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Javier Bardem: “O cinema foi muito afetado. Precisamos recuperar a experiência comunitária”

O ator volta a trabalhar com Fernando León de Aranoa e ambos brilham no contundente ‘El buen patrón’, que estreia neste mês no Festival de San Sebastián. Uma comédia ácida com fundo social que os dois definem como o reverso do magistral ‘Segunda-feira ao sol’, seu primeiro filme juntos. Naquela ocasião, para trabalhar com o diretor, Bardem recusou uma oferta de Spielberg. Uma lealdade que já deu grandes frutos criativos para o cinema espanhol

Fernando León de Aranoa e Javier Bardem, diretor e protagonista de ‘El buen patrón’.
Fernando León de Aranoa e Javier Bardem, diretor e protagonista de ‘El buen patrón’.Gonzalo Machado
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Quando Javier Bardem viu El buen patrón pela primeira vez, chorou. Não que o ator costume se emocionar sempre que se vê refletido na tela com aquela estranha sensação, entre própria e alheia, de se observar transmutado em alguém que é e, ao tempo, não é ele. Mas o filme que Bardem fez com Fernando León de Aranoa ―já são três, com Segunda-feira ao sol e Escobar: a traição― foi rodado em outras circunstâncias. “Tantas e tão duras que não pude evitar me emocionar”, afirma.

Para começar, uma filmagem em plena pandemia. “O fato de participar de um projeto criativo como este em uma época tão difícil, dramática, com limitações e restrições, foi uma coisa que não vamos esquecer e com a qual aprendemos muito”, destaca Bardem. Ele entrou no projeto depois de sofrer um revés em sua carreira com Cortés. Duas semanas após o início da superprodução da série de quatro capítulos sobre a conquista do México veio o confinamento. “Isso me afetou também como produtor, estávamos em Yucatán, em uma situação que por si só já era estranha, mergulhados no trabalho, com uma cenário incrível de Eugenio Caballero. Era um projeto em que [Steven] Spielberg estava envolvido por meio da Amblin, com um roteiro assinado por Steve Zaillian ―ganhador do Oscar por A lista de Schindler―, e tudo desmoronou. A Amazon o suspendeu, mas eu não desisto, farei o possível para que seja retomado.”

Aquilo teve um certo aroma a Apocalypse now, a filmagem improvável e lendária que foi possível à custa da saúde mental e física de Francis Ford Coppola. O ator mal tinha se recuperado do baque quando decidiu voltar ao bom refúgio cinematográfico que seu amigo Fernando León sempre tem para lhe oferecer. O diretor e roteirista o estava esperando longe do México, em um indeterminado lugar no interior da Espanha. Com as páginas já prontas de El buen patrón, filme agora selecionado para a competição do Festival de San Sebastián (que começa no dia 17) e que deve chegar aos cinemas espanhóis em outubro (ainda não há data prevista para o Brasil). “Fernando veio com essa proposta, mas para mim era muito difícil me imaginar em uma filmagem novamente. Difícil e, de certa forma, quase irresponsável, pelas circunstâncias. Mas pouco a pouco fomos vendo que, com extremo cuidado, dava para fazer. Por isso choramos ao ver o resultado. E também por ter consciência de que acabamos fazendo uma homenagem ao cinema e a essa necessidade de alimentar uma indústria para oferecer consolo com histórias que as pessoas precisam ver, sentir e ouvir. Filmes assim dão sentido a tudo que fazemos.”

“A única coisa que podemos fazer é plantar na Terra um pouco mais de empatia, respeito e cuidado”, diz o ator Javier Bardem.
“A única coisa que podemos fazer é plantar na Terra um pouco mais de empatia, respeito e cuidado”, diz o ator Javier Bardem. Gonzalo Machado

Além disso, no caso de Bardem, o filme representa o fechamento de um círculo que começou há quase 20 anos com Segunda-feira ao sol, produzida também pela Mediapro e Jaume Roures em parceria com Elías Querejeta. “De certa forma, El buen patrón é o reverso, o contracampo daquilo. O primeiro filme contava o panorama do desemprego, e este, o do emprego, com suas relações viciadas, hierárquicas e até certo ponto servis”, assinala Fernando León. “Gostamos de dizer, meio a sério, meio de brincadeira, que é o outro lado da moeda”, comenta Roures. “No primeiro, o personagem de Bardem lutava contra o poder, neste último, ele o desfruta”, acrescenta o produtor.

Se no anterior tudo girava em torno do personagem Santa, entre suas diatribes filosóficas e suas duras verdades, neste novo filme Bardem interpreta Julio Blanco. Trata-se de um fabricante de balanças, figurão de uma pequena localidade sem nome, reconhecível por todos como uma representação da posologia social espanhola. Um sedutor que se deleita com Julio Iglesias em meio ao balanço de seu Jaguar. Um manipulador, com comportamento exibicionista e contínua tensão dissimulada, embora difícil de esconder, na escápula.

Para balancear, para equilibrar tudo, está o toque de mestre que León dá à história, que ele também produziu por meio da Reposado PC. Primeiro no papel, com um roteiro sarcástico. Depois na tela, onde o humor ácido é combinado com o terreno do paradoxo entre contrapontos sutis. A polissemia está presente em suas linhas entre duplos, triplos e quádruplos sentidos, com frases contundentes, nas quais é importante tanto o que se diz quanto como se diz. “O fundamental é o tom”, confessa o cineasta.

Algo que não se ensina nas escolas de cinema nem nos cursos de roteiro, comenta Fernando León. “O tom é tudo. Aqui eu sentia que, a partir do humor, havia um pretexto para contar dinâmicas terríveis de hierarquia e vassalagem. De poder e competição. Vocês não encontrarão muitos santos na história. A única pessoa em que se pode confiar é o homem que anda armado, um vigilante cheio de bondade. Os outros têm seus problemas. Por isso era preciso retratá-los com humor: o humor é muito importante para mim”, enfatiza o diretor. E acrescenta: “Eu sentia que precisava dar um passo além, para a sátira, mas sem tirar os pés do chão.”

‘El buen patrón’, que estará na competição em San Sebastián, é o terceiro filme que Bardem e León de Aranoa fazem juntos, depois de ‘Segunda-feira ao sol’ (2002) e ‘Escobar: a traição’ (2017).
‘El buen patrón’, que estará na competição em San Sebastián, é o terceiro filme que Bardem e León de Aranoa fazem juntos, depois de ‘Segunda-feira ao sol’ (2002) e ‘Escobar: a traição’ (2017). Gonzalo Machado

Buscar uma comédia de humor ácido. É daí que vem o tom, algo tão fino que você tem que ter cuidado com ele em cada ensaio, na edição, na música, até o último instante. É muito frágil, você precisa estar atento e ter cuidado”. Os detalhes dão conta de seu perfeccionismo, algo que o acompanha como um martelo, às vezes com queixas do produtor. “Isso torna mais lento o processo dos filmes de Fernando”, afirma Roures. “Mas já assimilei isso; nesse aspecto, em seus processos criativos, ele me lembra o pintor Antonio López.”

Bardem percebeu a importância do tom em El buen patrón assim que leu o roteiro. “Um bom texto me produz sensações contraditórias. Uma coisa misteriosa que mescla variantes díspares é sinal de que estou diante de um material rico. Se não vejo contradição, não me atrai. Os trabalhos de Fernando têm isso. Ao lê-lo, senti inicialmente um enorme agradecimento pelo fato de ele ter pensado em mim. Depois, todo tipo de inseguranças, medos e dúvidas”, diz o ator. Ao terminar a primeira leitura, já decidido a interpretar o papel, surgiu a pergunta mais inquietante: “Como fazer isso?”.

Pouco a pouco, ele foi descobrindo como enfrentar o desafio. Com uma ideia e uma precaução ao mesmo tempo: cuidado, em primeiro lugar, com a linguagem. Um respeito reverencial pelo caráter sutil e extremo de cada frase. “Sim, porque é um trabalho muito centrado na palavra, baseado em grandes diálogos, diferentes ritmos, com frases às vertiginosas, outras vezes calmas, para definir um personagem que sempre sente que chega tarde para alguma coisa e que precisa ser reconhecido”, observa o ator.

Julio Blanco se move por seus domínios como amo e senhor de seu ínfimo território, tratado como pater familias de vidas alheias, com poder para resolver qualquer detalhe em um instante. Seja no Governo ou na imprensa local. Por isso, perde as estribeiras quando as coisas fogem do controle por culpa alheia, desafiando o princípio de incerteza de Heisenberg, ao qual apela constantemente, seja por um empregado traído ou por uma estagiária mais dotada do que ele para a sedução. Mas não se trata de julgar o personagem, apenas mostrá-lo, acompanhá-lo, penetrar nele com a ambição de se fundir com ele e torná-lo próprio, embora ele seja completamente estranho a você, acredita Bardem. “Você fala sobre ele com o diretor e inicia o trabalho de imersão e busca, o que mais me fascina. Consiste em deixar a si mesmo de lado e tentar ver o outro que você deve criar com as coisas dele, não as suas.”

Aí abre caminho o camaleão sem preconceitos. “É isso que faz expandir um pouquinho mais meu nível mental, emocional: não julgar, e sim entender; essa é a grande virtude do ator. Com um personagem assim, acontecia comigo. No início ele pode parecer, para você, um senhor com grande capacidade de manipulação, e você deve se perguntar se conseguirá superar isso. Um ator não deve concordar frequentemente com o que está fazendo.”

Isso já ocorreu com ele em relação a personagens que o repelem, como o Anton Chigurh de Onde os fracos não têm vez (2007), seu único Oscar até agora, graças ao filme dos irmãos Coen. Ou como o próprio Pablo Escobar, que ele também enfrentou com Fernando León. “Chigurh foi dos caras mais repulsivos que já interpretei na vida, simbolizava a violência e a irracionalidade. Mas você o interpreta para mostrar seus riscos e gerar um debate, como espero que ocorra com El buen patrón.”

“Com uma sala cheia de gente, o terceiro elemento, ou seja, o público, completa o filme. Sua magia chega, cativa, contagia”, afirma Fernando León de Aranoa.
“Com uma sala cheia de gente, o terceiro elemento, ou seja, o público, completa o filme. Sua magia chega, cativa, contagia”, afirma Fernando León de Aranoa.Gonzalo Machado

O que eles também esperam é que as pessoas voltem aos cinemas, sintam a graça ou o espanto contagiante que certas sequências provocam. León está otimista, acredita que o rito coletivo voltará. “Espero que com este filme as pessoas recuperem a confiança na experiência coletiva. Em obras como esta, com uma sala cheia de gente, o terceiro elemento, ou seja, o público, as completa. Sua magia chega, cativa, contagia. Gosto que as pessoas riam nas salas, como válvula de escape para a catarse. Tenho vontade de ver como este filme ressoa entre os espectadores.”

Bardem tem ido pouco ao cinema em meio à pandemia, mas uma ou outra vez não resistiu. “Fui ver alguns filmes infantis com meus filhos, e também Meu pai, com Anthony Hopkins”, afirma. “Lá dentro, notei um vazio enorme, embora compreensível: o medo pode te vencer, mesmo estando comprovado que os cinemas não são um foco de infecção. As pessoas estão caladas, de máscara, não se pode comer nem beber. Você sente uma pequena inquietação. O cinema, como fenômeno coletivo, foi muito afetado. Não sabemos se poderá retomar o voo como antes da pandemia. Tomara.”

Ele espera que isso ocorra em uma estreia futura: a nova versão de Duna feita por Denis Villeneuve, que foi exibida no Festival de Veneza e tem lançamento previsto para outubro tanto na Espanha como no Brasil. “É um filme-evento. Precisa de gente, de sala cheia, mas eu gostaria de pensar que esses filmes não serão os únicos a sobreviver. Queremos recuperar essa sensação, a experiência comunitária. É bom para o corpo e para a cabeça. Ajuda você a sentir-se menos sozinho. Esta pandemia nos levou ao recolhimento; alguns o utilizaram para construir e criar, outros o levaram para o individualismo, o ‘eu’ antes do ‘nós’. É legítimo, posso entender, mas o exercício de estar acompanhado em uma sala... Não sei o que acontecerá com tantas coisas que conhecíamos antes desta maldita pandemia.”

Bardem tem esperança de que a superprodução conviva com a modéstia de outras propostas, de que o sucesso garantido coexista com a surpresa que o próprio público fabrica com seu boca a boca. Isso voltará a lotar os cinemas? O diretor e o ator mantêm a fé. O produtor se mostra mais cauteloso. “A pandemia nos golpeou, não sei como vamos nos adaptar. Enfrentamos uma mudança qualitativa no setor, e ainda não vimos todo o seu alcance”, afirma Roures. Para começar, segundo o dono da Mediapro, os custos das filmagens subiram 15% com a dúvida sobre quanto os filmes arrecadarão nas bilheterias.

Mas tanto Fernando León como Javier Bardem, na parceria frutífera que formaram no cinema engajado, não têm feito outra coisa a não ser apostar e correr o risco. Depois de El buen patrón, ele têm certeza de que mais filmes virão. O DNA de seu relacionamento se baseia em uma mistura de entusiasmo e teimosia desde que, há mais de 20 anos, eles se conheceram em Las Vegas. Aqueles então moradores de Madri, com ruas e bares comuns, acabaram se encontrando em Nevada (EUA). E até hoje... “Eu estava escrevendo um roteiro e andava no processo de me documentar para isso em certos ambientes. Estava parado em um semáforo quando passou um carro com Jordi Mollà e Javier Bardem. Achei estranho, mas os ouvi dizer: ‘É Fernando León’, como se muita gente me conhecesse, ainda mais naquele lugar... Eles pararam e, com muito respeito, perguntaram o que eu estava fazendo ali. Eu expliquei e eles comentaram que iam jantar, mas que não queriam interromper meu trabalho. Olhe, eu quase subo no capô dizendo: ‘Sim, sim, por favor, levem-me com vocês’. Já estava entediado e cansado de andar sozinho.”

Javier Bardem acaba de estrear também ‘Duna’, de Denis Villenueve, em Veneza.
Javier Bardem acaba de estrear também ‘Duna’, de Denis Villenueve, em Veneza. Gonzalo Machado

Mais tarde, o diretor pensou em Bardem para Segunda-feira ao aol. Mas ele já tinha sido indicado ao Oscar por Antes do Anoitecer e começava a ser disputado por alguns grandes em Hollywood. Especificamente Steven Spielberg, que o queria ao lado de Tom Cruise para Minority report. “Eu lhe ofereci o papel de Santa e iniciamos as leituras. A cada passo tocava o telefone e era alguém de maior peso com uma proposta. Eu lhe dizia: ‘Aceite, não quero que desista de alguma coisa e isso pese na minha consciência’”, conta Fernando León.

Bardem respondia, dizia que esperaria. Fernando León sabia que o ator já estava fisgado depois da primeira leitura. “Ele se apaixonou por Santa. Quando leu a sequência da cigarra e da formiga, parou e disse: ‘Vou fazer’. Não precisou chegar até o fim. Pensei que se podia confiar em alguém para interpretar o personagem, era nele, seria coerente com seu ofício.” Bardem foi. Encarnou Santa em Segunda-feira ao sol e Colin Firth ficou com o papel que Spielberg tinha reservado para o espanhol em Minority report.

Esse episódio diz muito sobre o ator. Palavra e paixão o definem. Sentido transformador em seu ofício, sempre com um pé mundo afora, mas sem se desviar das raízes. Algo incutido por sua mãe, falecida em julho, de quem herdou um sentido ético da existência e uma preocupação constante com o que acontece em seu país. Agora o vê afetado, mas forte, com suas angústias, suas lutas e suas lágrimas, com necessidade de encontrar um sentido para espantar as nuvens sombrias. “A menos que façamos um esforço por aceitar a diversidade na Espanha, estamos condenados ao fracasso e à luta”, diz Bardem.

Bardem e León de Aranoa, fotografados em Madri.
Bardem e León de Aranoa, fotografados em Madri. Gonzalo Machado

Para isso, insiste, o cinema serve como espelho frontal e retrovisor: “Na arte, devemos refletir quem e como somos, colocar-nos no lugar do outro a partir de um espaço imaginário. Sensorial, emocional, não mental. É aí que ocorre uma mudança química, alheia ao púlpito e aos adjetivos. Todos que desejam se dedicar a essa arte buscam a experiência do espectador. Esse caminho que nos leva ao paradoxo, à contradição. A pegar o que achamos estar garantido e colocar isso em dúvida. Sem precisar impor o seu por cima do que é do outro.”

É uma atitude de encontro, de compreensão, de abraço. Mas que acarreta dificuldades nestes tempos em que muitos preferem viver de costas: “A pandemia mostrou a importância da saúde do corpo. Mas a alma, as instituições, as relações, a política, estão exacerbadas pelas redes sociais. É difícil ficar à margem disso quando, a partir de muitos âmbitos do espaço público, vemos como se massacram em um círculo vicioso em que o cidadão não se vê representado e pensa: o que me resta?”, diz o ator.

Na opinião de Bardem, também sofremos de déficit de atenção: “Precisamos simplificar muito as mensagens porque não temos tempo nem paciência para vislumbrar a complexidade de cada assunto. Em duas frases é difícil entender, empatizar, analisar. Construir acordos de convivência, cooperação, colaboração, concórdia... Tudo isso que começa pelo ‘co’ de comunidade, de construir. Mas quero fugir do barulho e pensar que existiram pessoas empenhadas em unir esforços e criar vacinas em uma tarefa sem precedentes. Se conseguiram, é por aí que temos de ir.”

Para o ator, esse é o caminho, e não outro. “Nada a ver com o conflito que provoca ira e leva ao populismo. Em meus 52 anos, não me lembro de um momento igual, essa onda de raiva, negatividade, destruição, ódio... Situações incompreensíveis”, diz. Especificamente no que se refere à extrema direita, cujo surto mais sanguinário no período da Transição Espanhola foi retratado por seu tio, Juan Antonio Bardem, no filme Siete días de enero. Mostrou a matança dos advogados de Atocha, em 1977, e a rejeição coletiva, do país, contra aquilo. Nada a ver com as cumplicidades que discursos racistas e antiprogressistas despertam hoje. Sem complexos. “Não entendo como a violência e a xenofobia conseguem ter ressonância nem como podem ser dadas justificativas para elas. É algo que não tínhamos voltado a ver. Acreditávamos que isso estava resolvido, mas voltou. E mais, nunca deixou de estar aí, mas agora se reativou. E quando algo tem a ver com a exclusão, não devemos permitir que reviva”, enfatiza o ator.

Muito menos em uma geração como a de Javier Bardem. “Crescemos com referências democráticas que somavam, para nós é difícil entender essa obsessão de subtrair, excluir, condenar, desintegrar. Penso nos jovens que hoje têm 20 anos e crescem com isso. Devem estar sendo afetados seriamente por isso”, afirma.

Sem falar na manipulação sofrida por palavras como liberdade. “Quando uma ideia tão bonita é levada para um lugar tão cheio de populismo, é triste. Esses são os sinais que ficam difíceis de ver em meio a tanto barulho”, diz o ator. Para combater o problema, é necessária uma educação com valores elevados, que ele procura transmitir para seus filhos, de 10 e 7 anos. “A infância é a semente. A felicidade máxima será a de seus descendentes. Mas não posso deixar de me perguntar o que vai acontecer daqui a 15 anos. Porque corre tudo tão rápido. Você sente impotência diante do desgaste do planeta, por exemplo. A única coisa que podemos fazer é plantar na Terra um pouco mais de empatia, respeito e cuidado.”

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