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Baixo grau de escolaridade e trabalho informal engordam a geração 'nem nem'

Aliados, esses dois fatores fazem com que um em cada cinco jovens de 15 a 29 anos no Brasil não estude e nem trabalhe

Marina Rossi

Eles estão demorando mais para sair da casa dos pais e muitos deles nem estudam e nem trabalham. De acordo com os números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), essas afirmações não refletem, necessariamente, uma geração que não quer nada com nada. Estamos falando de jovens brasileiros com horizontes estreitos.

Segundo o estudo, 20% dos jovens de 15 a 29 anos no Brasil estão fora da escola e também do mercado de trabalho. Ou um em cada cinco jovens. Isso em um país que vive hoje o almejado pleno emprego.

Parte da explicação pode ser dada pela evasão escolar. Desse grupo, fazendo um recorte com apenas os adolescentes entre 15 e 17 anos, 56% deles não têm ensino fundamental completo, sendo que, com essa idade, já deveriam ter, ao menos, o ensino médio completo. Já entre os mais velhos, na faixa de 25 a 29 anos que não estudam e nem trabalham, 51% têm até o ensino médio completo e apenas 9% estão em alguma faculdade ou já passaram por uma.

Segundo Bárbara Cobo, pesquisadora do IBGE, de certa forma, o jovem é, naturalmente, mais propenso a demorar para ingressar no mercado de trabalho. "Os jovens de uma forma geral mantêm taxas de ocupação abaixo da média, porque estão entrando no mercado de trabalho ainda e têm pouca experiência. Em períodos de crise jovens e idosos são os primeiros a serem mandados embora”, explica. Além disso, de acordo com Cobo, foi observado que muitos jovens estão em casa estudando para concursos públicos, outra meta bastante almejada pelo brasileiro.

Porém, apesar de alguns fatores externos contribuírem para amenizar o estereótipo dos “nem nem”, muitos jovens e adolescentes fora das escolas e sem emprego é sim uma preocupação relevante. “Sem dúvida essa é uma questão social muito forte, muito mais do que comodismo”, explica.

Outro fator a ser levado em conta é a informalidade do trabalho. Embora o Brasil viva o chamado pleno emprego, com apenas 5,2% da população desempregada, e, apesar de a quantidade de brasileiros ocupados em trabalhos formais ter subido de 44% para 57% nos últimos 10 anos, os jovens, juntamente com os idosos, estão na situação mais marginal do país. Pessoas com idade entre 16 e 24 anos e as acima dos 60 anos apresentaram as maiores taxas de ocupação informal: 47% dos jovens e 67% dos idosos estão empregados no mercado informal, o que significa não ter o respaldo da lei e os direitos dos trabalhadores garantidos.

Com baixa escolaridade e subempregos, o resultado é que o jovem pode estar demorando mais para conquistar sua independência e sair da casa dos pais. Segundo o levantamento, a proporção de pessoas entre 25 e 34 anos que moram com os pais passou de 20% para 24% em dez anos. A chamada “geração canguru” encontra na família uma maneira de sobreviver à marginalização dos níveis sociais.

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