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Fotorreportagem: a história por trás de frases que mudaram o mundo

São declarações de personalidades da política, cultura, ciência e esporte. Depois delas, nada voltou a ser igual

O eficaz slogan eleitoral que levou Obama à Casa Branca em 2008 foi inspirado no lema usado na década de sessenta por um sindicato de trabalhadores rurais dos Estados Unidos – a maioria latinos, o que explica por que originalmente se espalhou em espanhol: “Sí se puede”. Obama demonstrou que, de fato, podia: ganhou nas eleições. A frase virou exemplo de motivação. Teria um pouco de talismã? Uma variação (“Po-de-mos!”) foi o slogan das transmissões televisivas da Seleção Espanhola durante a Eurocopa daquele mesmo ano, que terminou com um triunfo histórico da Roja; pouco depois derivou no nome de uma agremiação política que tampouco tem do que se queixar. Na imagem, cartaz de campanha com o retrato de Barack Obama e o lema “Yes, we can” pendurado em um poste nos arredores de Chicago, em novembro de 2008.Getty
A frase nem sequer era o título da entrevista que John Lennon concedeu a uma amiga jornalista do ‘London Evening Standard’ em março de 1966; tampouco chamou a atenção quando foi reproduzida, quatro meses depois, pela revista norte-americana ‘Datebook’. Mas Tommy Charles, um radialista do Alabama, a usou como pretexto para atacar a banda britânica, que, segundo alguns setores, estaria pervertendo a juventude dos EUA. Vetos em rádios, a queima de discos e ameaças da Ku Klux Klan acompanharam a turnê norte-americana dos Beatles. Lennon acabou tendo que se desculpar durante uma entrevista coletiva em Chicago, depois de explicar que se referia à popularidade deles entre os jovens da Inglaterra. A frase não acabou com os Beatles (que ainda lançariam mais seis álbuns), mas aquela foi a última turnê de um grupo sufocado, o que privou o mundo de seus shows. Na foto, John Lennon numa entrevista coletiva no aeroporto de Londres, em julho de 1966.Getty
Marie Curie (Polônia, 1867- França, 1934) foi uma feminista de fazer, não de falar. Numa época em que ser cientista transformava a mulher numa avis rara, ela foi a primeira pessoa a obter dois prêmios Nobel (em 1903 e 1911), por diferentes especialidades (Física e Química), e a primeira mulher catedrática da Sorbonne (Universidade de Paris). A frase aqui citada se refere à curiosidade inerente à ciência, mas pode ser extrapolada a qualquer outro terreno: o medo do desconhecido, freio de tantas coisas, desaparece frente ao severo escrutínio da razão e do entendimento. Na imagem, Marie Curie em 1911.
O discurso proferido por Martin Luther King em 28 de agosto de 1963 no Memorial de Lincoln, em Washington, foi um dos acontecimentos cruciais do movimento pelos direitos civis que surgira nos Estados Unidos no final da década anterior. Marcou pelo simbolismo do cenário (aos pés da estátua de Abraham Lincoln, o presidente que 100 anos antes assinara a abolição da escravidão) e pelo caráter poético de breve discurso de 17 minutos, que culminou com o famoso mantra “Eu tenho um sonho”, repetido exatamente nove vezes. Jogando com a ideia do sonho americano, King disse que o seu era o de um país sem diferenças raciais. O ativista foi assassinado enquanto proferia outro discurso, em 1968. Na foto, Martin Luther King acena para a multidão durante a marcha pelo trabalho e a liberdade, no Memorial de Lincoln em Washington, em 1963.Getty
Como tripulante da nave ‘Apollo 11’, Neil Armstrong teve a honra, em julho de 1969, de ser o primeiro ser humano a colocar os pés na Lua. Foi o apogeu da aventura espacial e um marco para toda uma geração: um bilhão de espectadores acompanharam a alunissagem ao vivo pela televisão. O pouso teve impacto em todos os âmbitos, incluindo o da cultura (mas não em 'Space Oddity', de David Bowie, que chegou às lojas oportunamente cinco dias antes do lançamento): os anos setenta se esbaldaram com canções e filmes sobre o espaço e a Lua. Na imagem, uma família de Paris assiste pela televisão ao momento em que Armstrong pisava na Lua, em 21 de julho de 1969.Getty
O muro de Berlim dividiu essa cidade alemã em duas metades entre 1961 e 1989. A frase acima, dita pelo então presidente dos Estados Unidos num discurso próximo ao Portão de Brandemburgo, ao lado do Muro, em 12 de junho de 1987 (sem que o líder soviético estivesse presente), não teve o poder de derrubá-lo, mas amplificou a ideia de que aquela sombria construção era não só uma vergonha para a Alemanha como também um atentado “à liberdade do ser humano”, como disse Reagan. Finalmente, foi a insurgência contra a opressão soviética iniciado na Hungria e na Polônia, seguida pela fuga em ondas de refugiados da Alemanha Oriental, que levou um novo Governo na RDA a abrir as portas e, em novembro de 1989, demolir o muro. Na imagem, Ronald Reagan de pé no palanque com o chanceler da Alemanha Ocidental, Helmut Kohl (à dir.) e o embaixador norte-americano Richard Burt (à esq.), em frente ao Portão de Brandemburgo, em 1987.Getty
A atriz britânica tinha 24 anos quando, em 2014, foi ovacionada na sede de Nações Unidas ao apresentar a campanha HeForShe, que buscava promover a igualdade de gênero e acabar com a discriminação. Enquanto grande parte dos jovens da sua idade têm dúvidas a respeito do que é realmente o feminismo, Watson se declara feminista convicta desde que tem uso de razão. A atriz diz que começou a questionar a igualdade de gêneros aos 8 anos. “Perguntava-me por que me chamavam de ‘mandona’ por querer dirigir uma obra de teatro para os nossos pais, sendo que para os meninos não falavam o mesmo. Então decidi que era feminista. Aparentemente pertenço a esse grupo de mulheres cujas expressões são vistas como muito agressivas, anti-homens e pouco atrativas. Por que a palavra feminista se tornou tão incômoda?” Na imagem, a atriz na cerimônia do prêmio Time 100 de 2015.
Não se sabe bem quando o genial Groucho pronunciou esta frase, nem sequer se a pronunciou mesmo, mas, por causa do seu brilhantismo, tudo gruda nele. Alguns estudiosos que se dedicam a verificar citações afirmam se tratar de uma piada do século XIX, que certamente o comediante norte-americano ouviu e adotou. O fato é que o ditado ainda hoje estampa camisetas, ilustrando com perfeição o cinismo que às vezes domina a política. Na imagem, Groucho Marx, seu charuto e seu bigode, em 1945.Getty
Sua origem está numa viagem especial, mas transcendeu de tal modo essa circunstância que passamos a usá-la, por exemplo, quando o computador trava ou se precisamos de um posto de gasolina e não encontramos. Popularizou-se em 1995, depois de ser dita por Tom Hanks no filme ‘Apollo 13’. Tratava-se de uma recriação bastante fidedigna, já que os astronautas autênticos disseram algo parecido a bordo dessa nave em 1970. “Uh, Houston, tivemos um problema aqui”, informou Jack Swigert ao centro de controle depois de observar uma luz de emergência seguida de uma explosão. Apesar de não ter concluído sua missão por problemas técnicos, a ‘Apollo 13’ voltou à Terra depois de um périplo de seis dias, com seus três ocupantes sãos e salvos. Na foto, os astronautas Fred Haise, Jim Lovell e Jack Swigert após desembarcarem da missão lunar da ‘Apollo 13’, em 1970.Getty
O apelido que lhe deram já era significativo: Ambição Loira. Nos anos oitenta, era muito chamativo que as mulheres tivessem uma ambição, a ponto de ser etiquetada por isso junto com a cor dos seus cabelos, um dado aparentemente relevante, como se a união das duas coisas fosse uma ousadia inconcebível, a qual convinha destacar. Mas o fato é que Madonna é um exemplo de determinação, uma cantora que levou sua carreira para onde quis (quase sempre um passo à frente do resto), que administrou maravilhosamente seus recursos e foi inspiração para milhares de garotas e garotos do mundo todo. Na foto, Madonna durante um show em Roterdã, em 1990.Getty
Num mundo como o do futebol, infestado de megaclichês (“o time está unido”, “futebol é uma caixinha de surpresas”, “dois a um é um resultado perigoso”), uma sentença como a disparada pelo atacante inglês Gary Lineker depois da semifinal contra Alemanha na Copa de 1990 cheira a filosofia da boa. Lineker disse isso depois que os germânicos eliminaram a Inglaterra nos pênaltis, mas apela a um sem-fim de situações que sempre são tidas como certas nesse esporte. No fundo, a Alemanha não ganha sempre… mas quase. Na foto, Gary Lineker atua pela seleção da Inglaterra, durante a Copa de 1990, na Itália.Getty
Incluída em seu ‘Relatório sobre uma investigação do movimento camponês de Hunan’ (1927), ilustra como as revoluções, muitas delas sangrentas, alteraram a face do planeta no decorrer do século XX. A frase tem seu toque de humor chinês, não se pode negar, mas a continuação é muito mais crua: “Uma revolução é uma insurreição, um ato de violência pelo qual uma classe derruba a outra”. Contudo, alguns jantares são tão ruins que causam revolta. Na imagem, Mao Tsé-tung durante uma reunião do Partido Comunista da China.Getty
A bailarina que revolucionou a dança no começo do século XX, introduzindo a abstração e o expressionismo e contrariando o balé acadêmico e clássico, plasmou nessas palavras a sua visão da arte: uma forma de dizer coisas além da capacidade das palavras. Hoje, quando a arte contemporânea se baseia principalmente na experiência visceral e emotiva das obras, suas palavras se revelam proféticas. Na imagem, Isadora Duncan em 1900.Getty
“Cogito ergo sum” é o aforismo em latim que o filósofo francês René Descartes plasmou em seu célebre ‘Discurso do Método’ (1637). A partir dessa evidência – se há algo indubitável nesta vida é que o ser perde a faculdade de pensar ao deixar de existir –, ele desenvolveu sua teoria sobre as certezas e a dúvida metódica, consolidando o racionalismo. Na imagem, edição original do ‘Discurso do Método’ (1637).Getty
A teoria de Picasso sobre o processo criativo pode se aplicar a qualquer âmbito. As boas ideias não servem de nada se não estivermos dispostos a realizá-las; a genialidade precisa ser de algum modo invocada por meio do trabalho. A frase é especialmente significativa por seu autor: às vezes identificamos um gênio da arte mais como um excêntrico que espera languidamente a chegada das musas do que como um batalhador. Na imagem, Picasso em 1951.Getty
A estilista francesa, fundadora da grife Chanel, mudou os rumos da moda, tanto pela transgressão de muitas de suas criações como por sua precoce aposta na diversificação: o Chanel Nº 5, criado em 1921, foi o perfume favorito de Marilyn Monroe e um dos primeiros produtos a selaram uma mais do que rentável aliança entre a moda e as fragrâncias. A citação acima, mencionada na biografia de Chanel escrita em 1971 por Marcel Haedrich, resume a essência da originalidade. Na imagem, a estilista fotografada em Paris em 1936.Getty
Corria 1928, ano de lançamento do seu célebre romance ‘Orlando’, que contém esta frase, quando a escritora inglesa pôs o dedo na ferida. Não se esperava que uma mulher tivesse ideias, e, caso as tivesse e se atrevesse a expressá-las, teria que ser para dar razão a um homem: é o que vem a dizer Woolf, que fala aqui de submissão, dependência, entrega, domínio e repressão. Conceitos que, infelizmente, continuam vigentes em determinados círculos 90 anos depois. Na imagem, retrato da escritora em 1900.Getty
A chanceler (primeira-ministra) alemã foi eleita Pessoa do Ano em 2015 pela revista ‘Time’ justamente por sua política de portas abertas durante a crise humanitária dos refugiados naquele ano. Na época, como agora, a Alemanha era o país da UE que mais emigrantes acolhia. A frase se referia à capacidade do seu país de assimilar a entrada de refugiados. Apesar dos ataques que vinham do seu próprio partido e dos Estados Unidos, Merkel se manteve firme. Em outra ocasião, disse: “No que se refere a uma quota máxima de refugiados, minha posição é clara. Não aceitarei”. Em setembro de 2017, voltou a ganhar as eleições. Na imagem, a chanceler alemã na Berlinale de 2011.
Obviamente, Nelson Mandela falava de mudar o mundo para melhor. A educação é crucial para deixar claro que não devem existir barreiras de gênero, que a pobreza é algo que é preciso erradicar, e que frear a mudança climática é indispensável. Na verdade, o ativista e político sul-africano não disse nada que não soubéssemos, tanto é que diversos regimes tentaram aproveitar a frase para seus próprios interesses, utilizando as salas de aula não para educar, e sim para doutrinar. Na imagem, Nelson Mandela visita a escola Hlengiwe, em Johannesburgo, para estimular os alunos a aprenderem.Getty
Ou dito de outro modo: se você quer que o mundo mude, não espere sentado. Por exemplo, se você quiser um mundo menos corrupto, comece se afastando da corrupção. Se quiser um planeta mais limpo, comece por reciclar o seu próprio lixo. Gandhi encarnou esse envolvimento pessoal em sua luta por libertar o povo indiano da dominação britânica, consumada em 1947. Morreria assassinado um ano depois. Na imagem, Gandhi em Nova Délhi, em 1946.Getty
A citação completa é: “Esvazie sua mente. Deixa-a sem forma, como a água. Quando você coloca a água em um copo, ele se torna o copo. Se a puser numa garrafa, se torna a garrafa. A água pode fluir ou pode se chocar. Seja água, meu amigo”. O mestre de artes marciais, ator e escritor Bruce Lee divulgava assim as teorias do taoísmo, concretamente esta que consiste em aceitar a realidade tal e como é e nos amoldar a ela. Para isso é necessário humildade, algo escasso hoje em dia. Lee disse isso em sua última entrevista para uma televisão, em 1971 (morreu em 1973), e a frase já serviu até para vender carros (a BMW a empregou na campanha do modelo X3). Na imagem, Bruce Lee em uma entrevista televisiva de 1971.
– O autor da frase é, para muitos, o melhor jogador da história da NBA, hexacampeão pelos Chicago Bulls com a impressionante média de 30,1 cestas por jogo. Pois bem, como ele mesmo reconheceu, para chegar a essas cifras precisou errar mais de 9.000 lançamentos, perder quase 300 jogos e desperdiçar 26 vezes a cesta crucial que teria dado a vitória ao seu time. O venerado camisa 23 demonstrou realmente o que é a grandeza dos campeões, uma mistura em partes iguais de modéstia e de reconhecimento de que sem perseverança não há nada. Na imagem, Michael Jordan ostenta a 23 num jogo dos Bulls.Getty
A escritora, pensadora e socióloga norte-americana Susan Sontag plasmou em seus ensaios e artigos uma série de ideias brilhantes e inovadoras sobre a arte, a sociedade e seus demônios. Sua inovadora concepção do gênero e dos papéis sociais de homens e mulheres, condensada nessa frase, resume a vida de uma das mulheres mais deslumbrantemente inteligentes do século XX, que enfrentou com coragem as críticas, a incompreensão e também a doença. Na imagem, a escritora norte-americana em 1972.
O normal é escutar um líder político fazer promessas aos cidadãos (algumas das quais depois não cumprirá), mas em seu discurso de posse, em 20 de janeiro de 1961, John F. Kennedy saiu do habitual: desafiou os norte-americanos a contribuírem de algum modo para o benefício comum. Seus compatriotas encararam o apelo de bom grado, como prova de que Kennedy, apesar do curto mandato de menos de três anos (foi assassinado em novembro de 1963), foi um dos presidentes mais queridos pelos norte-americanos. Na imagem, John F. Kennedy em seu discurso de posse, em 1961.Getty
O duelo entre ciência e religião vem de longe, mas em 2010 o matemático britânico Stephen Hakwing pareceu dizer a última palavra a respeito da existência de Deus. Embora em sua obra ‘Uma Breve História do Tempo’, de 1988, deixasse a porta aberta para a possibilidade de uma criação divina, em ‘O Grande Projeto’, de 2010, ele desprezou essa ideia. A teoria do Big Bang (ou Grande Explosão) tinha começado a tomar forma na década de 1920. As pesquisas de Hawking pareceram dar a resposta mais congruente até hoje para as grandes perguntas a respeito de quem somos, de onde viemos e para onde vamos: foi a física, não Deus, que criou a vida. Na imagem, Stephen Hawking no Festival de Ciência Mundial de Nova York, em junho de 2010.Getty