Um complexo esportivo na luta contra o coronavírus, dos dois lados de uma avenida
O EL PAÍS acompanha um dia da rotina do hospital de campanha de Santo André, a quarta maior cidade de São Paulo que viu os casos de síndrome gripal crescerem 20 vezes em dois meses. É um complexo esportivo, nos dois lados de uma mesma avenida, convertido em dois hospitais durante a pandemia.
O Complexo Esportivo Pedro Della`Antonia foi dividido em quatro alas, identificadas pelas letras A, B, C e D. Há ainda outras estruturas anexas, que somam 180 leitos. Na quinta-feira, 21 de abril, havia 141 pacientes internados no local. Camila SvensonPaciente chega ao hospital de campanha em uma maca. Se não chega com um exame recente da unidade de saúde que o transferiu, é encaminhado para um contêiner onde se faz tomografia para identificar a gravidade da pneumonia provocada pela covid-19. O estado de saúde vai definir para qual das quatro alas do hospital de campanha o paciente deve ser encaminhado.Camila SvensonO paciente que chega ao hospital de campanha não pode levar objetos pessoais. Livros e celulares são devolvidos à família porque ali, se tornariam novos vetores contaminantes. Na admissão, o paciente recebe um pequeno kit de higiene, com chinelas, escova de dente e creme dental. Os objetos usados da ala de covid-19 não devem ser reutilizados.Camila SvensonUm profissional de saúde observa a movimentação do hospital de campanha da arquibancada. Próximo a ele, estão geradores de energia.Camila SvensonProfissionais de saúde organizam o fluxo do hospital de campanha. Vestem um uniforme verde, uma forma de preservar as roupas dos próprios profissionais num ambiente infeccioso.Camila SvensonUm alento para os pacientes que permanecem horas e horas solitários nos leitos são as videochamadas para a família e os pequenos bilhetes com palavras de incentivo colocados nas paredes e em etiquetas nas refeições.Camila SvensonDiariamente, a psicóloga Marina passeia com um tablet pelos corredores entre os leitos. Oferece aos pacientes uma videochamada com a família para que se sintam menos sozinhos durante uma internação que costuma durar pelo menos cinco dias e que não permite acompanhante. No estádio do outro lado da rua, foi montada uma central de visitas online para os parentes que não tenham acesso a um computador ou a um celular para conversar com os pacientes. Lá, os visitantes precisam manter distanciamento social e usar máscaras.Camila SvensonO ritmo de trabalho nos corredores do hospital de campanha é intenso. Dezenas de profissionais (enfermeiros, médicos, fisioterapeutas e técnicos de enfermagem) monitoram os pacientes 24 horas diante de uma doença nova. Começam a entender padrões da covid-19 e a perceber que monitorá-los é crucial diante de uma doença instável e que se agrava rapidamente.Camila SvensonDo lado de fora das alas, computadores são utilizados frequentemente pelos profissionais, que registram cada mudança nos quadros dos pacientes. Também monitoram resultados de exames, prontuários e medicamentos. Nas paredes, lembretes de como seguir a organização do fluxo do hospital.Camila SvensonEquipamentos de proteção são identificados pelo nome do profissional. Os escudos faciais costumam ser usados apenas quando o profissionais precisam ter contato mais direto com o paciente infectado.Camila SvensonUm profissional de saúde usa o que eles chamam de capote azul, um macacão que redobra a proteção de profissionais que precisam atuar na ala de terapia intensiva, onde o risco de contágio é maior por conta dos aerossóis e respiradores utilizados pelos pacientes mais graves, que lançam gotículas no ar enquanto respiram.Camila SvensonAo final do plantão, profissionais de saúde se dirigem até o vestiário do ginásio, onde retiram cuidadosamente cada equipamento de proteção que usaram durante as várias horas de trabalho enquanto cuidavam de pacientes coma covid-19. Retiram primeiro a touca, depois a máscara, aventais, luvas e o uniforme do hospital. A cada item retirado, lavam as mão longamente com água e sabão. Um procedimento que repetem o tempo todo na mente. Maior que o receio de se infectar, é o medo de levar o vírus para casa.Camila SvensonAs vestimentas utilizadas tanto pelos profissionais quanto pelos pacientes é reservada em sacolas e levadas para higienização com cuidado porque qualquer objeto que entra na ala de covid-19 do hospital está potencialmente contaminado.Camila SvensonDa tribuna do estádio Bruno José Daniel, agora se vê uma ampla tenda sob a qual funciona um hospital de campanha. Pouco se vê do gramado esmagado pela estrutura, que tem 120 leitos, alguns deles de isolamento para receber pacientes com o novo coronavírus que possam ter também outras doenças infecciosas. Por enquanto, apenas 10% dessa estrutura (anexada a um outro hospital de campanha) está ocupada.Camila SvensonSob a arquibancada do estádio Bruno José Daniel, em Santo André, um profissional de saúde se prepara para entrar o segundo hospital de campanha, inaugurado na última semana de maio. Percorre o trajeto feito meses antes por jogadores de futebol. Camila SvensonFuncionários na entrada oficial do hospital de campanha no estádio, por onde chegam pacientes de Santo André e das cidades vizinhas, transferidos de outras unidades de saúde. Camila Svenson