Celulares da Huawei deixarão de ter aplicativos do Facebook, WhatsApp e Instagram pré-instalados

Medida não afetará quem já tem um telefone Huawei, que poderá continuar usando os aplicativos e receber atualizações

Funcionário da Huawei em uma loja da empresa em Bangkok.Soe Zeya Tun (Reuters)

Os aplicativos do Facebook deixarão de ser pré-instalados nos telefones celulares da Huawei, como noticiou a agência Reuters e a empresa confirmou a este jornal. A medida afetaria todos os celulares da empresa chinesa que ainda não saíram da fábrica, que não poderiam ter Facebook, WhatsApp e Instagram pré-instalados, segundo uma pessoa familiarizada com o assunto citada pela Reuters. Ainda assim, os usuários poderão continuar fazendo download desses aplicativos enquanto tiverem acesso ao Google Play. Mas não está claro o que acontecerá no momento em que a Huawei deixar de ter acesso à loja de aplicativos do Google.

Se o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não levantar o veto e a Huawei não convencer os desenvolvedores e seus financiadores a criarem apps para seu novo sistema operacional, os usuários poderiam ficar sem alguns dos mais baixados do mercado como Facebook, WhatsApp e Instagram.

Os fabricantes de telefones celulares costumam pré-instalar vários aplicativos de terceiros. O do Facebook é geralmente um dos mais habituais. Mas a empresa decidiu parar de fazê-lo. “Estamos estudando a regulamentação final do Departamento de Comércio e a licença geral temporária mais recente e estamos tomando medidas para garantir o cumprimento”, explicou um porta-voz do Facebook a este jornal.

A empresa descartou avaliar o que aconteceria se deixasse de ter acesso à Play Store: é algo que não está em cogitação no momento, diz a Huawei

A medida da empresa de Zuckerberg não afetará quem já tem um telefone da Huawei, que poderá continuar usando os aplicativos e receber as atualizações, segundo explicou o Facebook à Reuters. Fontes da Huawei também afirmaram a este jornal que atualmente não há usuários que tenham um telefone da Huawei e que não tenham Facebook.

As mesmas fontes explicaram que em todos os telefones que estão tanto nas mãos dos consumidores quanto nas lojas, para venda e em estoque, e em todos os telefones que existem hoje o aplicativo está instalado “e não há problema algum”. De qualquer forma, dizem elas, a medida só se aplicaria aos telefones que ainda não existem. E mesmo nesses aparelhos que ainda não foram feitos, o aplicativo do Facebook poderia ser baixado da Play Store “de forma normal”, como insistem as mesmas fontes. A empresa descartou avaliar o que aconteceria se deixasse de ter acesso à Play Store: é algo que não está em cogitação no momento, diz a Huawei.

A gigante de tecnologia chinesa luta para manter seu negócio em funcionamento depois que o Governo de Donald Trump incluiu a empresa chinesa em uma lista negra comercial. O anúncio do Facebook aconteceu depois de o Google ter suspendido os negócios com a Huawei que exijam a transferência de produtos de hardware e software, exceto aqueles cobertos por licenças de código aberto. Da mesma forma, importantes fabricantes de processadores anunciaram nas últimas semanas que deixarão de vender seus produtos à Huawei.

Essa disputa entre a Huawei e a Administração de Donald Trump ameaça sair muito cara para a gigante chinesa. A empresa se consolidou como a segunda vendedora de smartphones na Espanha, posição que ocupa desde maio de 2015, atrás apenas da Samsung e deixando para trás a Apple. No final de maio, a empresa chinesa admitiu que suas vendas de celulares tinham caído até 30% na Espanha, embora os distribuidores estimem a queda em 80%.

Google acredita que veto à Huawei põe segurança nacional em risco

O Google alertou a Administração Trump que a disputa com a Huawei coloca em risco a segurança nacional dos Estados Unidos, de acordo com o jornal Financial Times. A empresa, segundo o jornal, tenta continuar fazendo negócios com a marca chinesa, razão pela qual não quer que o Governo siga em frente com o veto. Os altos executivos do Google estão pressionando os funcionários norte-americanos a excluir a empresa da proibição de exportar para a Huawei sem uma licença aprovada por Washington, segundo três pessoas citadas pelo jornal que conhecem as negociações. A gigante de tecnologia está preocupada com a possibilidade de não ter permissão de atualizar seu sistema operacional Android nos smartphones Huawei, o que, segundo ela, levará a empresa chinesa a desenvolver sua própria versão do software. Enquanto a Huawei explicou que seria capaz de desenvolver seu próprio sistema operacional "muito rapidamente", o Google argumenta que uma versão do Android modificada pela marca chinesa seria mais suscetível de ser hackeada.

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