NASA divulga primeiras fotos reais do novo sistema com sete planetas
A luz da Trappist-1 levou 40 anos para chegar ao telescópio Kepler, que conseguiu captar alguns poucos pixels
Desde que, há duas semanas, um grupo internacional de cientistas anunciou o descobrimento de um sistema solar com sete planetas como a Terra, tudo o que tínhamos visto eram recriações artísticas e até cartazes promocionais de viagens turísticas imaginárias a esses novos mundos. Agora, a NASA divulgou a imagem real e em movimento da estrela do novo sistema, a Trappist-1, captada graças a seu telescópio espacial Kepler.
A animação mostra a quantidade de luz detectada por cada ponto, em uma pequena parte da lente a bordo do telescópio espacial Kepler, segundo explicação da própria NASA. Como a estrela daquele sistema está a 40 anos-luz, esses brilhos sutis captados pelo telescópio espacial saíram de lá há quatro décadas, mais ou menos quando o Real Madrid contratava Juanito e Jimmy Carter se mudava para a Casa Branca. Ou, como comentou no Twitter o engenheiro da NASA Bobak Ferdowski, um dos responsáveis pela opração do robô Curiosity em Marte, "é estranho pensar onde estávamos quando a luz começou sua viagem (eu não tinha nem nascido)".
A luz da Trappist-1, uma estrela pequena e fria, do grupo chamado anãs vermelhas, é o ponto mais claro no centro da imagem. Para o Kepler, por sua vez, os sete planetas de tamanho semelhante ao da Terra que orbitam essa estrela não foram diretamente visíveis. O que o telescópio consegue captar são as oscilações de brilho da estrela quando seus planetas cruzam o campo de visão, provocando oscilações em sua intensidade.
Os planetas em trânsito - nome que se dá quando eles cruzam entre a estrela e o observador (neste caso, o Kepler) -, bloqueiam uma pequena fração da luz estelar, que produz minúsculas distorções no brilho da estrela. Os telescópios captam essas distorções para procurar planetas de outros sistemas solares, com o método chamado de trânsito, o mais bem-sucedido atualmente para a descoberta de novos mundos. Em 2011, o próprio Kepler já havia revelado, de uma única vez, mais de 1.200 candidatos a exoplanetas usando esta técnica. Por se tratar de um sistema solar muito mais compacto que o nosso, os planeta do Trappist-1 cruzam com muita frequência diante da estrela, proporcionando muitas leituras por parte dos astrônomos. A NASA explica que um planeta do tamanho da Terra que passa na frente de uma pequena estrela anã ultrafria, como a Trappist-1, reduz menos de 1% de seu brilho.
For those following at home, here is the full 79 days of the #K2Mission's look at #TRAPPIST1, including the 5 day safe mode in early Feb. pic.twitter.com/QoPc16ePJx
— Ethan Kruse (@ethan_kruse) March 8, 2017
Desde que, em maio de 2016, foi anunciada a possível existência de três planetas no sistema Trappist-1 (no fim das contas, eram sete), o telescópio espacial Kepler começou a ser preparado para uma investigação mais detalhada daquela parte do cosmos, por meio da missão K2. Como mostra o tuíte do astrônomo Ethan Kruse, graças a ela os cientistas conseguiram 79 dias de observação desses sistema com tantos planetas, entre 15 de dezembro de 2016 e os primeiros dias de março deste ano. As imagens mais luminosas correspondem ao dia 22 de fevereiro, e são elas que estão no vídeo. Além disso, a NASA liberou os dados da observação para cientistas de fãs de astronomia que queiram observá-los e trabalhar com eles.
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