facial, técnica que usam os intérpretes para transmitir as emoções, segundo publicam hoje diferentes meios sul-africanos.
"Foi uma fraude total e absoluta", afirmou a diretora da Escola de Educação da Linguagem de Sinais da Cidade do Cabo, Cara Loening, em declarações à agência de notícias sul-africana SAPA. "Seus movimentos não tinham nada a ver com a linguagem de sinais, apenas estava agitando suas mãos", acrescentou Loening, que considera que foi um "deboche" para a memória do ex-presidente da África do Sul e para todos os que estiveram presentes e os que assistiram ao ato pela televisão.
O alarme disparou durante o ofício religioso, quando começaram a publicar mensagens a respeito nas redes sociais. "Por favor, alguém pode pedir ao intérprete que abandone o palco, é vergonhoso", dizia um deles. "É um evento que todo mundo está olhando, mas as pessoas surdas não podem entender nem uma só palavra do que se está dizendo", acrescentava outra mensagem, segundo o jornal Mail & Guardian.
O Governo da África do Sul, por sua vez, prometeu que investigará o caso. O ministro da Presidência, Collins Chabane, afirmou que o Governo terá em conta estas "preocupações" e que "examinarão o assunto". "Não fomos capazes de concluir a investigação pela exigente organização de atos, com motivo do funeral de Estado", justificou o ministro, segundo informa a cadeia de televisão estatal SABC.
A polícia, por enquanto, trata de localizar o suposto intérprete, um jovem negro a quem encarregaram a tradução simultânea dos discursos dos dignatarios. O homem levava uma credencial de segurança pendurada no pescoço. "Estava gesticulando. Não seguia nenhuma regra gramatical nem a estrutura da linguagem. Inventava os sinais conforme avançava", afirmou também Delphin Hlungwane, uma intérprete da língua de sinais da Federação de Surdos. Foi ela quem advertiu, além disso, que o falso intérprete não traduziu as vaias e apitos que o presidente do país, Jacob Zuma, recebia cada vez que o mencionavam, aos espectadores que acompanhavam o ato.
"Supõe-se que deve indicar com suas expressões faciais, ainda que não exista um sinal em concreto", explicou a intérprete. "Não indicava nada em absoluto. Simplesmente, passava. Até o momento, não se informou sobre a identidade do intérprete falso. "Ninguém sabe quem é. Inclusive, a esta hora, nem sequer sabemos seu nome", enfatizou.
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