Bolsonaro versus Lula
Presidente do Brasil reduz o programa Bolsa Família, uma das iniciativas mais eficazes para combater a pobreza
O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, está reduzindo uma das iniciativas mais eficazes na luta contra a pobreza na história da economia mundial. O programa Bolsa Família, implantado em 2003 durante o primeiro ano do Governo de Luiz Inácio Lula da Silva, tem sido um fator muito importante para garantir que 30 milhões de pessoas tenham abandonado a pobreza durante esses anos e melhorado sua situação material e social, bem como aumentado as expectativas de seus filhos.
Mas, apesar de sua retórica nacionalista e de suas constantes declarações de colocar o interesse dos brasileiros acima de qualquer outra coisa, a verdade é que os recursos destinados por Bolsonaro ao Bolsa Família despencaram, o que na prática significa o estrangulamento do projeto. Atualmente, cerca de 1,7 milhões de famílias estariam em situação legal para participar do bem-sucedido programa, de acordo com cálculos feitos pela reportagem do EL PAÍS, mas o Governo anunciou agora que mal chegam a meio milhão de famílias. O Nordeste do país, onde o ex-presidente Lula desfruta de grande popularidade, é a região mais afetada.
Além disso, o presidente brasileiro anunciou uma lei que permitirá a exploração de recursos em terras indígenas protegidas. Isso inclui mineração, extração de petróleo e gás e construção de hidrelétricas. O projeto também prevê a autorização da exploração de terras indígenas para turismo, agricultura, pecuária ou indústria florestal. Bolsonaro é obrigado a respeitar a Constituição brasileira, que protege o direito dos indígenas a manter seus modos de vida, algo que parece complicado de acordo com seu projeto.
O presidente diz que pretende transformar o Brasil, mas a grande transformação em que seu país deveria se centrar é aquela criada por Governos anteriores: tirar milhões de pessoas da pobreza e proporcionar-lhes uma existência digna. Esse é o ponto crucial pelo qual o Brasil despertou admiração em todo o mundo nas últimas décadas e que Bolsonaro parece desprezar.