Síria: seis anos, cinco milhões
Depois de seis anos, milhares de mortos e milhões de refugiados, o conflito parece não ter solução
Seis anos depois do início da guerra na Síria, o que — até o momento — é o conflito mais importante do século XXI, pela duração e as consequências, não tem nenhuma perspectiva de solução. O catálogo de horrores se amplia todos os dias, com crimes de guerra, violações dos direitos humanos — para não mencionar o completo desrespeito a qualquer norma de guerra — e um estratosférico número de refugiados, que já alcança os cinco milhões.
O que começou em março de 2011 como uma revolta contra a feroz ditadura de Bashar al-Assad — que respondeu com uma represália sumamente sangrenta e desproporcional — transformou-se num intrincado conflito. Além das tropas leais a Assad e numerosos grupos rebeldes, os enfrentamentos também incluem o Estado Islâmico (EI), que quer acabar com todos eles, uma gama de milícias islamistas com agenda própria, a guerrilha do Hezbollah (que ajuda Assad), assessores iranianos e a aviação russa — que também apoiam Damasco — e voluntários provenientes de vários países lutando num dos lados. Como se não bastasse, ocasionalmente a aviação israelense bombardeia os comboios de armas que o Hezbollah pretende desviar para introduzi-las no Líbano e usá-las num potencial conflito com Jerusalém.
As imagens de centenas de milhares de pessoas caminhando nas estradas em busca de refúgio, de milhares de moradias destruídas e dos dramáticos resgates de sobreviventes dos bombardeios comoveram a opinião pública internacional, mas não os seus responsáveis políticos, cuja reação tem variado entre a organização de conferências estéreis e a absoluta indiferença.
O fracasso da União Europeia em conseguir que seus membros cumpram o plano de acolhida de refugiados mostra a incapacidade da Europa de abordar essa guerra. Se somamos a isso a impunidade da intervenção russa, resta-nos um panorama desolador sobre o futuro próximo do conflito.
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