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Fundador da Evergrande promete que a imobiliária “sairá logo de seu momento mais sombrio”

A incorporadora mais endividada do mundo continuou seu declínio nos mercados nesta terça-feira, dois dias antes do vencimento de parcela de juros

Várias pessoas diante do Centro Evergrande em Xangai, nesta terça-feira.
Várias pessoas diante do Centro Evergrande em Xangai, nesta terça-feira.ALEX PLAVEVSKI (EFE)
Macarena Vidal Liy
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Um dia depois do baque nas Bolsas mundiais por causa da preocupação com a Evergrande, uma das principais incorporadoras da China e a mais endividada do mundo, o fundador do grupo, Xu Jiayin, quis mandar uma mensagem de tranquilidade. A empresa “sairá de seu momento mais sombrio em breve”, ele prometeu, em uma carta aos 200.000 funcionários.

A carta chega em um momento crucial. Foi escrita por ocasião da festa do Meio Outono, que se comemora nesta terça-feira, feriado na China, e em que é tradição os patrões felicitarem os empregados. E foi divulgada apenas dois dias antes de a Evergrande ter de enfrentar, na quinta-feira, um vencimento de juros, no valor de 80 milhões de dólares (cerca de 423 milhões de reais), de sua dívida, que beira os 300 bilhões de dólares (cerca de 1,6 trilhão de reais). A maioria dos analistas acredita que não conseguirá pagar no prazo, mas o grupo tem um período de carência de um mês para saldar essa parcela do débito.

A empresa, afetada por uma grave crise de liquidez, viu-se obrigada a interromper a construção de vários projetos já iniciados e admitiu ter dificuldades em cumprir os seus pagamentos, embora garanta que acabará por resolver a situação. Mas o medo de uma falência que faça compradores, fornecedores e investidores perderem seu dinheiro causou pânico nas bolsas de valores nesta segunda-feira, pelo temor de um contágio que poderia semear o caos na economia mundial. Nesta terça, os mercados asiáticos continuaram se ressentindo, embora as quedas tenham diminuído. As ações da Evergrande, no entanto, continuaram em queda livre, caindo 3% na Bolsa de Valores de Hong Kong. Até agora neste ano, perderam 84% de seu valor.

“Acredito firmemente que com os esforços e o trabalho árduo de todos vocês a Evergrande sairá de seu momento mais sombrio, retomará a construção de seus projetos em plena capacidade tão logo for possível e alcançará o objetivo fundamental de entregar empreendimentos imobiliários tal qual nos comprometemos”, escreve Xu, que fundou a incorporadora em 1996. O empresário não especifica quais os passos que prevê para atingir esse objetivo. “O espírito da gente da Evergrande, de nunca desistir e de se tornar mais forte quando o vento está contra, é a nossa fonte de forças para superar as dificuldades!”, acrescenta.

Ativos equivalentes a 2,2% do PIB

A Evergrande, uma das principais imobiliárias da China, com ativos equivalentes a 2,2% do PIB do gigante asiático, passou por uma grande expansão na última década, o que a levou a investir em uma ampla gama de negócios, do futebol à gestão de patrimônio, passando por alimentação, saúde e parques temáticos. Parte de seu modelo de negócios consistia em usar créditos para construir empreendimentos imobiliários com dinheiro emprestado, procedente dos bancos, como também de seus investidores, de compradores das moradias e dos próprios funcionários, por meio de produtos de gestão de patrimônio que prometiam juros generosos. Vendia seus imóveis antes de acabados e com esses recursos iniciava novos projetos.

Mas os órgãos reguladores impuseram uma série de novas regras desde o ano passado para controlar o déficit no setor imobiliário, que responde por um quinto do PIB da China e acumula dívida no valor de 5 trilhões de dólares (26,5 trilhões de reais). Entre elas, a impossibilidade de venda de imóveis inacabados. Essa medida deixou o grupo sem liquidez para arcar com as parcelas de sua dívida. Com credores entre seus próprios empreiteiros e fornecedores, investidores em seus produtos de gestão de patrimônio e compradores de residências, bem como instituições financeiras, a Evergrande foi forçada a paralisar mais de 500 projetos em cidades por toda a China.

Uma das incógnitas que preocupam os investidores é se o Governo chinês intervirá para resgatar a imobiliária, por ser “grande demais para falir”, ou se, ao contrário, a deixará resolver o problema sozinha. A maioria dos analistas está apostando em uma solução intermediária, em que a Evergrande teria que empreender alguma forma de reestruturação que compense os compradores de moradias e os fornecedores do grupo, enquanto os grandes investidores perderiam dinheiro.

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