Imagens do trabalho de Rafael Hupsel, que mergulhou no cotidiano de um grupo que faz uso da ayhuasca. Na imagem, integrante da Irmandade Natureza Divina atravessa igarapé em Rondônia carregando o cipó 'Banisteropsis caapi' nas costas após ele ser colhido. O cipó é usado para fazer a beberagem.Rafael HupselQuando o preparo da ayahuasca era realizado pelo grupo em Rondônia, a caminhada para colher o cipó era uma oportunidade de estabelecer um profundo contato com a floresta e com os espíritos que vivem nela, explica o pesquisador e fotógrafo Rafael Hupsel.Rafael Hupsel'Banisteropsis caapi' é uma planta trepadeira nativa da Amazônia que cresce até o topo das árvores mais altas da floresta para conseguir luz solar. Nas matas de Rondônia, os membros da Irmandade utilizavam técnicas de escalada e rapel para colher o cipó sem ter que derrubar as árvores em que ele se apoia.Rafael HupselDe acordo com a pesquisa de Hupsel, seja na floresta amazônica ou em um sítio no interior de São Paulo, a colheita do cipó sempre demanda concentração e cuidado, pois "facilita a comunicação com o espírito que habita esta planta".Rafael HupselDiversos grupos ayahuasqueiros, entre eles a Irmandade Natureza Dvina estudado por Hupsel, chamam o desenho formado pelo corte transversal do caule do 'Banisteropsis caapi' de "a rosa do cipó".Rafael HupselO momento de colocar nas panelas as plantas que serão fervidas para se preparar a ayahuasca é extremamente importante para o grupo, relata o pesquisador, que também é autor dos registros fotográficos. Segundo Hupsel, durante um dos rituais de preparo da beberagem na sede da Irmandade, em Mogi das Cruzes, São Paulo, seus integrantes entoam cânticos que invocam a presença dos espíritos considerados donos das plantas que compõem a bebida.Rafael HupselDepois de colhidos, os feixes de cipó são cuidadosamente separados e empilhados para serem macerados para a fabricação da beberagem.Rafael HupselAs folhas da 'Psychotria viridis' são um dos principais elementos que compõem o preparo da ayahuasca. Os integrantes da Irmandade que participam da sua colheita acreditam que esta atividade é acompanhada por diversos espíritos desencarnados, o que explicaria o silêncio predominante durante todo o processo, conta Hupsel.Rafael HupselDepois de colhidas, as folhas passam um período imersas na água, para então serem cozidas junto com o cipó. Na Irmandade Natureza Divina o preparo da ayahuasca é um ritual coletivo e os elementos que o compõe possuem significados profundos para seus integrantes, explica o fotógrafo e autor de dissertação de mestrado sobre o tema, Rafael Hupsel.Rafael HupselNa visão dos membros da Irmandade, ao colocar as plantas no interior da panela para preparar a ayahuasca, a pessoa que participa do seu preparo também coloca nela intenções de cura em forma de energia, que serão absorvidas por todos aqueles que a beberem.Rafael HupselO cozimento do cipó e das folhas para preparar a ayahuasca é, na perspectiva da Irmandade, um momento de intensa troca de energia entre os humanos, as plantas e o líquido que borbulha no interior das grandes panelas de onde sairá a bebida, explica o pesquisador.Rafael HupselPara os integrantes deste grupo ayahuasqueiro, o preparo da ayahuasca envolve a participação direta de espíritos desencarnados que guiam e auxiliam todas as etapas do ritual, desde a colheita das plantas, passando pelo seu cozimento, até o momento de bebê-la. Para os integrantes deste grupo ayahuasqueiro, o preparo da ayahuasca envolve a participação direta de espíritos desencarnados que guiam e auxiliam todas as etapas do ritual, desde a colheita das plantas, passando pelo seu cozimento, até o momento de bebê-la.Rafael HupselPreparar a ayahuasca, na visão dos membros da Irmandade, permite a imersão no universo das plantas e dos espíritos que as habitam.