18 fotosUma década de guerra na Síria através dos olhos infantisHá crianças que deixaram de ser crianças em 10 anos de conflito na Síria. Outras, as mais novas, não conheceram outra vidaEl País15 mar. 2021 - 12:16BRTWhatsappFacebookTwitterLinkedinLink de cópiaEm 14 de abril de 2012, um homem sustenta uma criança no braço esquerdo enquanto estende a mão direita para ajudar uma mulher com um bebê enquanto sobem uma colina. Todos fugiam da violência na Síria, todos tentavam cruzar a fronteira do país para se refugiar na vizinha Turquia. Em julho de 2012, 1,5 milhão de pessoas dentro da Síria precisavam de assistência humanitária. Os serviços de educação e saúde foram interrompidos a insegurança alimentar aumentou.Romenzi (Unicef)Em 3 de setembro de 2013, uma menina e uma mulher passam por edifícios destruídos na cidade de Maarat al-Numaan, na província de Idlib. Até então, o conflito na República Árabe Síria havia provocado o deslocamento interno de 4,25 milhões de pessoas. O apoio do Unicef no país se concentrava então em programas de água, saneamento e higiene, incluindo o fornecimento de água potável e para uso doméstico para 10 milhões de pessoas; proteção infantil, incluindo serviços de apoio psicossocial; e nutrição e saúde. Embora muitas crianças já estivessem refugiadas em outros países, mais de meio milhão de crianças não iam à escola na Síria. Por isso, o organismo da ONU se esforçou também para garantir a continuidade da educação.Diffidenti (Unicef)Uma menina, que caiu e bateu a cabeça em sua casa, esperava um exame médico no hospital Dar El Shifa, em Alepo. A cidade tinha sido epicentro de combates prolongados durante o conflito, que restringiu o acesso ao atendimento médico e a outros serviços básicos. No final de setembro de 2012 na Síria, a escalada da guerra continuava afetando as crianças e suas famílias. Até aquele momento, 2,5 milhões de pessoas tinham sido afetadas. Desse total, 1,2 milhão de pessoas (metade delas, crianças) foram deslocadas de suas casas. As mortes, incluindo as de menores de idade e mulheres, eram estimadas em 19.000.Romenzi (Unicef)Alaa Ahmed, de oito anos, toma chá ao lado de seu irmão na entrada da tenda de sua família em Dohuk, Iraque (2013). A piora do inverno dificultava a vida diária das crianças e famílias sírias no campo de refugiados de Domiz, no norte do Iraque. Segundo o Acnur, mais de 40.000 refugiados sírios estavam registrados nesse acampamento, o dobro da capacidade para a qual ele foi criado.Khuzaie (Unicef)Em 17 de maio de 2014, um garoto corre por uma área coberta de escombros, em meio a edifícios destruídos na Cidade Velha de Homs. Naquela ocasião, moradores deslocados retornaram para inspecionar os danos de suas residências e seus negócios, depois de um acordo negociado entre os combatentes e o Governo.Nasar Ali (Unicef)Iraque, fevereiro de 2014. Hakim (nome fictício), de três anos, observa através da abertura de uma tenda desgastada no campo de refugiados de Domiz, no norte do Iraque. Dentro estavam sua irmã mais nova e sua mãe (Fatema), juntamente com uma amiga grávida. A família de Hakim caminhou durante três horas no inverno para escapar da Síria, onde a vida, segundo sua descrição, era aterradora.Schermbrucker (Unicef)Em 25 de dezembro de 2015, Esraa, de quatro anos, e seu irmão Waleed, de três, sentam-se no chão perto de um abrigo para deslocados internos em Alepo. Naquele momento, estimava-se que 3,7 milhões de crianças sírias (uma de cada três) tinham nascido desde o início do conflito. Tudo o que tinham conhecido era a guerra. "Na Síria, a violência se tornou lugar-comum, atingindo lares, escolas, hospitais, clínicas, parques, playgrounds e lugares de culto", disse Peter Salama, então diretor regional do Unicef para Oriente Médio e África do Norte. "Quase sete milhões de crianças vivem na pobreza, o que faz com que sua infância seja de perdas e privações", acrescentou.Al-Issa (Unicef)Em 6 de março de 2016, alunos da quarta série estudam em um sala de aula no acampamento de Al Karnak, na cidade de Tartus. Naquele momento, o Unicef calculava que 8,4 milhões de crianças, mais de 80% da população infantil da Síria, estavam afetadas pelo conflito, tanto dentro do país como refugiadas em países vizinhos.Saker (Unicef)Em 10 de agosto de 2016, um menino deslocado do bairro de Al Hamadaniyah, na parte ocidental de Alepo, estava alojado em uma escola transformada em abrigo. No final daquele mês, na parte oriental de Alepo, cerca de 100.000 crianças permaneciam bloqueadas. A água tinha parado de fluir pela rede pública, porque o gerador da principal estação de bombeamento precisava ser consertado. O Unicef não tinha acesso seguro para fornecer a assistência humanitária urgente necessária na área.Al-Issa (Unicef)Alaa e Ahmad sentados em seu lugar favorito à beira-mar. Quando os combates se intensificaram em Alepo em agosto de 2016, Alaa teve de fugir para salvar sua vida e se instalou juntamente com sua família na cidade costeira de Tartus. O menino estava na segunda série.Al-Issa (Unicef)Em 17 de fevereiro de 2017, Hikmat (à direita), de 12 anos, é empurrado pelo acampamento de refugiados de Zaatari, na Jordânia, por seu amigo Abdullah, de 11. Embora parte do acampamento fosse acessível para cadeiras de rodas, o cascalho e o barro impossibilitavam que Hikmat se locomovesse sozinho. As crianças viviam na Jordânia desde que tinham fugido da Síria, cinco anos antes. O acampamento de Zaatari abrigava 80.000 refugiados sírios. Entre eles, Hikmat e Abdullah, que desde que se conheceram, em 2016, tornara-se amigos inseparáveis.Herwig (Unicef)Em 2 de março de 2017, Saja, de 13 anos, joga futebol. “Eu adoro; não sinto que tenha perdido absolutamente nada”, dizia. Saja tinha perdido suas quatro melhores amigas (Fatima, Zahr’a, Cedra e Wala’a) em um ataque com bomba no bairro de Bab Al-Nairab, no leste de Alepo, fazia mais de dois anos. Ela perdeu sua perna no mesmo ataque e, com ela, seu sonho de ser ginasta. Depois, seu irmão morreu em outro ataque, mas ela mantinha a esperança e percorria todos os dias um longo caminho até a escola Kasem Amin para continuar seus estudos. “Meu desejo para o futuro da Síria é que volte a ser como era. Que não haja mais guerra. Espero que possamos sair e saber que voltaremos sãos e salvos, em vez de sair para nunca mais voltar para casa. Que vivamos como antes”, pedia.Al-Issa (Unicef)Em março de 2018, segundo relatos, milhares de pessoas abandonaram Hammouriyeh, no leste de Ghouta, depois de fortes combates que mataram e feriram civis, além de causar danos à infraestrutura. Muitos moradores se refugiaram em Dweir, onde o Crescente Vermelho Árabe Sírio ajudava as famílias com kits de higiene e comida pronta. Nesta imagem, uma criança dorme dentro de uma mala enquanto a família foge da guerra, em 15 de março de 2018, no vilarejo de Beit Sawa.Omar Sanadiki (Unicef)Hanaa, de oito anos, ficou com paralisia devido à explosão de uma bomba em Alepo e perdeu o movimento das pernas, por isso precisava usar cadeira de rodas. Não quis sair de sua casa durante meses após sua lesão. “Tinha medo e não podia nem brincar com minhas irmãs.” Depois, voluntários de um espaço amigável para crianças apoiado pelo Unicef em Alepo a levaram ao centro para jogar, cantar e desenhar. Hanaa tinha abandonado a escola, mas voltou para continuar seus estudos. Quando lhe perguntavam, dizia que tinha dois desejos: “Meu sonho é ser fisioterapeuta para ajudar crianças como eu. E meu grande sonho é que a paz volte ao meu país”.Al-Issa (Unicef)Refugiado sírio vivendo em um acampamento informal em Ersal, no leste do Líbano, perto da fronteira com a Síria, em 10 de janeiro de 2019. Os refugiados estavam vivendo em condições terríveis que se agravaram depois que uma forte tempestade atingiu o país no início daquele ano.UnicefFotografia tirada em um acampamento improvisado em Atmeh, no norte da cidade síria de Idlib, em 30 de setembro de 2019. As crianças assistem a uma aula de árabe em sua tenda de campanha transformada em escola. Em Atmeh, as famílias buscaram refúgio sob olivais e galpões em condições precárias. A maioria das crianças não tinha tido frequentado uma escola durante anos.Al-Muhibani (unicef)Foto de 8 de março de 2020 mostra os escombros da escola secundária para meninas Bant Ahsam, que tinha sido atacada três dias antes. Os ataques indiscriminados em áreas civis continuavam naquele momento, deslocando famílias e destruindo serviços vitais. Em 25 de fevereiro de 2020, dez escolas, a maioria na cidade de Idlib, foram atacadas, e nove crianças e três professores morreram.Suleiman (Unicef)Criança em uma tenda no acampamento de Kafr Losin, no noroeste da Síria, em 19 de janeiro de 2021. Nos dias anteriores, Alepo e Idlib, no noroeste do país, sofreram algumas das tempestades mais fortes deste inverno boreal. As fortes chuvas inundaram as barracas e cortaram as estradas que levam aos acampamentos para famílias deslocadas internamente. Embora os danos ainda estejam sendo avaliados, há relatos de que mais de 1.700 moradias da área foram afetadas pelas inundações, expondo as crianças ao agravamento do inverno. O Unicef estima que 1,2 milhão de crianças no noroeste da Síria têm necessidades urgentes não atendidas. Crianças e famílias se refugiam em instalações públicas, escolas, mesquitas, edifícios inacabados e tendas. Muitas pessoas vivem ao ar livre, até mesmo em parques, em meio a fortes chuvas e a um frio glacial. O acesso aos serviços mais básicos, como saúde, água e saneamento, é muito limitado ou inexistente. A recente recessão econômica na Síria e o impacto da pandemia de coronavírus agravaram ainda mais uma situação se desesperadora.MUSTAFA OZER (Unicef)