
O chocalho que sobreviveu à Guerra Civil Espanhola
9 fotosMartín de la Torre tinha nove meses quando fuzilaram a sua mãe. Catalina Muñoz foi assassinada a tiros em 1936, aos 37 anos, e enterrada com o brinquedo do filho caçula, que só conheceu sua história 83 anos depois
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A história do fuzilamento de uma mãe enterrada com o chocalho do filho
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1Os restos mortais de Catalina Muñoz Arranz foram encontrados no parque de La Carcavilla (Palência), em 2011, por arqueólogos que buscavam os corpos de 250 vítimas da repressão franquista. O objeto rosa e amarelo brilhante chamou a atenção naquele dia: poderia este chocalho ser de 1936? Sociedad de Ciencias Aranzadi -
2Este objeto e a história por trás dele serviram para uma família inteira recuperar a memória de eventos que estavam enterrados. Catalina tinha quatro filhos quando a mataram. Foi acusada de conspirar contra o Governo, o que ela negou em seu julgamento, quando admitiu ter ido apenas a algumas manifestações. O menor, de 9 meses, era o dono do chocalho. Era Martín da Torre Muñoz, hoje com 83 anos, que na foto está em sua casa na cidade de Cevico da Torre (Espanha). Víctor Sainz -
3Martín vive no mesmo povoado de 400 habitantes onde vivia sua mãe, Catalina. Martín tem hoje 83 anos e nada se lembra de sua mãe, já que tinha apenas nove meses quando a ditadura de Francisco Franco a fuzilou. Fala pouco, tem o olhar fixo e umas mãos muito largas de toda uma vida trabalhando, pois começou aos oito anos. Na imagem, Martín da Torre Muñoz em sua casa com a filha Martina da Torre Atienza, que lhe dá um beijo, e sua mulher, Francisca Atienza Ocasar. Víctor Sainz -
4Lápide onde estão os restos mortais de Catalina Muñoz de Arranz, no cemitério municipal de Nossa Senhora dos Anjos em Palência. Morreu em 22 de setembro às "cinco e trinta horas do dia [...] por feridas produzidas por arma de fogo de pequeno projétil em crânio e peito”. Apesar da ausência de provas, a mãe de quatro filhos pequenos foi condenada por rebelião militar e assassinada na Guerra Civil Espanhola. Víctor Sainz -
5Lucía de la Torre Muñoz relata o que a memória lhe permite sobre a prisão e execução de sua mãe Catalina Muñoz Arranz, única mulher julgada em conselho de guerra e fuzilada na província de Palência. "Já faz algumas semanas que não paro de chorar me lembrando". Víctor Sainz -
6A esposa de Martín, Francisca Atienza Ocasar, segura um envelope com os papéis da sepultura de Tomás de la Torre, marido de Catalina, que foi preso durante a Guerra Civil Espanhola. Quando o pai de Martín saiu da prisão, foi trabalhar em Bilbao. Muitos anos depois, já aposentado, voltou a povoado de Cevico e viveu ali os últimos oito anos de sua vida. Nunca falaram do acontecido e Martín não lhe perguntou nada sobre sua mãe para não fazê-lo lembrar das lembranças dolorosas. Víctor Sainz -
7Martín não sabia que a sua mãe a tinham enterrado só em Palência e agora viu pela primeira vez a foto do brinquedo que levou com ela à tumba. Como ninguém na ocasião reivindicou os restos mortais e os pertences de Catalina, encontrados em 2011, foram enterrados no cemitério de Palência junto a outras vítimas da repressão franquista, mas em uma caixa separada. Agora, a família que descobriu sua história 83 anos depois quer reaver os restos mortais e objetos de Catalina. Na imagem, uma placa de trânsito do povoado de Cevico de La Torre, onde Martín passou a vida e onde a mãe foi fuzilada. Víctor Sainz -
8O chocalho de Martín, encontrado junto ao cadáver de sua mãe. O brinquedo foi levado ao etnógrafo Fermín Leizaola, que examinou o objeto e conseguiu provar que, de fato, podia ser da época (1936). O material do brinquedo era um plástico desenvolvido em 1870. Sociedad de Ciencias Aranzadi -
9Depois de conhecer a história do chocalho e seu paradeiro, Martina, a filha de Martín, iniciou os trâmites para recuperar os restos mortais da avó e, junto a eles, o brinquedo, que poderia voltar às mãos de seu pai 83 anos depois. Na imagem, a Rua Pedro Monedero em Cevico da Torre, Palência. Víctor Sainz