Biden lança pacote de 1,9 tri de dólares, metade destinado a auxílio direto de famílias e trabalhadores

Presidente eleito dos EUA promete cheques de 1.400 dólares para trabalhadores e suas famílias

O presidente eleito dos EUA, Joe Biden, durante o anúncio do plano na quinta-feira em Wilmington (Delaware).JIM WATSON (AFP)

O presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou na quinta-feira um pacote de estímulo no valor de 1,9 trilhão de dólares (10 trilhões de reais) para combater a emergência sanitária e afastar o risco de recessão. O teor dessa aguardada mensagem à nação, divulgado para a imprensa horas antes do anúncio formal, trouxe certo alento à atividade do mercado financeiro.

O anúncio, feito apenas seis dias antes da posse de Biden, é visto como uma guinada na resposta à crise do coronavírus nos EUA ―que enfrentam os dias mais difíceis da pandemia, com 385.000 mortes― e, ao mesmo tempo, como o programa abrangente que os democratas vinham pedindo fazia meses.

Mais informações
Bob Woodward: “A democracia resistiu, o fracasso foi Trump”
Washington se blinda contra a ameaça de violência
Segundo impeachment pode deixar Trump inelegível?

O plano é composto por várias medidas, incluindo uma ajuda de 400 bilhões de dólares (2,1 trilhões de reais) para combater diretamente a pandemia, com medidas básicas como acelerar a distribuição da vacina e reabrir as escolas durante seus primeiros 100 dias de Governo, nos quais o veterano político espera que 100 milhões de americanos possam ser vacinados. Outros 350 bilhões de dólares (1,8 trilhão de reais) serão destinados aos Governos estaduais e locais para ajudá-los a reduzir os déficits orçamentários. Mas a maior fatia desse grande pacote de estímulo é destinada aos trabalhadores e às famílias, com um total de 1 trilhão de dólares (5,3 trilhões de reais) em cheques diretos, no valor de 1.400 dólares (7.390 reais) cada um ―mais que o dobro dos 600 dólares (quase 3.670 reais) aprovados no último programa de ajuda do Congresso―; um seguro-desemprego mais generoso, que passará de 300 para 400 dólares (de 1.580 para quase 2.110 reais) por semana e será estendido até setembro; licenças remuneradas para trabalhadores que adoeçam de covid-19 e subsídios mais amplos para cuidar dos filhos. Outros 440 bilhões de dólares (2,3 trilhões de reais) serão destinados para apoiar as pequenas e médias empresas e as comunidades mais afetadas pela pandemia.

Como apoio complementar para estimular a recuperação econômica, o futuro 46º presidente dos EUA prometeu a criação de “milhões de empregos” na indústria. “Imaginem o futuro: ‘feito nos Estados Unidos’, ‘fabricado totalmente nos EUA por [trabalhadores] americanos’”, apontou, assinalando que o dinheiro dos contribuintes será utilizado para reconstruir o país. “Compraremos produtos americanos, sustentando milhões de empregos na indústria dos EUA”, disse, em um arremedo do nacionalismo econômico de Trump que Biden já apresentara durante a campanha eleitoral.

“Não é difícil ver que estamos em meio a uma crise econômica como as que afetam apenas uma entre muitas gerações, com uma crise paralela de saúde pública. Não podemos ficar de braços cruzados”, disse Biden, em um discurso televisionado e estranhamente longo, no qual não poupou críticas à inação do atual Governo e ao “fracasso” na distribuição da vacina. “Os benefícios [do plano] superarão em muito seu custo”, prometeu.

Com sua mensagem, Biden define a agenda política e econômica contra o coronavírus, o problema que mais lhe tira o sono, mesmo antes de chegar à Casa Branca. Mas o cenário político, dominado pelo segundo processo de impeachment contra o presidente Donald Trump, e a apertada distribuição de cadeiras no Senado, que deverá aprovar esse custoso plano, lançam certas sombras sobre sua viabilidade imediata, segundo o jornal The New York Times. No entanto, o presidente eleito se mostrou confiante de que o pacote tramitará sem demora em meio aos procedimentos do julgamento político de Trump.

Mais informações

Arquivado Em